Poltrona Cabine: Animais Fantásticos-Os Crimes de Grindelwald/ Cesar Augusto Mota

Poltrona Cabine: Animais Fantásticos-Os Crimes de Grindelwald/ Cesar Augusto Mota

Para a alegria de muitos fãs, o universo de magia que faz parte de uma das franquias de maior sucesso de bilheteria e vendagem de livros está de volta. Após o grande sucesso de ‘Animais Fantásticos e Onde Habitam’, a continuação da saga vem a todo vapor, com novos personagens e mais obstáculos para Newt Scamander (Eddie Redmayne) enfrentar.

Dirigido por David Yates (A Lenda de Tarzan), ‘Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald’ mostra Scamander se reencontrando com os companheiros Jacob (Dan Fogler), Tina (Katherine Waterston) e Queenie (Alison Sudol) e sendo recrutado em seguida pelo seu antigo professor em Hogwarts, Alvo Dumbledore (Jude Law), para enfrentar o terrível bruxo das trevas Gellert Grindelwald (Johnny Depp), que escapou da custódia da MACUSA (Congresso Mágico dos EUA). Deter Grindelwald seria primordial para evitar que o vilão use Credence (Ezra Miller) como sua arma e atinja seu objetivo, o de expor a comunidade mágica para dominar a comunidade trouxa.

O roteiro, escrito por J.K. Rowling, autora da franquia Harry Potter, se preocupou em inserir pouco mais de vinte novos personagens e aprofundar a relação entre Dumbledore e Grindelwald, que já o havia enfrentado em uma batalha épica, considerada a maior de todos os tempos, em 1945. Além disso, há claríssimas referências ao universo de Harry Potter, como a Escola de Magia Hogwarts, o Espelho de Osejed (A Pedra Filosofal), o feitiço do Voto Perpétuo (O Enigma do Príncipe), entre outros, causando uma bela sensação de nostalgia aos apaixonados pela saga, mas as novidades realmente são poucas.

No filme anterior, ‘Animais Fantásticos e Onde Habitam’, víamos um Scamander tímido e mais à vontade ao lado de criaturas fantásticas do que próximo a seres humanos, agora essas criaturas ficaram mais escassas nessa continuação e poucas interações com os bruxos. O destaque fica com Zouwu, um monstro composto por um rosto de gato e um corpo de dragão, de bela aparência e que sempre chamava a atenção quando aparecia. Mas para por aí, a trama fica mais complexa e densa devido à enorme quantidade de personagens, várias subtramas são desenvolvidas, causando cansaço e confusão na mente das pessoas, o que poderia ser melhor distribuído, talvez em próximos filmes, mas tudo condensado em uma só produção.

Se há confusão entre histórias, o plano visual é belíssimo, com show de efeitos especiais, explosões estrondosas e um excelente conflito que envolve Credence na reta final faz o espectador levantar da cadeira e torcer para o próximo filme ser melhor do que foi visto. E por falar em Credence, sua subtrama é a mais bem desenvolvida, com uma sequência de varinhas impressionante, e o personagem mostrando muita ousadia, inteligência e força. Senti falta em ver Newt Scamander brilhar mais, como no primeiro filme, mas quem rouba a cena é Jude Law, juntamente de Johnny Depp. Law apresenta um personagem que transmite segurança, é autêntico e uma figura importante na condução da trama até Grindelwald, vilão, por sinal, bem interpretado por Depp. Só sua presença já mostra imponência, em um visual incrível, pálido e com olhar fulminante. Grindelwald apresenta um monólogo demasiadamente longo, mas com discurso poderoso e de causar arrepio em quem para acompanhar. O roteiro acerta em dar holofotes a ele, assim como a Dumbledore.

Um filme bonito visualmente, mas confuso em seu enredo. ‘Animais Fantásticos: Os Crimes em Grindelwald’ acerta parcialmente em sua proposta, em trazer de volta alguns elementos do universo Harry Potter, mas falha ao tentar trazer novidades, poderia ter acontecido de forma mais precisa, mas na dose certa.

Cotação: 3,5/5 poltronas.

Por: Cesar Augusto Mota

Poltrona Cabine: Assassinato no Expresso do Oriente/ Cesar Augusto Mota

Poltrona Cabine: Assassinato no Expresso do Oriente/ Cesar Augusto Mota

Está chegando ao circuito nacional mais um filme baseado em livro, cujo foco é a resolução de um crime, com diversas pistas, vários suspeitos e um detetive com muita astúcia, excentricidade e perfeccionismo. De quebra, uma representação elegante dos anos 1930 e um elenco de peso, estou falando de Assassinato no Expresso do Oriente, inspirado na obra homônima de Agatha Christie e dirigida por um cineasta cometente e responsável pelo sucesso de franquias como Thor e Cinderela.

Logo de cara já somos apresentados ao personagem principal da história, que começa a resolver um caso de roubo de um importante artefato em Jerusalém, com três suspeitos postos lado a lado em frente ao Muro das Lamentações. Com seu jeito peculiar, Hercule Poirot, interpretado por Kenneth Branagh, que também dirige o longa, nos surpreende por seus procedimentos precisos e nada convencionais e convence o público com seu jeito sério, sedento por perfeição e com boas doses de humor. Quem acompanha já compra seus métodos e vê tudo isso posto à prova após o detetive viajar no Expresso do Oriente na esperança de ter três dias de folga e chegar ao seu destino, mas se deparar com o assassinato a facadas do mafioso Edward Ratchett (Johnny Deep), que já possuía um passado para lá de tenebroso.

O elenco é composto de grandes nomes, como Josh Gad (A Bela e a Fera), Penélope Cruz (Vicky Cristina Barcelona), Michelle Pfeiffer (Mãe!), Willem Dafoe (A Culpa é das Estrelas) e Daisy Ridley (Star Wars: O Despertar da Força), mas os arcos dramáticos dos personagens interpretados por eles não são tão explorados como o do detetive Poirot, que até demonstra uma mudança drástica de postura, sem justificativa aparente. E eles ficam tanto tempo sumidos da tela que em dados momentos nos esquecemos que os atores estão na trama, tão complexa e de complicada resolução.

O enredo apresenta uma história envolvente, com ótimos ingredientes, atuações excepcionais e uma profundidade inimaginável, não dá para perder nenhum detalhe e tampouco descartar qualquer suspeito pelo assassinato de Ratchett. Na medida em que o detetive Poirot vai encontrando mais pistas e interrogando os acusados, mais difícil fica a resolução do caso, cada personagem carrega um segredo que pode fazer o jogo mudar, mas sempre que achamos que a solução vai aparecer, algo novo surge e ficamos ainda mais tensos. A aposta numa história complexa e cheia de percalços foi quase certeira, o ritmo cai muito do meio para o fim e o desfecho deixa a desejar, com a sensação de que o filme não está completo, além de uma sensação de leve desconforto.

Como pontos positivos, além da atuação de Branagh, temos uma excelente fotografia, bem como uma eficiente direção de arte, que remonta muito bem a década de 1930, com um Expresso do Oriente suntuoso e ambientes bens construídos, como as cabines dos passageiros, além de corredores estrondosos e uma vibrante trilha sonora. Um filme que apresenta elegância, vibração e o mistério como bom fio condutor, mas que perde na reta final da trama. Uma viagem boa que o espectador faz, com uma conclusão decepcionante e com algumas lacunas.

Fãs de literatura e de um bom filme de mistério, não vá com tanta sede ao pote, ‘Assassinato no Expresso do Oriente’ é um bom filme, mas não entrega tudo o que poderia ao seu espectador. Vamos aguardar pela sequência, ‘Morte no Nilo’, que deverá explorar muito mais as características e as virtudes do detetive Hercule Poirot e trazer um enredo ainda mais dramático e situações cômicas e com maior profundidade. Aguardar e conferir.

Avaliação: 3/5 poltronas.

 

 

Por: Cesar Augusto Mota