Poltrona Cabine: Uma Segunda Chance para Amar/ Cesar Augusto Mota

Poltrona Cabine: Uma Segunda Chance para Amar/ Cesar Augusto Mota

O período de festas, principalmente o Natal, é o momento para passar junto com a família, agradecer, perdoar e refletir sobre nosso comportamento para com os outros. O Natal costuma despertar o melhor de cada um, elevando seu espírito, mas não é o que acontece de início com a personagem principal de ‘Uma Segunda Chance para Amar’ (Last Christmas), de Paul Feig (Um Pequeno Favor). Estrela de sucessos como ‘Game of Thrones’ e ‘Como Eu Era Antes de Você’ (Me Before You), Emilia Clarke tem a missão de conduzir uma comédia romântica com potencial para aquecer corações em tempos de festividades. Terá êxito?

Inspirada na canção ‘Last Christmas’, de George Michael, a trama nos mostra Kate (Clarke), uma jovem inglesa cuja vida é cheia de adversidades, passando por um momento complicado na vida e completamente desmotivada. Ela trabalha como elfo em uma loja temática de Natal em Londres, e quando conhece Tom Webster (Henry Golding), passa a enxergar a vida sob outro prisma e aos poucos as barreiras que ergueu vão caindo. Kate começa a mudar seu jeito de ser, antes um pouco contido, e consegue cativar mais as pessoas e transformar a relação distante que tinha com sua família, antes distante para algo mais acessível.

O roteiro, assinado por Emma Thompson (Johnny English 3.0), que também atua no filme como Petra, a mãe de Kate, prima não só por focar no romance entre a protagonista e Tom, ele se preocupa em abordar temas como empatia, recomeço, bem-estar e viver intensamente a vida. Num misto perfeito dessas temáticas, organizadas de forma concisa e num ritmo que permita ao espectador acompanhar e sentir o que os personagens experimentam durante a história, o longa oferece momentos leves, divertidos e hilários, principalmente com Kate, uma jovem de bom coração, mas que tem sérios problemas psicológicos e um tanto atrapalhada, tropeçando e caindo em várias ocasiões.

A transformação da personagem central é nítida, não só ela, mas todos ao seu redor mudam quando Kate entende que a vida precisa ser aproveitada de forma ativa e que ajudar o mais próximo torna o mundo e nós mesmos melhores. Se Santa (Michelle Yeoh) tratava Kate apenas como sua funcionária de sua loja, passa a vê-la como grande aliada e recebe ajuda para se aproximar de seu crush, o alemão conhecido como ‘The Boy’ (Peter Mygind), que sempre visitava a loja e fazia questão de somente ser atendido pela proprietária. Os pais, Petra (Thompson) e Ivan (Boris Isakovic), antes distantes, começam a se entender e deixar as diferenças de lado, muito por conta do jeito sarcástico e excêntrico de Petra. E não poderia esquecer da irmã mais velha Marta (Lydia Leonard), cujo convívio com toda a família praticamente não existia e graças à Kate ela volta ao convívio de todos.

Clarke não só carrega o filme nas costas como também mostra sua personagem em momentos inesquecíveis ao lado de Henry Golding. Kate passa a incorporar práticas que antes nem imaginava, como ajudar sem-tetos em um abrigo e mergulha de cabeça no seu sonho, de se tornar uma grande cantora, e nos brinda com belas interpretações das canções de George Michael, que inspirou a produção dessa obra. Somos surpreendidos com uma importante revelação sobre a vida de Kate e a história dá uma importante reviravolta acerca da vida de Tom, que pouco conhecemos, sabemos apenas que é um asiático simpático, que trabalha com entregas e bastante espirituoso, capaz de transformar todos ao seu redor e extrair o melhor de cada um, mesmo que a pessoa não esteja em um bom dia. E o elenco secundário contribui também para o sucesso do filme, com momentos épicos e únicos de Emma Thompson, que se mostra uma mãe desajustada e ao mesmo tempo forte, confidente, uma força-motriz que Kate precisava para alcançar a superação que tanto precisava.

Um filme lindo, envolvente e inspirador, ‘Uma Segunda Chance para Amar’ ilustra que o amor consegue transpor quaisquer barreiras existentes, além de mostrar que se quisermos mudanças, mais empatia e cumplicidade, podemos começar por nós mesmos, dando exemplo que é possível conviver com diferenças, enfrentar adversidades e que jamais estaremos sozinhos. Uma obra para ser vista com toda a família e passar o Natal com os corações mais aquecidos.

Cotação: 4/5 poltronas.

Por: Cesar Augusto Mota