Uma das séries mais comentadas, premiadas e com superprodução de época está de volta. Após dois períodos iniciais bem-sucedidos, ‘The Crown’, criada por Peter Morgan, chega a sua terceira temporada e com elenco renovado. Composto por estrelas como Olivia Colman (A Favorita), Tobias Menzies (Outlander) e Helena Bonham-Carter (Oito Mulheres e um Segredo), a produção da Netflix tem o desafio de trazer ao público uma narrativa atraente, composta por histórias que se sustentem e personagens que consigam prender a atenção do espectador, apesar de trazer alguns fatos não tão conhecidos do público, com exceção da chegada do homem à Lua.
O casal real, agora vivido por Colman e Menzies, consegue imprimir carisma e trazer ao público conflitos psicológicos impactantes, com a primeira sentindo o peso da coroa e o impacto de seu reinado sobre os membros da Família Real, e o segundo, com crises existenciais e de inspiração, indo buscar motivação de todas as formas. Embates com o Primeiro-Ministro também ganham espaço, mas não são tão impactantes quanto os protagonizados por Winston Churchill (John Lithgow). Harold Wilson (Jason Watkins) já causa impacto no primeiro episódio, acusado de envolvimento com a antiga KGB e de ser um traidor da pátria, mas rapidamente consegue contornar o problema e desconfiança que pairam sobre sua reputação e consegue construir um forte laço de confiança com a rainha ao longo da trama.
A terceira temporada percorre o período entre 1964 e 1977, época de grandes transformações sociais e alguns fatos importantes. Dentre eles estão a a tragédia de Aberfan, de 1966, com o rompimento da barragem de uma mina de carvão que vitimou116 crianças e 28 adultos em uma escola numa pequena vila no País de Gales, uma greve de mineiros que afetam a produção de energia em toda a Inglaterra e a morte do Duque de Windsor, em 1972. São acontecimentos pouco comentados, mas não menos importantes para a Coroa Britânica e toda a humanidade, fatos que afetaram toda a realeza e a forma como todos os seus membros devem se portar perante a sociedade.
Não só a Rainha Elizabeth II e o Duque de Edimburgo dão as cartas nessa atual temporada, outros membros da Família Real também ganham destaque e conseguem se destacar durante os episódios, a começar pelo Príncipe Charles (Josh O’Connor). Ele vê sua família interferir em seu relacionamento com Camila Chad, que posteriormente se casou com o cavaleiro Parker Bowles. Além de se sentir pressionado, vive o dilema de ter pouco espaço e visibilidade perante a realeza e sente o peso da coroa, pois não sabe se terá a oportunidade de se tornar chefe de Estado algum dia. E a princesa Margaret (Bonham-Carter) é um show à parte, ela protagoniza momentos hilários diante dos norte-americanos numa tentativa de ajudar a Coroa Britânica a conseguir ajuda financeira do governo estadunidense em virtude da crise econômica que assolava o país, além dos entreveros com seu marido e da pouca visibilidade na Família Real e seu papel com pouco destaque. A todo custo, ela tenta encontrar oportunidades para brilhar, mesmo sabendo que não terá chance de alcançar o patamar ao qual sua irmã mais velha conseguiu.
Olivia Colman impressiona como a rainha Elizabeth II, mais por suas expressões faciais e corporais do que por suas palavras nos momentos que precisa gerenciar crises e mostrar que tem condições de segurar as rédeas e também de ocultar rachaduras na imagem de sua família para evitar que uma possível exposição possa fazer todos caírem. Sua escalação para fazer a protagonista foi uma aposta e que sem dúvida deu certo. O elenco secundário escolhido também apresentou resultados satisfatórios, embora com fatos pouco explorados pela História, mas que serviram para a Coroa Britânica ter aprendizados e encontrar fortalecimento.
Com uma produção pomposa, elenco eficiente e um roteiro que apresenta episódios interessantes e com potencial para serem bem trabalhados, ‘The Crown’ mostra porque é uma série que tem força e com bagagem para outras histórias e com espaço para outras figuras importantes, como Margaret Thatcher e Lady Di, que virão oportunamente. Uma série com todo charme, glamour e que reflete todas os desdobramentos e influências do poder da coroa sobre a Inglaterra e todo o Reino Unido. Sem dúvida uma temporada para ser lembrada por muito tempo.
Cotação: 4,5/5 poltronas.
Por: Cesar Augusto Mota



