Poltrona Cabine: Te Peguei!/ Cesar Augusto Mota

Poltrona Cabine: Te Peguei!/ Cesar Augusto Mota

Sabe aquela comédia nonsense que proporciona risos o tempo todo? E de quebra baseada em uma história real e recheada de frenéticas cenas de ação? Assim é ‘Te Peguei’ (Tag), filme dirigido por Jeff Tomsic (Broad City), com roteiro baseado em um artigo publicado em 2013 no Wall Street Journal e adaptado para as telonas por Rob McKittrick (A Hora do Rango) e Mark Steilen (Mozart In The Jungle). O longa chega com a intenção de entreter e com a premissa de que vale tudo para vencer em um jogo que já dura décadas.

A trama traz um grupo de cinco amigos, Jerry Pierce (Jeremy Renner), Hogan “Hoagie” Malloy (Ed Helms), Bob Callahan (Jon Hamm), Kevin Sable (Hannibal Buress) e Randy “Chilli” Cilliano (Jake Johnson), que se reúne sempre no mês de maio para dar continuidade a um jogo de pega-pega que iniciaram quando ainda eram crianças, mais precisamente quando tinham nove anos. Após trinta anos, cada um seguiu um rumo diferente, mas inspirados pelo lema “nós não paramos de brincar porque envelhecemos, mas envelhecemos porque paramos de brincar”, eles ainda se encontram para manter viva a tradição. O jogo do ano coincide com o casamento de Jerry, o único do seleto grupo que ainda não foi pego. Hoagie tem um objetivo em mente, o de finalmente pegar Jerry, que planeja se aposentar após este ano, a fim de manter seu recorde perfeito e considera o matrimônio o momento ideal para acabar com a invencibilidade do amigo.

A história real que é dramatizada é interessante, recursos como cenas em slow motion e alguns monólogos internos são utilizados para tornar a brincadeira ainda mais dinâmica e manter a atenção do espectador. O roteiro foge da previsibilidade e investe na criatividade ao colocar diversas situações que os amigos passam para poder dar continuidade ao pega-pega, vale até mesmo blefar para poder pegar o companheiro desprevenido. E situações até mesmo de perigo são introduzidas para ilustrar que o grupo de amigos leva mesmo a brincadeira a sério e que vale a pena não só se divertir, mas também estar junto. Os atos da narrativa são bem distribuídos, os personagens são carismáticos e desenvolvidos sem rodeios. As ações, do meio para o fim, são exageradas, mas nada que prejudique a proposta do longa, de divertir e arrancar risos.

O elenco é outro ponto alto, principalmente os personagens de Jeremy Renner e Ed Helmes. O primeiro por mostrar um homem esperto e destoante do grupo, isso por saber defesa pessoal, ter um porte atlético e uma inteligência elevada. Já o segundo lembra o protagonista de ‘Se Beber não Case’, um personagem caricato, líder do grupo e ao mesmo atrapalhado, mas capaz de cativar a todos. O núcleo feminino, apesar de ter pouco espaço na trama, também tem seu brilho. Isla Fisher chama a atenção como Anna, uma mulher intensa, extravagante e principal motivadora de Hoagie e o grupo. Além dela, Leslie Bibb, a Susan, a noiva de Jerry, protagoniza momentos hilários, principalmente em um momento que antecede o casamento e que mexe com os brios de todos. Para finalizar, Annabelle Wallis também ganha importância como Rebecca, a repórter do Wall Street Journal, disposta a encontrar uma grande pauta e peça-chave para que a narrativa evolua e encampe para um desfecho surpreendente.

Se você curte um filme de narrativa simples, divertida e quer rir para valer, ‘Te Peguei’ é o ideal para você. Assista e se divirta muito!

Cotação: 4/5 poltronas.

Poltrona Resenha: Em Ritmo de Fuga/ Cesar Augusto Mota

Poltrona Resenha: Em Ritmo de Fuga/ Cesar Augusto Mota

A música e o cinema representam uma combinação perfeita, não é mesmo? E o que você acharia de um filme que trouxesse uma trilha sonora para cada cena e de acordo com as situações e estado de espírito dos personagens? Assim é ‘Em Ritmo de Fuga’, o novo filme do diretor Edgard Wright (Scott Pilgrim Contra o Mundo) com um contexto composto por perseguições policiais, intrigas, romance e muitas reviravoltas.

Baby (Ansel Elgort) é um jovem que perdeu os pais muito cedo num acidente e que sofre de problemas auditivos. Muito por conta dessa deficiência, ele passou a se conectar ainda mais com a música e seu passatempo predileto é ainda mais acentuado quando está ao volante. A partir do momento em que se envolve com uma organização criminosa chefiada por Doc (Kevin Spacey), Baby se torna o piloto de fuga e participa de assaltos intensos e loucas perseguições.

Apontado pelo chefe como talismã, Baby vê sua responsabilidade aumentar ainda mais diante das missões, assim como cresce a confiança entre ele e Doc. Além dele, se destacam no grupo o casal Buddy (Jon Hamm) e Darling (Elza Gonzalez), Griff (Jon Bernthal) e Bats (Jammie Foxx), que desconfia bastante das habilidades de Baby e das atitudes do garoto durante a história.

Com o passar do tempo, nota-se que Baby não está tão eufórico com sua nova rotina e pensa em largar o trabalho, e quando se envolve com Débora (Lily James), uma jovem que trabalha como garçonete e também apaixonada por música, a vida de Baby dá um giro de 180º e sua vontade de deixar o mundo do crime parece que vai se consumar, mas o envolvimento com a organização de Doc e uma nova missão, a de roubar uma agência dos Correios, torna tudo ainda mais difícil. Baby se vê numa enorme cilada, e um grande dilema surge para ele: como largar tudo e ficar com Debbie?

Do meio para o fim da narrativa, muitas surpresas surgem, várias reviravoltas acontecem e as músicas que são executadas trazem mais emoção, até o desfecho. A sinergia entre cada canção e a cena que está se desenrolando é de impressionar, isso promove uma capacidade maior de envolvimento do espectador com a narrativa, além das emoções que os personagens transmitem. Como dito antes, a trilha sonora é o ponto alto, mas também o roteiro e a direção de arte, ambas de impressionar. O que parece ser mais um filme de perseguição e tiroteio traz muito além de tudo isso, e tem de tudo um pouco, humor, ação, amor e um final para deixar todos de queixo caído. E as batidas e explosões que acontecem foram cirúrgicas e muito bem produzidas, tudo muito alucinante e eletrizante.

As atuações de todo o elenco também são ingredientes para o sucesso do filme, principalmente de Lily James e Ansel Elgort, a sincronia e parceria que os dois demonstraram durante a trama é para se aplaudir de pé, e mesmo sendo um personagem criminoso, você torce para que Baby e Debbie fiquem juntos, você não olha para os dois com reprovação, apesar de ser um relacionamento que teoricamente não daria certo. E o desdobramento das ações de Buddy e Bats também foram primordiais para que a produção tivesse esse rumo, um filme de ação envolvente e com muitas peripécias. Parabéns também para Jon Hamm e Jammie Foxx.

O diretor Edgard Wright fez um excelente trabalho, que muito mais aventuras como essa surjam no futuro e que sejamos agraciados com mais filmes criativos, emocionantes e cenas alucinantes. ‘Em Ritmo de Fuga’ chegará aos cinemas brasileiros em 27 de julho, com distribuição da Sony Pictures. Imperdível!

 

 

Por: Cesar Augusto Mota