Maratona Oscar/Poltrona Resenha: História de um Casamento/Anna Barros

Maratona Oscar/Poltrona Resenha: História de um Casamento/Anna Barros

O filme fala de um casal que decide se separar após a descoberta da traição do marido. Essa poderia ser mais uma história de um casal brigando por um divórcio mas é mais do que isso. Mas vai além disso: há uma discussão de relacionamento profunda entre Nicole e Charlie acrescentando a briga pela guarda do filho, Henry. O filme é tipicamente americano e  parece um Antes do Amanhecer modernizado com um roteiro bem feito e uma direçao bem realizada. Você vê o filme e mesmo eu sendo solteira e nunca ter me casado, me sinto impactada.

As atuações são soberbas. Scarlett Johanson se esforça muito e consegue sua indicação ao Globo de Ouro como Melhor Atriz e torçamos para o Oscar. Adam Driver arrebenta como o marido Charlie. Manipulador, egoísta e egocêntrico que, para não perder em definitivo a guarda do filho Henry, acaba se descascando com uma cebola, perdendo camadas, mesmo, e mostrando seu lado mai sensível e humano. A atuação é magnífica e pode dar arrepios  na pretensões de Joaquim Phoenix como Coringa, também indicado ao Globo de Ouro de Melhor Ator e ao zarão Antonio Banderas por Dor e Glória. A atuação é espetacular, visceral. Outro destaque e pule de dez na categoria Melhor Atriz Coadjuvante é Laura Dern, como a advogada de Nicole que quer tirar o tubos de Charlie e impo~e um discurso de empoderamento feminino e seus direitos. Você vê o filme e já imagina nas premiações que ela irá concorrer. Ela é espontânea, profunda e flui numa dobradinha com Scarlett muitas vezes colocando-na em segundo plano. A atuação de Adam Driver também eclipsa um pouco Scarlett mas ela resiste e brilha também.

No final, percebemos que apesar das brigas e declarações muitas vezes usadas pelos advogado, percebe-se que as duas parte acabam dispostas a se tornarem flexíveis para talvez resgatar seu amor ou preservar a sanidade e um bom ambiente para o filho, Henry.

História de um Casamento teve seis indicações ao Globo de Ouro e pode concorrer ao Oscar, certamente. Será a minha torcida tanto no Golden Globes como no Oscar tamanha a complexidade e o brilhantismo do filme. Mais um gol de placa da Netflix que também concorre com O Irlandês e O Dois Papas em parceria com Fernando Meirelles. A meu ver, melhor que O Irlandês.

Façam suas apostas e corram para ver História de um Casamento onde facilmente o encontramos no vasto catálogo da Netflix.

 

5/5 poltronas

 

http://www.youtube.com/watch?v=uZ0GpIBdsWQ

Maratona Oscar/Poltrona Resenha: O Irlandês/Anna Barros

Maratona Oscar/Poltrona Resenha: O Irlandês/Anna Barros

Se um filme de Martin Scorsese, você para para assistir, mesmo sabendo que a película terá 3h30, o que pe muito longo, mesmo para streaming, onde você parar quando quiser. Mas não pare.Veja direto e terá uma experiência muito melhor.

O que esperar de um filme com Robert De Niro, Al Pacino, Joe Pesci e Harvey Keitel? Sempre o melhor, se é  que isso seja possível. Mas a narrativa é lenta e custa a pegar. Pega no tranco e melhora sensivelmente quando  Al Pacino entra em cena. A história é uma da máfia envolvendo Jimmy Hoffa que já teve seu filme sozinho outrora. Só que deixa a desejar e comparado a O Poderoso Chefão, Bons Companheiros e outros filmes com o mesmo tempo.

Ali se vê a marca de Scorsese: bom roteiro e ação fluida.  E outro adendo: a narração em primeira pessoa.  E mostra três momentos da vida do protagonista, Frank Sherran, vivido por Robert De Niro.  A montagem também é muito boa para poder encaixar três histórias em uma só. O  filme fala de guerra, crescimento na máfia e amizades entre os mafiosos. Além de uma boa contextualização hsitórica com o assassinato do presidente John Kennedy.

De Niro podia dar mais de si, às vezes seu personagem fica ofuscado pelo brilho de Al Pacino e Joe Pesci.

As sequências de silêncio entre Frank e suas filhas, principalmente Peggy que faz vista grossa com a profissão do pai até que uma das mortes a atinge diretamente. Sua filha, Peggy, vivida por Anna Paquin é a única que realmente percebe o que o pai e seus amigos realmente fazem e acaba  ignorando-no com uma determinada observação. O final é simplesmente surpreendente.

Frank vai contando toda a sua vida quando se encontra num asilo, solitário com suas lembranças e pensamentos. A parte psicológica do filme é a melhor, mais que as cenas de violência crua e ação.

Vale a pena assistir! E aguardar as premiações porque O Irlandês deve concorrer ao Globo de Ouro e ao Oscar.

Sinopse: Conhecido como “O Irlandês”, Frank Sheeran (Robert De Niro) é um veterano de guerra cheio de condecorações que concilia a vida de caminhoneiro com a de assassino de aluguel número um da máfia. Promovido a líder sindical, ele torna-se o principal suspeito quando o mais famoso ex-presidente da associação desaparece misteriosamente.

 

Cotação: 3,5/5 poltronas

 

Maratona Oscar/Poltrona Resenha: Parasita/ Cesar Augusto Mota

Maratona Oscar/Poltrona Resenha: Parasita/ Cesar Augusto Mota

Quer um filme com boa dose sarcástica e que faça críticas sociais e mostre que o meio é capaz de influenciar no comportamento humano? Vencedor da Palma de Ouro em Cannes, ‘Parasita’ (Parasite), filme sul-coreano de Bong Joo Ho (O Hospedeiro) vem para impactar e fazer o espectador refletir sobre o capitalismo e a constante luta de classes e suas diferenças.

A história apresenta dois núcleos familiares que vivem realidades diferentes. A família Kim, composta por Ki-taek (Song Kang-ho), o pai; Choong-sook (Jang Hye-jin), a mãe e os filhos Ki-woo (Choi Woo-shik) e Ki-jung (Park So-dam) vivem na escala da pobreza e sobrevivem dobrando caixas de pizza. Do outro lado, os Park, uma família rica e que vive na ostentação, com o pai, o senhor Park (Lee Sun-kyun); a mãe, Yeon-kyo (Cho Yeo-jeong) e os filhos Da-hye (Jung Li-so) e Da song (Jung Hyun-joon). Tudo começa a mudar quando Ki-woo, da família Kim, recebe proposta para trabalhar como professor de inglês na mansão dos Park, e o primeiro núcleo começa a elaborar sucessivos planos para cada membro se inserir dentro da casa dos Park e alcançar uma rápida ascensão econômica. Todos os truques feitos de maneira meticulosa e em dados momentos com requintes de crueldade, tudo para os Kim conseguirem se dar bem, não importa o que fizessem.

O roteiro apresenta de início uma narrativa de ritmo lento, em seguida, após as artimanhas dos Kim, vemos não só diferenças de classes, mas também de personalidades, estes são mais secos e fechados, os Park são mais ingênuos e carismáticos. Do segundo para o terceiro ato, o choque no público, que mostra que os atos definem o destino das pessoas e que a vida cobra de cada um, a depender do que cada um faça e a maneira como leva a vida. O contraste é importante para mostrar o quão é absurda e também a enorme lacuna existente na Coréia do Sul. É  feita uma crítica leve, principalmente na apresentação das casas e dos becos nas periferias de Seul. Os Kim usam de piadas para lidar com os problemas do dia a dia e são mostrados como pessoas ambiciosas e sedentas por melhores condições de vida, mesmo que se utilizem da prática de crimes para alcançar seus objetivos.

Outro ponto importante no longa está no olhar para o futuro e a preocupação de cada um dos Kim ao vislumbrar a possibilidade de mudança de classe. Ki-woo chega a cogitar comprar a casa dos Park e a construir família, ele é o mais lúcido de todos, o ponto fora da curva. Do lado dos Park, impressiona a inocência de Yeon-kyo e a relação amistosa com seus empregados, os antigos e também com os Kim, sem suspeitar do que eles tramavam contra sua família. O espectador sente empatia pelos Park e por alguns membros dos Kim, méritos do diretor que conseguiu construir um perfeito contraste entre a classe burguesa e a pobre e ilustrou com precisão o quão dura a realidade pode ser, principalmente no momento em que um forte temporal tomou conta do país.

Com bom equilíbrio entre humor e drama, ‘Parasita’ oferece uma trama envolvente, impactante e que fará o público fazer importantes comparações e interpretações acerca de panoramas sociais tão distópicos, tanto na sociedade oriental como ocidental. Um estudo social importante e necessário nos dias de hoje.

Cotação: 5/5 poltronas.

Por: Cesar Augusto Mota

Maratona Oscar/Poltrona Cabine: Link Perdido/ Cesar Augusto Mota

Maratona Oscar/Poltrona Cabine: Link Perdido/ Cesar Augusto Mota

Boa parte das animações que acompanhamos não só nos divertem como nos faz deparar com importantes mensagens sobre a vida e o convívio em sociedade. E não é diferente em ‘Link Perdido’, animação do estúdio Laika, em parceria com a Disney, que já produziu ‘Coraline e o Mundo Secreto’ (2009), ‘Paranorman’ (2012), ‘Os Boxtrolls’ (2014) e ‘Kubo e as Cordas Mágicas’ (2016). Mas essa receita também resultará em sucesso sobre um dos mais famosos mitos, o do Pé Grande?

Um dos grandes investigadores de mitos e monstros do mundo, sir Lionel Frost (Hugh Jackman) se vê em um dilema, o de não ser levado a sério por seus colegas e ter barrada sua filiação ao clube de caçadores e lendas. Disposto a mostrar ainda mais força, ele desafia o presidente da organização e tem a intenção de provar que existe o Elo Perdido entre homem e macaco. Mas no meio do caminho terá que se desvencilhar de cúmplices do líder do clube para tentar se sair bem-sucedido em seu objetivo, que se cruza com o de Senhor Link (Zack Galifianakis), que é o de voltar para o convívio de seus ancestrais, nas montanhas do Himalaia.

A animação é feita em stop-motion, com uma grande beleza estética e movimentos sincronizados dos personagens. Os cenários variados contribuem para o dinamismo da aventura, que se inicia no Velho Oeste, passa por Londres, um antigo templo na índia até chegar às montanhas geladas do Himalaia, destino final da história e local onde o Senhor Link deve desembarcar. Suas motivações, apesar de diferentes, acabam por encontrar uma linha em comum, o sentimento de pertencer a um grupo, ou seja, encontrar seu devido lugar no mundo.

Os vilões são um tanto canastrões e pouco trabalhados, e logo são esquecidos durante a trama, cujo foco é o deslocamento de sir Lionel, juntamente de Adelina Fortinight (Zoe Saldana), seu apoio moral, além do Senhor Link. Há poucas reviravoltas, os desdobramentos são previsíveis e a solução do conflito final é demasiadamente fácil, o que significa um balde de água fria em uma narrativa emocionante. Mas esses problemas são compensados com o humor de Link, que vai pelo sentido literal das palavras e pouco entende o que os humanos falam, além de seu jeito estabanado, sempre esbarrando nas coisas e sua personalidade sensível, quebrando a imagem de criatura agressiva que se poderia ter de um Pé Grande.

Se a história de ‘Link Perdido’ não impressiona e por representar mais do mesmo, sua estética, o carisma dos personagens-centrais e a veia cômica são elementos compensadores e proporcionam uma boa diversão, principalmente ao público infantil, que vai se encantar com o Senhor Link e torcer para sir Lionel enfim se encontrar.

Cotação: 3,5/5 poltronas.

Por: Cesar Augusto Mota

 

 

Maratona Oscar/Sessão de Matinê: “Toy Story 4”

Maratona Oscar/Sessão de Matinê: “Toy Story 4”

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Por Gabriel Araujo

Retomo a coluna “Sessão de Matinê” em caráter excepcional e extraordinário para falar de uma das sagas cinematográficas mais importantes para minha vida. Tenho sido um adorador de “Toy Story” há 21 anos (todo o tempo que vivi, em suma). Apesar de não possuir mais um videocassete, guardo com carinho minha fita de “Toy Story 2”, uma das principais companheiras da minha infância. Há quase dez anos, quando vi “Toy Story 3” no cinema, chorei copiosamente – e não sou de chorar com filmes, tanto que essa foi a última vez que o fiz. Assim, naturalmente corri para o cinema tão logo “Toy Story 4” foi lançado, e aqui vão minhas impressões – gostei, mas não a ponto de chorar.

A sensação que o quarto filme da série deixa é, de fato, de ponto final, especialmente para Woody, seu protagonista desde 1995. Um final ok, mas que talvez desagrade a alguns fãs mais ardorosos. Eu, inicialmente, não gostei, mas consegui digeri-lo aos poucos e acho, por fim, que foi algo correto para Woody, sempre colocado como um brinquedo com a necessidade de atender a alguma criança – Andy e Bonnie, seus donos, que fique claro. De qualquer forma, o melhor é que cada um tire suas próprias conclusões ao assisti-lo.

O que realmente me incomodou em “Toy Story 4”, portanto, não foi o final, mas o enredo centrado somente em Woody. Os outros brinquedos, outrora figuras excelentes para o dinamismo da trama, ficaram completamente escanteados. Personagens como Buzz Lightyear e Jessie, por exemplo, são coadjuvantes de luxo, enquanto talvez nem dê para dizer o mesmo de brinquedos marcantes, como o casal Cabeça de Batata, Rex, Slinky e Porquinho, que aparecem apenas para que o espectador não sinta que sumiram totalmente. Faltou certa sensibilidade para com esses personagens, principalmente se esse de fato for o final da saga.

Entre as novas caras apresentadas pelo longa, Garfinho, que coprotagoniza a animação, já deixa uma excelente marca. Sua conexão com o lixo é um dos pontos divertidíssimos do filme. Será muito bem lembrado pelos fãs. Já Gabby Gabby não faz uma vilã tão marcante quanto Lotso, de “Toy Story 3”, ou Mineiro/Pete Fedido, de “Toy Story 2”, nem gera bons plot twists – acho, pois, que ficou um tanto abaixo.

O balanço é de um bom filme, mas não o melhor da saga. Traz ares ótimos de nostalgia desde o começo, com “Amigo Estou Aqui” tocando diante do papel de parede de céu do quarto de Andy e com Betty reaparecendo; mostra a excelente evolução dos longas da Disney/Pixar, com uma invejável qualidade gráfica; dá um final aceitável a Woody. Mas não marca tanto quanto “Toy Story 2”, para sempre o melhor deles, e nem emociona como “Toy Story 3”. Talvez o sarrafo esteja muito alto, dada a comparação com os antecessores, e eu esteja pedindo demais a um filme que atende bem ao que se propõe. Posso errar clamorosamente ao compará-lo tanto com as produções da saga, mas não consigo deixar de fazê-lo – dito isso, e como a opinião é pessoal, este fã esperava um pouco mais, e sentiu que alguns arrepios que os outros filmes causaram ficaram, neste, muito limitados aos “flashbacks”, especialmente no início. Nada, porém, que faça de “Toy Story 4” um filme ruim ou que manche a saga – vale a pena, sim, conferi-lo.