Poltrona Séries: Você-5ª Temporada/Cesar Augusto Mota

Poltrona Séries: Você-5ª Temporada/Cesar Augusto Mota

Quem não curte séries que envolvam intrigas, mistérios e assassinatos, e ainda mais tudo isso ao mesmo tempo? Após quatro temporadas, a série Você (You), da Netflix encerra seu ciclo e o culto a um serial killer tido pelo público como carismático. E qual será o desfecho de Joe Goldberg (Penn Badgley), depois de tantos flertes e várias atrocidades?

Após passar por Londres e de volta a Nova York, Joe aparentemente deu a volta por cima, com uma família estável, a guarda do filho retomada e livre das acusações de assassinato. Porém, com a aparição de Bronte (Madeline Brewer), ex-aluna de sua esposa, Joe reacende sua chama de serial killer, mas não contava com a esperteza da vítima em potencial, que não só monitora, mas tenta arrancar alguma confissão acerca de seu passado tenebroso.

A tentativa de desmascarar Joe com o ressurgimento de sobreviventes das temporadas superiores é um dos atrativos dessa derradeira jornada, e essa emboscada, logicamente, faz o vilão passar por situações que não imaginava. Ideias como machismo, impunidade e normalização de comportamentos abusivos são severamente debatidos, e tudo o que é transmitido ilustra que a ficção não está longe da realidade e que todos devem ligar o sinal de alerta.

A quebra da quarta parede, com Joe confrontando o espectador e questionando se o problema não seria “você” é outro ingrediente que fez essa última temporada ainda mais interessante e com viés filosófico. Não se trata de inocentar Joe e polir sua imagem, mas de mostrar sua verdadeira face e como uma mente tão perturbada pode representar um risco a uma sociedade passiva e conivente com violência e preconceito, principalmente com mulheres. O desfecho é bem honesto, embora previsível.

Uma série envolvente, provocativa e instigante, “Você” termina com chave de ouro e sempre será lembrada pelo seu roteiro novelesco e altamente dramático, além de mostrar porque ainda existe fascínio por séries que apresentam serial killers e seus desvios de personalidade. Quem não viu as temporadas anteriores, vale a pena, uma jornada interessante e com muitas memórias.

Cotação: 5/5 poltronas.

Por: Cesar Augusto Mota

Poltrona Séries: Segundas Intenções/Cesar Augusto Mota

Poltrona Séries: Segundas Intenções/Cesar Augusto Mota

Adaptar um filme de sucesso para uma série na maior parte das vezes não é uma tarefa fácil, mas tem sido a aposta de diversos serviços de streaming. Ícone dos anos 90, o filme “Segundas Intenções (Cruel Intentions)”, lançado em 1999 e cultuado pelo público adolescente da época, agora ganha uma nova estrutura, com personagens parecidos e ambientado 25 anos após os acontecimentos em Manhattan.

A narrativa se passa em Manchester College, uma conceituada universidade em Washington, na qual a boa imagem e reputação predominam. Os meios-irmãos Caroline Merteuil (Sarah Catherine Hook) e Lucien Belmont (Zac Burgess) tentarão de tudo para manter o poder que possuem sobre as fraternidades e irmandades da comunidade acadêmica e manter sob sigilo, a todo custo, segredos obscuros.

Por mais que a produção, roteirizada por Phoebe Fisher e Sara Goodman, tenha trazido referências do longa-metragem e tentado se conectar com um público moderno, acabou por apresentar inconsistências na história e falta de química entre os personagens. Os protagonistas não deixam transparecer a frieza, a sedução e o calculismo de Kathryn e Sebastian, do filme, além de tramas secundárias que pouco acrescentam e nada influenciam na trama principal, da imagem ilibada de Caroline e Lucien ameaçadas.

A centralização da história no sistema universitário foi outro erro, temas importantes como os privilégios a alunos ricos e a toxicidade existente no ambiente acadêmico não ganharam a atenção que deveriam, pecando a produção na superficialidade. A intenção de conexão com novos públicos careceu de uma abordagem com originalidade, com novos elementos e encaixe com o contexto social atual. Apresentar situações dos anos 90, que hoje seriam caracterizadas como assédio e ilustrá-las como naturais, não fazem sentido, e a nova produção não proporciona senso crítico e reflexão aos espectadores.

“Segundas Intenções” agrada pela nostalgia, mas falha na execução, não consegue criar algo impactante para um público novo e não apresenta personagens carismáticos, sedutores e cruéis da obra original. Um projeto desperdiçado.

Cotação: 3/5 poltronas.

Por: Cesar Augusto Mota