O Beijo no Asfalto ganha sessão e debate neste sábado, dia 23

O Beijo no Asfalto ganha sessão e debate neste sábado, dia 23

O Pontos MIS, programa de difusão cultural do MIS – instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo – realiza semanalmente a exibição digital de um filme seguido de bate-papo ao vivo no canal do YouTube do MIS. A edição deste sábado, 23 de maio, apresenta em parceria com a distribuidora ArtHouse, o longa nacional “O beijo no asfalto”, longa de estreia de Murilo Benício na direção, baseado na peça homônima escrita por Nelson Rodrigues. Após a exibição online do filme (que acontece às 16h, mediante inscrição prévia neste link), acontece, às 18h, bate-papo ao vivo com o público no Canal do museu no YouTube, com mediação de Vanise Carneiro (atriz, diretora, educadora e preparadora de elenco) e participação especial de Augusto Madeira (um dos atores do longa), Pablo Ribeiro (responsável pela montagem do filme) e Eduardo Bordinhon (ator e pesquisador de cinema).
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Sobre o filme

O beijo no asfalto (Dir. Murilo Benício, 98’, Brasil, 2017, Drama) Baseado na peça homônima escrita por Nelson Rodrigues. Ao presenciar um atropelamento, Arandir, um bancário recém-casado, tenta socorrer a vítima, mas o homem, quase morto, só tem tempo de realizar um último pedido: um beijo. Arandir beija o homem, mas seu ato é flagrado por seu sogro Aprígio e fotografado por Amado Ribeiro, um repórter policial sensacionalista. O longa recebeu O Prêmio de melhor filme na 7ª edição do International Filmmaker Festival of New York e o Prêmio de Outstanding Achievement in Acting para Lázaro Ramos. Seleção oficial da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.

Sobre a ArtHouse
Distribuidora com atuação no mercado de salas de cinema desde 2008. Dedicada aos filmes de arte, traz em seu catálogo títulos como A História da Eternidade, de Camilo Cavalcante; Big Jato, de Cláudio Assis; A Família Dionti, de Alan Minas e A Erva do Rato, de Julio Bressane. Dentre os lançamentos mais recentes estão o premiado documentário Um Filme de Cinema, de Walter Carvalho; O Beijo no Asfalto, de Murilo Benício; Fevereiros, documentário estrelado por Maria Bethânia; Vergel, de Kris Niklison, com Camila Morgado (coprodução Brasil-Argentina);  Pastor Cláudio, de Beth Formaggini, Auto de Resistência, de Natasha Neri e Lula Carvalho e Relatos do Front, de Renato Martins. Seus próximos lançamentos são: Piedade, de Cláudio Assis; Música Para Quando as Luzes se Apagam, de Ismael Caneppele, e DNA Abdelmassih, de Luiz Cláudio Latgé.

Sobre o #MISemCASA

A campanha #MISemCASA traz novos conteúdos em diferentes formatos em todas as plataformas digitais do MIS. Diariamente, o canal do Museu no YouTube apresenta conteúdos de seu acervo, além de programações que já aconteciam no Museu e agora passam a ser realizadas digitalmente, como o #CineCiência e o Ciclo de Cinema e Psicanálise. O público também pode conferir novas programações como o Cinema de Acervo, mostra semanal inédita com uma seleção de filmes brasileiros que integram o Acervo do MIS e o Bate-papo de Cinema Pontos MIS. No Acervo online, os visitantes encontram informações sobre os itens que compõem os acervos museológico e bibliográfico do MIS e, em alguns casos, têm amplo acesso ao conteúdo das coleções de fotografia, áudio e vídeo. O #MISemCASA acontece em conjunto com o #Culturaemcasa, criada pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado no dia 18 de março, após a suspensão do funcionamento de seus espaços culturais e programas em decorrência da Covid-19. A ação tem como objetivo estimular o distanciamento social por meio da ampliação do acesso e da oferta de conteúdos virtuais das instituições, corpos artísticos e programas do Estado. Conheça a ação #Culturaemcasa: cultura.sp.gov.br/culturaemcasa/.

Sobre o Pontos MIS

O Pontos MIS é um programa de formação e difusão cultural com atuação em todo o Estado de São Paulo, realizado pelo MIS em parceria com prefeituras locais. Com filmes, oficinas práticas e palestras, o programa tem como objetivo formar novos públicos para o cinema brasileiro e internacional não comercial. Durante a contenção da Covid-19, a programação acontece virtualmente nos canais do MIS.

Serviço

BATE-PAPO DE CINEMA PONTOS MIS – O BEIJO NO ASFALTO

DATA: 23.05.2020
HORÁRIO EXIBIÇÃO: 16H
(mediante inscrição prévia neste link)
BATE-PAPO: 18h
(bate-papo ao vivo com o público no Canal do Museu no YouTube).

#MISEMCASA

Poltrona Cabine: O Beijo no Asfalto/ Cesar Augusto Mota

Poltrona Cabine: O Beijo no Asfalto/ Cesar Augusto Mota

Um filme bastante ousado, com atmosfera noir, prima pela metalinguagem e aborda assuntos que estão até hoje nas mais diversas rodas de discussão. ‘O Beijo no Asfalto’, baseado na peça homônima escrita em 1961 por Nelson Rodrigues, marca a estreia de Murilo Benício na direção, em uma produção que é um verdadeiro deleite para os olhos do espectador e que, sem dúvida, vai ficar por muito tempo na boca do povo, principalmente no que concerne à maneira como a obra foi construída.

A narrativa traz a história de Arandir (Lázaro Ramos), um homem que realiza um ato de misericórdia ao dar um beijo na boca de um homem desconhecido que estava prestes a morrer após ser atropelado por um lotação. A partir daí vemos Amado Ribeiro (Otávio Müller), um jornalista disposto a trazer a notícia, criando uma fake news para conseguir  mais repercussão e, consequentemente, vender mais jornal. Além dele, o incidente foi presenciado pelo sogro de Arandir, Aprígio (Stênio Garcia), que nutre muito ódio por ele e possui uma relação controversa com a filha Selminha (Débora Falabella), esposa de Arandir. Nessa atmosfera atribulada, a vida de Arandir vira um inferno, com a perseguição da polícia e da mídia, prejudicando seu casamento e a relação de amor e confiança com Selminha.

A forma como Benício escolheu para trazer esse enredo ao espectador foi de um extremo bom gosto, com uma mescla entre a produção da história feita no teatro e depois adaptada para a televisão. A conexão e a descontração dos atores em uma mesa redonda para ensaiar as falas são flagrantes e causam grande comoção, e nela estão dois grandes ícones que brilharam centenas de vezes nos palcos e dão o ar da graça nessa obra, como Fernanda Montenegro e Amir Haddad. É a arte falando da própria arte, com o público observando a montagem dos cenários, os ensaios dos atores, a equipe de filmagem de preparando para as cenas e o preto e branco na tela com clima de produção de época. Sem dúvida, uma obra de tom incrível e que foge do convencional e com assuntos cada vez mais atuais.

O ritmo apresentado no filme é frenético, na medida em que a história vai se desenrolando, o sentimento de desespero de Arandir se aflora, o espectador consegue se inserir na trama e nos convencemos acerca dos conflitos pelos quais passa o protagonista, como a questão de sua sexualidade posta em dúvida, um suposto adultério e também a fidelidade dele para com sua esposa. E outro quesito importante é até que ponto um profissional de imprensa pode ir para alcançar audiência e prestígio. Nos dias atuais, tudo isso ainda é latente, ainda mais com a existência das redes sociais, que podem acabar com a dignidade de um ser humano, além de lhe provocar feridas e expô-las ao público.

As atuações são brilhantes. Lázaro Ramos faz o espectador se sensibilizar e ficar estarrecido com as perseguições que acaba sofrendo da polícia e dos órgãos de imprensa, que o tratam como criminoso e uma aberração. Débora Falabella convence como Selminha, a mulher que sofre todas as atrocidades e brutalidades dos oficiais, além de ter sua mente afetada com todo o imbróglio no qual seu marido se envolve. E Otávio Müller representou com perfeição um repórter fissurado por fama e holofotes, e suas atitudes ilustram a que muitos profissionais de imprensa ilustram hoje em dia.

Com algumas alterações, mas sem perder a essência de Nelson Rodrigues, Benício consegue levar ao público uma obra que provoca emoção, reflexão e paixão pela sétima arte, tamanha a delicadeza com a qual a história foi tratada e a precisão em sua construção. Quem já teve contato com as obras de Rodrigues vai se surpreender positivamente com o resultado desse filme, mas quem nunca teve a chance de apreciar os textos e todo o legado deixado por Nelson Rodrigues, essa é uma grande oportunidade. Não perca!

Cotação: 4/5 poltronas.