
Séries policiais e investigativas podem já estar batidas para algumas pessoas, mas e se o foco da obra não fosse a descoberta do verdadeiro autor do crime e sim o crescimento pessoal do investigador? Baseado no best-seller homônimo de Holly Jackson, “Manual de Assassinato para Boas Garotas”( A good Girl’s Guide to Murder), da Netflix, possui um toque de suspense juvenil, que se concentra em uma adolescente obstinada a desvendar um crime bárbaro em Little Kilton, uma pequena e pacata cidade inglesa.
A jovem Pippa (Emma Myers), 17 anos, resolve investigar a suposta morte de Andie Bell (India Lillie Davies), que ocorrera cinco anos antes após desaparecer repentinamente e seu namorado Sal (Raul Pattini) ter confessado o crime de homicídio antes de se suicidar. Sem confiar na versão da polícia acerca do caso, Pippa resolve explorar as inconsistências apresentadas nas investigações e utiliza o assassinato de Andie como pano de fundo para seu trabalho de conclusão de curso.
Não existe uma ruptura na estrutura clássica de uma obra investigativa, vemos checagem de pistas, o popular quadro com recortes de jornais e fotos de suspeitos, bem como linhas e setas traçadas para apontar conexões entre todos até chegar ao culpado, além dos interrogatórios, mas o que vemos é uma adolescente que resolve por si assumir as buscas por uma solução mais plausível, pois encontrou inconsistências em algumas provas na investigação oficial. Além disso, constatamos uma protagonista disposta a assumir os riscos que sua vida ocorre após reabrir um caso bárbaro e o dever de lidar com o criminoso no clímax da história.
Como dito inicialmente, vemos a evolução pessoal da personagem-central, que aprende a lidar com seus instintos, ouvir suas intuições e confiar em seus métodos investigativos para achar o verdadeiro autor do crime. E entendemos essa vontade de Pippa pois ela tinha uma ligação com a vítima e uma atitude de Pippa levou Andie até Sal, o principal suspeito conforme a investigação anterior. A história é dinâmica, pois são seis episódios com duração de quarenta e cinco minutos cada, o que evita pontas soltas na trama.
A história é sutil, bem amarrada, mas devido ao ritmo frenético, a história acaba por ficar prejudicada, pois os arcos dos personagens secundários não são bem desenvolvidos e muitos deles possuem apenas entradas pontuais na narrativa, o que prejudica o realismo do enredo. A experiência do espectador tem saldo positivo, um bom drama adolescente e uma investigação bastante tensa e envolvente, com um desfecho improvável e surpreendente. E, apesar dos problemas, a atuação de Emma Myers, que já havia se destacado em Wandinha, é o ponto alto, ela consegue mostrar a grande evolução que sua personagem teve ao longo dos seis episódios, como conseguiu proporcionar momentos de tensão, leveza e muito suspense até a resolução do caso.
“Manual de Assassinato para Boas Garotas”, apesar dos altos e baixos, é uma ótima opção não só para quem é fã de dramas adolescentes, mas também para os amantes de uma boa trama investigativa. Vale a pena.
Cotação: 4/5 poltronas.
Por: Cesar Augusto Mota