Multifacetado e dono de personagens de muito sucesso no cinema, Will Smith está novamente na área. Quem não lembra do agente Jay da trilogia ‘MIB’ (Homens de Preto), que chega a lutar com uma barata gigante? Ou então do detetive Mike Lowrey, que metia bala em todo mundo em ‘Bad Boys’? Nota-se que o ator possui tino para filmes de ação, além de competência para emplacar outros personagens lendários, como Muhammad Ali, o agente Spooner, de ‘Eu Robô’ e também o controverso Hancock, de ‘Esquadrão Suicida’. Desta vez você verá Will Smith enfrentando…Will Smith. Não, você não leu errado, esse é um detalhe de ‘Projeto Gemini’ (Gemini Man), novo longa de Ang Lee (As Aventuras de Pi), uma produção que foca na ação e com grandes efeitos especiais. Mas será que deu pé? Valeu a pena?
A narrativa acompanha Henry Brogan (Smith), um assassino de elite que considera se aposentar após anos e milhares de matanças. Ele se torna alvo de um agente (Clive Owen) de sua antiga agência, que tenta eliminá-lo com um clone mais jovem e ágil dele mesmo. Para descobrir o mistério por trás do perseguidor, ele contará com a ajuda da policial Danny (Mary Elizabeth Winstead) e de seu colega Baron (Benedict Wong). Astúcia e agilidade serão essenciais, mas Henry necessitará de muito mais para sair bem-sucedido de sua missão.
Quem lê a sinopse já fica empolgado e espera encontrar mais um longa de ação com lutas frenéticas, muitas balas, explosões e mortes. Mas, para que tudo funcione e soe interessante para o público, tudo deve começar por uma boa história. O roteiro foi assinado por três profissionais, entre eles Darren Lemke (Goosebumps: Monstros e Arrepios), David Benioff (Game of Thrones) e Billy Ray (Operação Overlord), mas o que vemos é uma sucessão de eventos sem nexo e personagens com pouca profundidade. Os diálogos são intensos e propagam muitos preceitos de cunho filosófico, regados por frases forçadas como ‘ele é o espelho que você não quer ver’, ‘estou cansado de lutar contra os fantasmas do passado’ e ‘abrace o medo e consiga superá-lo’.
O trio do bem, composto por Will Smith (Aladdin), Mary Elizabeth Winstead (Rua Cloverfield, 10) e Benedict Wong (Vingadores: Ultimato), não apresenta interações sólidas e que motivem o público a acompanhá-los ao longo da intensa jornada que se estabelece. Porém, com a entrada do clone na trama, a história ganha um pouco mais de fôlego e o público é brindado com intensas sequências de pancadaria e tiroteio. A resolução do conflito não é a mais positiva, e a reviravolta é um tanto decepcionante. O vilão, Clay Verris, vivido por Clive Owen (Valerian e a Cidade dos Mil Planetas), é unidimensional e bastante raso, que poderia ter sido mais bem trabalhado, com breves sequências sobre seu passado e sua relação com o clone Clay Junior, que é apenas ilustrada no tempo presente.
Se o enredo não é convincente, os pontos positivos dessa obra estão nos efeitos especiais e a tecnologia 3D+ empregada, com projeções de 60 FPS (quadros por segundo), trazendo uma nova experiência visual para a plateia. As imagens são mais realistas, com fagulhas saltando, balas atravessando os corpos e os personagens em grandes momentos de adrenalina, com toda a tensão deles sendo sentida pela proximidade da câmera e a respiração ofegante de cada um deles em um eficiente desenho de som. Ang Lee oferece cenas dignas e empolgantes para o espectador, mas a sensação é a de que dava para entregar muito mais.
Apesar da ótima tecnologia utilizada, de um diretor competente e um elenco composto por nomes de peso, ‘Projeto Gemini’ acabou por ser uma verdadeira colcha de retalhos, com diversos elementos misturados, mas sem a devida sintonia. Uma produção que tinha tudo para dar um grande resultado, mas que lamentavelmente se perde pelo caminho, para a decepção dos fãs do gênero ação.
Cotação: 2,5/5 poltronas.
Por: Cesar Augusto Mota


