Maratona Oscar: O Brutalista/Cesar Augusto Mota

Maratona Oscar: O Brutalista/Cesar Augusto Mota

Abordagens sobre períodos difíceis e dolorosos da história da humanidade aliados às condições humanas são, na maioria das vezes, atrativas para fãs de cinema e os apreciadores de reconstituições de fatos reais. Uma abordagem profunda munida de oposições entre ideias e as complexas relações humanas dão forma ao filme ‘O Brutalista’, de Brady Corbet. Estrelas como Adrien Brody e Guy Pearce também são outros atrativos, que prometem mexer com as emoções de quem embarcar nessa jornada de três horas e trinta e seis minutos de projeção.

Os acontecimentos se passam em 1947, que ilustram a busca do arquiteto László Tóth (Brody) e sua esposa por reconstrução após a Hungria ser devastada durante a Segunda Guerra Mundial. László recebe uma proposta de Harrison Van Buren (Pearce), de construir um monumento que exalte a América Moderna e todo o seu simbolismo. Mas o que se vê é uma verdadeira oposição entre a arte e a submissão e exploração e poder.

O roteiro é bastante variado e rico em conteúdo, com abordagens sobre capitalismo, perseguição religiosa, traumas do passado e o sentimento de pressão e culpa por ter de entregar resultados em um cenário que vai contra as próprias crenças. A essência criativa de László também é abordada, de uma forma profunda, sutil, e com uma atuação visceral de Adrien Brody, que foi capaz de sensibilizar o público, com a plateia entrando em seu cérebro, visualizando uma série de nós e o cenário complexo para tentar desatá-los.

A fragilidade do psicológico humano combinado com o anseio de vencer é o verdadeiro golpe de mestre do filme, que tem um desfecho positivo para o protagonista. Brody entrega tudo o que se espera dele, com um personagem de vida sofrida e com uma impressionante superação. Já Pearce é um ótimo antagonista, que tenta sugar até a última gota do personagem-central, sendo um personagem ambicioso, sem escrúpulos e com algumas vulnerabilidades.

‘O Brutalista’ vem forte para a atual temporada de premiações, tendo sido indicado em dez categorias do Oscar, como melhor filme, melhor ator, melhor ator coadjuvante e melhor roteiro original. Uma obra que vai além do entretenimento, vale a pena.

Cotação: 4/5 poltronas.

Por: Cesar Augusto Mota

Maratona Oscar: Anora/Tom Leão

Maratona Oscar: Anora/Tom Leão


‘ANORA’: PODE SER O GRANDE AZARÃO DO OSCAR ****

 O diretor Sean Baker, de filmes como o experimental ‘Tangerine’ (filmado com dois iphones) e ‘Projeto Flórida’ (aquele da menininha irritante), com ‘Anora’, nos dá uma espécie de versão mundo real do fantasioso ‘Uma linda mulher’, aos nos mostrar o romance entre um jovem rico e irresponsável e uma garota de programa interesseira. Os dois, após noites de loucuras, acabam se casando em Vegas, e a família do rapaz, oligarcas russos, tenta desfazer o engano. Embora seja, por vezes engraçado, o filme, na verdade, é um drama, que termina de forma melancólica (é um dos melhores finais que já vi, tocante).

O destaque é a maravilhosa novata Mikey Madison, como Anora, simplesmente arrebatadora, que merece ganhar todos os prêmios que vem acumulando com o papel. O filme só não é melhor porque dura um pouco além do que deveria.

 Em cartaz no Brasil, sem chamar a atenção nas bilheterias (entrou na penúltima posição do top ten da ComScore quando estreou e já saiu da lista na segunda semana), ‘Anora’, repentinamente, se transformou num dos filmes mais quentes para ganhar o Oscar principal, o de Filme do Ano, depois que ganhou, em sequência, prêmios equivalentes, tanto no Critic´s Choice Awards (para surpresa geral) quanto do Directors Guild of America. Este ultimo, sim, um termômetro forte para arrebatar o careca dourado, nada de Golden Globes.

Já que, dos últimos 15 filmes que ganharam nesta categoria no DGA, 12 ganharam o Oscar do ano. E com o derretimento do hype do superestimado ‘Emilia Pérez’, por causa dos comentarios infelizes da atriz Karla Sofia Gascón, ‘Anora’ (uma produção independente, feita quase toda na base da vaquinha), que concorre a seis estatuetas da Academia (filme, diretor, atriz, ator coadjuvante, roteiro e edição), tem tudo para ser o grande azarão da temporada. Para mim, sempre foi a aposta certa.

TOM LEÃO

Maratona Oscar/Poltrona Cabine: Conclave/Anna Barros

Maratona Oscar/Poltrona Cabine: Conclave/Anna Barros

O filme fala sobre a morte de um Papa em condições misteriosas e o conclave para a eleição de um novo papa, que segundo a Igreja Católica, é movido pelo Espírito Santo. Só que acontecem coisas que deixam o decano Lawrence com a pulga atrás da orelha: o encontro do cardeal canadenseTremblay com o papa antes de sua morte, o envolvimento do cardeal Adeyemi da Nigéria com uma freira, a hesitação do cardeal americano Aldo e o surgimento de um cardeal mexicano, Benítez, desconhecido que vive em Cabul, Afeganistão e que o papa anterior o apoiou e pagou seu tratamento num hospital da Suíça. 

O cardeal Lawrence é vivido magistralmente por Ralph Fiennes em mais um papel que pode lhe indicar uma indicação ao Oscar. Seu ar contido, misterioso de um cardeal que dúvida de sua fé e faz de tudo para que a escolha seja a mais acertada é realmente estupendo. Ralph é maravilhoso mais uma vez.

Há uma demora na eleição após seis escrutínios e a ameaça de terrorismo através de uma bomba solta nos arredores do Vaticano que destrói uma parte do teto da Capela Sistina e deixa o cardeal Lawrence assustado levando à um extenso debate o que leva os olhos a Benítez, o cardeal mexicano.

Há uma surpresa no conclave e um final surpreendente e inesperado. Excelente atuação também de John Litgow como o cardeal Tremblay e de Isabella Rosselini como uma freira, fundamental para a solução de alguns mistérios da trama.

Linda fotografia, lindo figurino e uma excelente direção de Edward Berger. Conclave deve ser indicado TB a Melhor Filme do Oscar.

Conclave estreia em todos os cinemas brasileiros dia 23 de janeiro.

5/5 poltronas

Maratona Oscar: Elementos/Cesar Augusto Mota

Maratona Oscar: Elementos/Cesar Augusto Mota

Você certamente já ouviu que os opostos se atraem, não é mesmo? E que uma boa comédia romântica deve ter protagonistas com personalidades distintas, famílias que não se gostam e o surgimento do amor em uma situação tida como improvável, certo? A Disney, em parceria com a Pixar, juntou todos esses ingredientes e produziu a animação ‘Elementos’, indicada ao Oscar na categoria de melhor animação. Ela é apontada como uma releitura de ‘Romer e Julieta’, clássico de William Shakespeare, voltada para o público infantil e adulto, mas será que funciona?

Conhecemos a jovem Faísca, que se muda com seus pais, Brasa e Fagulha, após uma tragédia em sua vila, para a cidade Elementos, composta pelos quatro elementos da natureza: ar, terra, fogo e ar. Após um acidente, Faísca conhece Gota, um inspetor de alimentos, e ambos se tornam amigos rapidamente. Com o passar do tempo, eles se apaixonam, mas por serem de espécies diferentes, Faísca precisa esconder o relacionamento, pois sabe que o pai dela não aceitaria alguém tão diferente.

Temas como amor platônico, pressão dos pais sobre os filhos, liberdade de escolha e respeito à diversidade dão o tom da trama, com tudo muito bem abordado e, de quebra, com abordagem sobre as dificuldades que imigrantes enfrentam ao chegarem em grandes metrópoles. O amor fala bem alto e a animação mostra que, apesar das diferenças, Faísca e Gota podem completar um ao outro. Ela, de personalidade forte e resistente a expor seus sentimentos, já ele é bastante sonhador e emotivo.

A representação visual é o ponto forte da animação, com os quatro elementos bem nítidos e com técnicas que realçam seus traços, trazendo mais realismo e fazendo o público crer que tudo que está sendo ilustrado na tela é de verdade. A cidade Elementos é uma grande metrópole, com grandes prédios, com muitas cores vivas e ilustração de um espaço em expansão. Quem vê fica encantado e acredita que irá fazer uma grande viagem ao passar pelos quatro elementos da natureza.

‘Elementos’ é uma obra com uma bonita história, linda visualmente e que certamente vai aquecer e derreter seu coração. Vale a pena.

Cotação: 5/5 poltronas.

Por: Cesar Augusto Mota

Maratona Oscar: Melhor Roteiro Original/Anna Barros

Maratona Oscar: Melhor Roteiro Original/Anna Barros

Os roteiros são ótimos.

Os Banshees de Inisherin fala de uma amizade que acaba do nada. E explora muito bem a temática. Nós últimos dias têm sido o favorito: ganhou o Bafta.

A história da maestrina de TAR que vai ficando cada vez mais androgina e se torna arrogante e deteriora sua saúde mental também é muito bom.

Mas meus favoritos são The Fabelmans de Spielberg e Tudo em todo lugar ao mesmo tempo. A homenagem de Spielberg à família e ao cinema é simplesmente fenomenal pq o roteiro explora muito a metalinguagem, algo novo nos filmes de Spielberg

E Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo tempo fala do metaverso que uma dona de lavanderia chinesa acaba entrando para salvar seu casamento e o relacionamento com a filha, Joy. O roteiro não deixa a trama complexa fugir nem se perder. Você consegue se situar nos vários metaversos. O filme e o roteiro são realmente muito bons. A Academia pode dar o prêmio a esse filme. Tudo em TD o Lugar ao mesmo tempo me pega pela razão e The Fabelmans pela emoção. Filmaços.

Triângulo da Tristeza parece uma versão cinematográfica de White Lotus, a famosa série da HBO Max e demonstra várias nuances que prendem você ao texto. Essa categoria é difícil de cravar. Vamos ver como a Academia irá se sair. No dia 12 de março a partir das 21h com transmissão do TNT da HBO Max.