Poltrona Cabine: Medo Profundo-O Segundo Ataque/ Cesar Augusto Mota

Poltrona Cabine: Medo Profundo-O Segundo Ataque/ Cesar Augusto Mota

Apresentar ao público um thriller de sobrevivência com muita tensão e alta adrenalina já é uma tarefa complexa, e lançar uma sequência com potencial para manter o sucesso é ainda mais. Em 2017, o diretor Johannes Roberts apresentou ‘Medo Profundo’ (47 Meters Down), que garantiu uma audiência surpreendente. Agora está prestes a chegar ‘Medo Profundo: O Segundo Ataque’ (47 Meters Down:Uncaged), continuação com premissa semelhante e um novo ambiente. O título pode até causar arrepios e deixar os espectadores ansiosos, mas nem sempre o que se espera realmente acontece.

A história se passa na Península de Yucatã, no México, com quatro adolescentes explorando as ruínas de uma cidade submersa, mas acabam se perdendo em meio a uma caverna cheia de labirintos. As amigas Mia (Sophie Nélisse), Sasha (Corinne Foxx), Alexa (Brianne Tju) e Nicole (Sistine Stallone) terão que descobrir a saída do local e uma forma de escapar de perigosos tubarões brancos presentes na região, mas terão de lidar com a escassez de oxigênio e o percurso por caminhos estreitos, de difícil acesso.

O início da narrativa apresenta o relacionamento difícil entre as irmãs Mia e Sasha, além do bullying sofrido pela primeira na escola. Já a família não enfrenta problemas, tudo está na mais perfeita harmonia, e num fim de semana as amigas Alexa e Nicole resolvem arrastar Mia e Sasha para um passeio do lado oposto da cidade, num mergulho que pode ser um acontecimento épico e único na vida de todas elas. Mas são surpreendidas primeiramente por um peixe cego que emite um forte som, mesmo no fundo do mar, e o barulho acaba por atrair os tubarões brancos, fortes predadores que, mesmo com pouca visão, se guiam pelo cheiro das presas e o barulho. A primeira parte é bem construída, mas o que vem a seguir já começa a decepcionar.

Por se tratar de um longa que envolve terror, violência e sangue, o público espera membros decepados e sangue jorrando, o popular gore. Porém, não é o que acontece, os ataques são discretos e algumas sequências não são críveis, principalmente no tocante à diminuição de oxigênio, mas esses problemas são contornados pelo ritmo intenso das personagens e a iluminação embaixo d’água, sem artificialidade. Em dados momentos há espaço para as personagens e também o público ganharem novo fôlego, há superfícies que podem ser alcançadas e as cabeças serem colocadas para fora da água enquanto buscam uma saída.

O clímax se dá de forma satisfatória, mas a conclusão da história desafia a lógica, o diretor opta mas por divertir o público do que mostrar ações que façam sentido, e isso acaba por funcionar bem. A sensação de que o filme poderia ter apresentado muito mais é a que fica, mas é um bom produto para o entretenimento.

‘Medo Profundo: O Segundo Ataque’ é uma boa diversão para quem curte filmes com predadores e luta por sobrevivência, mas está longe do clássico ‘Tubarão’ e obras similares, e peca pela preguiça do roteiro e na falha de execução das ações.

Cotação: 3/5 poltronas.

Por: Cesar Augusto Mota