Poltrona Séries: Doctor Odyssey/Cesar Augusto Mota

Poltrona Séries: Doctor Odyssey/Cesar Augusto Mota

Filme e séries náuticas estão cada vez mais populares, como ‘S.O.S.: Mulheres ao Mar’ e Vida a Bordo’. Ambas as produções têm um viés cômico, mas como seria uma produção com teor dramático? A Disney+ oferece aos seus assinantes a série ‘Doctor Odyssey’, produzida por Ryan Murphy, que busca oferecer entretenimento e inovação.

A trama se desenrola em um luxuoso cruzeiro, no qual há dezenas de casos inusitados, emergências médicas e belas paisagens. Nesse contexto, o doutor Max Bankman (Joshua Jackson) resolve assumir o posto médico da embarcação The Odyssey, mas acaba por se deparar com situações chulas e insanas, bem como dramas pessoais de passageiros. Junto do capitão Robert Massey (Don Johnson), ele tenta tornar a viagem como mágica e inesquecível para todos os passageiros, em meio aos altos e baixos de cada dia de viagem.

Os diálogos são inusitados, beiram a insanidade, mas não se consegue identificar se se trata de uma série médica ou de uma comédia escrachada, tamanhas são as situações fora do comum ao longo dos episódios e das humilhações pelas quais passam os personagens. O humor é exagerado, as interações são previsíveis e os personagens não são aprofundados como a história pede.

Os atrativos da série são o de contar com artistas conhecidos e as belas paisagens que são contempladas, são formas de compensar as falhas que a obra apresenta. Faltou criatividade, ousadia e dinamismo, muitos episódios parecem que não saem do lugar e não há coerência e autenticidade nas relações interpessoais. Uma produção aparentemente feita às pressas e que não passou por supervisão.

Em meio a tantos altos e baixos, ‘Doctor Odyssey’ poderia ter sido um melhor produto para o espectador, mas vale para quem não se importa com diálogos rasos e quer ver algo considerado leve.

Cotação: 2,5/5 poltronas.

Por: Cesar Augusto Mota

Poltrona Séries: Adolescência/Cesar Augusto Mota

Poltrona Séries: Adolescência/Cesar Augusto Mota

O advento da internet e das redes sociais vêm exercendo grande influência sobre os jovens de nossa sociedade. E até que nível é tolerável? Como evitar que o uso dessas ferramentas venha a virar problema? A série “Adolescência”, da Netflix, aborda esse assunto e traz uma trama policial bastante envolvente, sobre um possível envolvimento de um adolescente na morte de uma colega de escola.

Acompanhamos o garoto Jamie, de 13 anos, acusado de matar uma menina de mesma idade a facadas. Todos querem saber, dos pais à polícia, o que aconteceu? Que motivações um adolescente teria para cometer um crime tão chocante e bárbaro? Sofria bullying? Vivia relações tóxicas em casa e/ou na escola? Possuía algum vício? Aos poucos todas as dúvidas são sanadas durante os quatro episódios da minissérie em um clima de suspense e angustiante.

Um recurso interessante utilizado nesta obra foi o uso do plano-sequência, a gravação contínua das cenas e sem cortes, tudo para garantir a imersão do espectador na trama e explorar sua imaginação. As cenas de Jamie, da ansiedade às lágrimas, tudo é bem articulado, com um grande suspense acerca das provas do crime e do olhar incrédulo dos pais com a situação.

Esta série é um verdadeiro convite à reflexão sobre o cotidiano e o universo no qual os jovens estão inseridos hoje, do fácil acesso à internet, conteúdos de acesso livre nas redes sociais e que muitas vezes molda a opinião de crianças e adolescentes, discursos de ódio e a falta de regulamentação da internet. As atuações são memoráveis, o jovem Owen Cooper se sai muito bem como Jamie e o elenco traz muita autenticidade e dramaticidade ao contexto da história, tudo o que se esperava foi alcançado.

“Adolescência” é uma série instigante, reflexiva e que mexe com os nervos da gente. Ela liga o sinal de alerta acerca do comportamento dos nossos adolescentes e as influências ao redor deles. Uma abordagem corajosa e, sobretudo, necessária.

Cotação: 5/5 poltronas.

Por: Cesar Augusto Mota

Poltrona Séries: On Call/Cesar Augusto Mota

Poltrona Séries: On Call/Cesar Augusto Mota

Toda função social envolve dilemas, desafios, complexidades de um contexto social e o combate a todo tipo de corrupção. E o que dizer se o cotidiano de uma determinada profissão colocar o espectador no centro da ação? ‘On Call’, série da Prime Video, vem com o intuito de ilustrar tudo o que envolve as forças policiais de Long Beach,Califórnia, com um alto grau de imersão do espectador, mas será que funciona?

Dos mesmos criadores de ‘Law & Order: SVU’ e ‘FBI’, acompanhamos o cotidiano de dois policiais, com Traci Harmon (Troian Belisario), uma veterana disposta a transmitir toda a sua experiência, bem como Alex Diaz (Brandon Larracuente), um jovem recruta formado na Academia de Polícia da Califórnia. Ambos passam os plantões juntos solucionando os mais diversos casos, desde furtos até batidas policiais de grande risco.

Durante os oito episódios da série, notam-se as mais diversas perspectivas e experiências dos oficiais, que acabam por se complementarem, além das complexidades, que vão além das suas atribuições e do dever de cumprir a lei. A série procura fazer a abordagem do trabalho da polícia da Califórnia de maneira realista e inovadora, e para isso se utiliza de recursos visuais, além das questões humanas complexas e do dilema em ter de tomar decisões difíceis em face da gravidade da situação e da preservação da ordem.

O uso da câmera na mão e a corporal imprimem urgência e realismo na jornada dos dois oficiais, e as filmagens em grande plano proporcionam uma total imersão do espectador, que não só vê como sente o ambiente, como se realmente estivesse nele. Além da relação da polícia com a sociedade, as políticas internas de uma corporação também ganham espaço e ilustram enormes desafios, não só de proteger a população, como o do oficial em estar altamente preparado e apto para servir a toda uma comunidade.

‘On Call’ é uma série que procura pensar fora da caixa e oferecer uma obra diferente das que já foram feitas sobre séries policiais, não se limitando à abordagem do combate ao crime. Merece toda a atenção e audiência.

Cotação: 5/5 poltronas.

Por: Cesar Augusto Mota

Poltrona Séries: Produção de Sonhos/Cesar Augusto Mota

Poltrona Séries: Produção de Sonhos/Cesar Augusto Mota

Caracterizada por saber explorar o emocional do público e trazer histórias divertidas e reflexivas, a Disney aproveitou um grande sucesso de suas produções e desenvolveu uma série derivada, ambientada entre os eventos do longa-metragem e sua sequência. “Divertidamente”, com todo o seu charme, elegância e criatividade, ganha um spin-off, “Produção de Sonhos” (Dream Productions), para expandir esse cativante universo de personagens que representam as emoções humanas.

Acompanhamos Paula Persimmon, diretora de um estúdio encarregado de criar universos fantasiosos da menina Riley. Pressionada para produzir um grande sucesso, Paula, ao lado de um cineasta ambicioso e sua assistente e possível sucessora. O foco está em explorar o universo adolescente e seus desafios, com humor fora do que o público já viu e muitas questões existenciais a serem exploradas.

O uso de sátiras e uma veia mais cômica são os recursos utilizados para o atingimento de novos públicos, sem se esquecer de fazer referências a “Divertidamente”. A representação do universo de sonhos em estúdio aliado a diálogos com palavras fortes também são interessantes recursos, tendo em vista ser possível retratar o processo artístico com criatividade, com muitas piadas e metáforas.

A abordagem dos desafios no mercado cinematográfico e a mente criativa por trás das produções são abordados de maneira superficial, o que poderia ter sido melhor aproveitado, assim como alguns conflitos entre personagens ao longo dos quatro episódios. Pouco tempo para se aprofundar o arco dramático de cada um e alguns desdobramentos realizados de forma abrupta, sem dar tempo para o espectador acompanhar direito.

Apesar da duração breve, “Produção de Sonhos” conta com personagens carismáticos, muitas ironias e comicidades, além da participação especial das emoções Alegria e Tristeza. Uma série animada que vai além do universo infantil.

Cotação: 4/5 poltronas.

Por: Cesar Augusto Mota

Poltrona Séries: A Máquina/Cesar Augusto Mota

Poltrona Séries: A Máquina/Cesar Augusto Mota

Com um catálogo variado, seja de filmes e séries, e voltado a públicos variados, a Disney+ oferece uma produção que aborda uma história de superação com uma situação dramática em paralelo. A série mexicana ‘A Máquina’(La Maquina) traz Gael Garcia Bernal e Diego Luna como suas principais estrelas e um enredo tenso, instigante e surpreendente. Temas como família, esporte e crime se fazem presentes, mas será que essa mescla de assuntos e a história vão convencer o espectador a acompanhar a série e compactuar com as ideias apresentadas?

Acompanhamos Esteban Osuna (Bernal), conhecido como La Maquina, um famoso boxeador que está com a carreira baixa e vê seu prestígio cair ainda mais após uma derrota acachapante. Com dificuldades para se recuperar e seguir adiante, La Maquina irá contar com a ajuda do empresário e amigo Andy Lujan (Luna), que consegue marcar uma nova luta para tentar uma última vitória antes de se despedir dos ringues. Porém, uma organização criminosa entra na jogada e fará a luta se tornar uma questão de vida ou morte para o lutador, provocando muita apreensão e tensão nele e em toda a família.

A primeira parte lembra o filme ‘Rocky Balboa’, no qual o protagonista está em baixa e tenta encerrar a carreira por cima, mas a ‘A Máquina’ vai além, há todo um drama e tensão por trás, com risco de morte do lutador e a iminência de segredos obscuros sobre sua vida e carreia serem revelados, tendo em vista que a ex-esposa de La Maquina, Irasema (Eiza González), é jornalista investigativa e sua participação na trama será essencial e decisiva para desvendar tudo o que cerca o mundo crime e uma possível ligação com La Maquina.

A série é objetiva, vai direto ao ponto, e conta a história sem rodeios. As ligações entre o protagonista e os personagens secundários são feitas de maneira eficiente, e o acréscimo de um teor dramático, com uma organização criminosa e o mundo das apostas tornou a narrativa ainda mais instigante. Gael Garcial Bernal e Diego Luna, os dois maiores nomes da série, conseguem entregar tudo o que se espera, além de termos grandes reviravoltas e um desfecho satisfatório.

 O fã de histórias sobre esporte e o sedento por um bom drama vai se entusiasmar com ‘La Maquina’. Uma ótima combinação e com alcance para variados públicos.

Cotação: 5/5 Poltronas.

Por: Cesar Augusto Mota