
Em tempos de isolamento social, temos ouvido expressões que mexem com nosso íntimo e que, sem dúvida, podem fazer a diferença no dia a dia: empatia, acolhimento, amor e esperança. E justamente esses sentimentos traduzem o que o documentário ‘Vidas (in)visíveis – Um Arsenal de Esperança’, de Erica Bernardini. Uma obra instigante, inspiradora e que eleva a alma de quem a acompanha.
A produção é dividida em duas partes. Na primeira, ficamos conhecendo a história da Casa de Acolhimento, o Arsenal da Esperança, fundada por Ernesto Olivero e Dom Luciano Pedro Mendes de Almeida. O local funciona nas antigas instalações da antiga Hospedaria de Imigrantes, em São Paulo e recebe diariamente cerca de 1200 pessoas em situação vulnerável. Na segunda parte, vemos como a casa se preparou para adotar os procedimentos de segurança no combate ao Covid-19, além do trabalho psicológico feito junto aos abrigados, tendo depoimentos de alguns deles, que já pensaram em desistir e deixar o abrigo, por falta de perspectivas para o futuro.
A sequência de depoimentos sobre o funcionamento do Arsenal da Esperança, combinado com músicas ao fundo criaram uma perfeita harmonia para o espectador, que se dá conta da importância do trabalho realizado no local, com colaboradores que dispõem parte de seu tempo para ajudar os abrigados, não só a matar a fome e poder viver embaixo de um teto, como também de suas importâncias no meio social e a viver com mais dignidade, um dos bens mais preciosos que o ser humano pode ter. E o intercâmbio cultural existente, principalmente entre brasileiros e italianos nos ajudam a compreender o papel do Arsenal da Esperança, além de renovar nossas esperanças em relação à humanidade, tão carente de compreensão, afeto e empatia.
Além do acolhimento e da esperança, a fé também é retratada nessa produção. As reações negativas dos abrigados à pandemia mostram que elas sentem medo daquela nova adversidade, e se agarrar à crença é o caminho inicial para muitos deles para viver de uma forma mais harmoniosa e positiva. Algumas palavras são proferidas em forma de poesia, o que acalma e eleva o espírito, e os relatos dos próprios beneficiados e como eles levam a situação nos dão novas esperanças e nos faz colocar dentro da pele deles.
Não estamos sozinhos diante dos dilemas e problemas socio-econômicos do país, o enfrentamento pode se dar da maneira como cada um enxerga o mundo ao seu redor e seus sentimentos pessoais. O documentário nos mostra que devemos encarar e nunca subestimar os problemas, além de aprender com os demais como podemos oferecer conforto e compaixão. Deve-se aproveitar o momento e e nunca esperar, Vidas (in)visíveis – Um Arsenal de Esperança’ é um presente para todos, em especial aos entusiastas pela vida.
Cotação: 5/5 poltronas.
Por: Cesar Augusto Mota