Uma nova comédia regada por um grande suspense e com duas mulheres unidas por um mesmo motivo. ‘Disque Amiga para Matar’ (Dead to Me), dirigida por Liz Feldman (2 Broke Girls), nova série da Netflix e composta por 10 episódios de cerca de 30 minutos, traz Linda Cardellini e Christina Applegate na pele de duas mulheres que juntas vão viver enormes agruras e manterão os espectadores curiosos e agoniados com os desdobramentos dessa primeira temporada.
A produção nos apresenta inicialmente a Jen (Applegate), uma corretora de imóveis que ficou viúva e agora passa a criar seus dois filhos ao mesmo tempo que tem que superar a morte de seu marido, atropelado em uma estrada durante uma madrugada. Em um grupo de autoajuda, ela conhece Judy (Cardellini), uma mulher de grande empatia e ao mesmo tempo fechada, que provoca uma sensação de conforto. Consequentemente, elas se tornam amigas inseparáveis, mas Judy acaba por não revelar tudo sobre seu passado, e ao longo dos dez episódios será descoberto um lado diferente e desconhecido dela.
Os primeiros três episódios possuem um ritmo mais cadenciado e servem para construir o universo das duas personagens e como elas conseguem se manter unidas, para, em seguida, envolver o espectador e prepará-lo para grandes reviravoltas que irão ocorrer adiante. O roteiro é dotado de uma estrutura sólida, com personagens de objetivos bem definidos e com uma dinâmica capaz de manter o público interessado pela história que vai explorar alguns temas, como o luto, o sentimento de culpa, a maternidade e a responsabilidade nas relações profissionais e familiares.
O humor utilizado é o daqueles bem rasgados, com Jen e Judy enfrentando situações hilárias no que concerne à idade delas e o que já vivenciaram na vida, além do encontro de gerações e como elas encaram a forma como os jovens enxergam o mundo de hoje, principalmente Jen na relação com o filho Charlie (Sam McCarthy), de 14 anos. E o suspense também dá o tom, quando vemos um grupo de investigadores em ação na busca pelo autor do homicídio de Ted, marido de Jen. Quem acompanha logo descobre quem é, mas a expectativa fica se os detetives conseguirão chegar perto e enfim prender o criminoso, e uma grande pista vai deixar o público mais ansioso pelo desfecho da investigação.
As atuações das duas atrizes tão são outros atrativos. Christina Applegate, também produtora executiva da série, demonstra uma personagem de grande carga emocional, com descontrole em vários momentos, mas capaz de controlar a raiva, a tristeza e o desejo por justiça. Já Cardellini é seu contraponto, é aquele mulher mais despreocupada, mas no tocante ao seu passado ela se mostra descompassada, acuada e prestes a revelar todos os segredos e mentiras que a circundam. E o elenco de apoio também chama a atenção, com as rebeldias de Charlie e a confusão acerca da fé do pequeno Henry (Luke Rosseler).
Uma produção que possui de tudo um pouco e que brinda o espectador com um humor subversivo e duas protagonistas envolventes, cativantes e com muito a transmitir, além de um pouco de suspense policial, que muita gente aprecia. Uma relevante e interessante experiência.
Cotação: 4/5 poltronas.
Por: Cesar Augusto Mota