JARDIM DOS DESEJOS estreia nos cinemas nesta quinta-feira

JARDIM DOS DESEJOS estreia nos cinemas nesta quinta-feira

Pandora Filmes é a responsável pela distribuição do drama, o primeiro em sete anos do celebrado diretor Paul Schrader a receber lançamento comercial no Brasil
Trailer: https://youtu.be/-rNXVCCBZ5s

Artista autoral que contribuiu para moldar a Nova Hollywood a partir dos roteiros de “Taxi Driver” e “Touro Indomável”, ambos dirigidos por Martin Scorsese, o americano Paul Schrader também construiu uma trajetória influente como realizador, sendo o responsável por clássicos como “Gigolô Americano”, “A Marca da Pantera” e “Mishima: Uma Vida em Quatro Tempos”. Em fase revigorada em sua carreira, Schrader terá o seu primeiro filme desde “Cães Selvagens” a receber passagem comercial pelos cinemas brasileiros. Com distribuição da Pandora Filmes, JARDIM DOS DESEJOS estreia exclusivamente nos cinemas nesta quinta-feira, 30 de maio, nas seguintes praças: São PauloRio de JaneiroAraraquaraBelémBelo HorizonteBrasíliaCampinasCuritibaFlorianópolisGoiâniaNatalNiteróiPorto AlegreRecifeRibeirão PretoSalvadorSão CarlosSão José dos CamposSão Luís e Vitória.

Estrelado por Joel Edgerton, Sigourney Weaver e Quintessa Swindell, JARDIM DOS DESEJOS teve a sua première mundial no 79.º Festival Internacional de Cinema de Veneza e versa sobre temas que são uma constante na filmografia de Paul Schrader, colocando Narvel Roth (papel de Joel Edgerton) confrontando um passado como supremacista do qual quer se dissociar.

Embora inicialmente não tenha pensado em conceber uma trilogia, JARDIM DOS DESEJOS fecha um ciclo iniciado em 2017 com “Fé Corrompida” (indicado ao Oscar de Melhor Roteiro Original e vencedor do Independent Spirit Award de Melhor Ator para Ethan Hawke) e continuado com “O Contador de Cartas”, de 2021. Assim como os protagonistas nessas obras prévias, temos uma audaciosa abordagem das narrativas de “homem em um quarto” de Schrader, onde uma figura solitária, lutando com seu passado e se escondendo atrás de seu trabalho diário, aguarda por mudanças.

Se em “Fé Corrompida” explorou o universo do catolicismo e das crises ambientais e em “O Contador de Cartas” é exibido os truques por trás daqueles que vivem de apostas, em JARDIM DOS DESEJOS adentramos as particularidades da jardinagem com o propósito de estabelecer metáforas sobre a América contemporânea.

A jardinagem é uma metáfora particularmente rica, tanto positiva quanto negativamente. Comecei a perguntar a razão desse jardineiro ser tão recluso. A partir daí, pensei no Programa de Proteção a Testemunhas, e novamente você se pergunta, ‘por que ele está no programa?’ Isso evoluiu para a ideia de que ele era um matador de aluguel“, revela Schrader sobre o processo criativo de JARDIM DOS DESEJOS.

O filme marca a sua primeira colaboração com o ator australiano Joel Edgerton. O diretor e roteirista revela que “queria alguém que tivesse um pouco do Robert Mitchum nele – alguém com quem você não gostaria de brigar em um bar. Eu queria aquela aparência física americana dos anos 1950, e Joel já fez isso antes em ‘Guerreiro’, de 2011.” 

Já em departamentos técnicos, conhecidos recentes voltam a contribuir com Paul Schrader, como o diretor de fotografia Alexander Dynan, ao qual elogia afirmando ser “meticuloso de uma maneira que eu não sou. Ele passa pelo roteiro criando seus próprios storyboards, gráficos e designs. Em outros projetos, trabalhei com diretores de fotografia que não te cobrem tão sistematicamente como alguém como Alex. Se eu cometer um erro, Alex estará lá para percebê-lo.” Há também reencontro com o editor Benjamin Rodriguez Jr. (o mesmo de “Cães Selvagens”) e a designer de produção Ashley Fenton (de “O Contador de Cartas”). 

A passagem de JARDIM DOS DESEJOS pelo Festival de Veneza também marcou a entrega para Paul Schrader do Leão de Ouro por sua carreira, que neste ano completou 50 anos de contribuições. Em sua tradicional lista anual, o cineasta e escritor John Waters elegeu JARDIM DOS DESEJOS como o terceiro melhor filme do último ano.
Sinopse
Narvel Roth (Joel Edgerton) é o meticuloso horticultor dos Jardins Gracewood. Ele é tão dedicado em cuidar dos terrenos desta bela e histórica propriedade quanto em agradar sua empregadora, a rica viúva Sra. Haverhill (Sigourney Weaver). No entanto, o caos invade a existência espartana de Narvel quando a Sra. Haverhill exige que ele aceite sua problemática e conturbada sobrinha-neta Maya (Quintessa Swindell) como nova aprendiz, desvendando segredos sombrios de um passado violento enterrado que ameaçam a todos eles.

Ficha Técnica
Direção: Paul Schrader
Roteiro: Paul Schrader
Produção: Amanda Crittenden, David Gonzales, Scott LaStaiti
Elenco: Joel Edgerton, Sigourney Weaver, Quintessa Swindell, Esai Morales, Eduardo Losan, Victoria Hill, Amy Le, Erika Ashley, Timothy McKinney, Jared Bankens, Matt Mercurio
Direção de Fotografia: Alexander Dynan
Desenho de Produção: Ashley Fenton
Trilha Sonora: Devonté Hynes
Montagem: Benjamin Rodriguez Jr.
Figurino: Wendy Talley
Gênero: drama, suspense
País: Estados Unidos
Ano: 2022
Duração: 111 minutos

Sobre a Pandora Filmes
A Pandora é uma distribuidora de filmes independentes que há 35 anos busca ampliar os horizontes da distribuição de longas-metragens no Brasil, revelando cineastas outrora desconhecidos no país, como Krzysztof Kieślowski, Theo Angelopoulos e Wong Kar-Wai, e relançando clássicos memoráveis em cópias restauradas, de diretores como Federico Fellini, Ingmar Bergman e Billy Wilder. Sempre acompanhando as novas tendências do cinema mundial, os lançamentos dos últimos anos incluem “O Apartamento”, de Asghar Farhadi, vencedor do Oscar de Melhor Filme Internacional; “The Square: A Arte da Discórdia”, de Ruben Östlund, vencedor da Palma de Ouro em Cannes; “Parasita”, de Bong Joon Ho, vencedor da Palma de Ouro e do Oscar; o tunisiano “O Homem que Vendeu Sua Pele”, de Kaouther Ben Hania, e “A Felicidade das Pequenas Coisas”, uma grande surpresa do cinema do Butão, ambos indicados ao Oscar de Melhor Filme Internacional; “Apocalypse Now: Final Cut”, a obra-prima de Francis Ford Coppola; “Roda do Destino”, de Ryusuke Hamaguchi, vencedor do Grande Prêmio do Júri no Festival de Berlim; mais os brasileiros “Deserto Particular”, de Aly Muritiba, e “Uma Família Feliz”, de José Eduardo Belmonte, dois grandes sucessos aclamados pela crítica.
Poltrona Cabine: Jardim dos Desejos/Cesar Augusto Mota

Poltrona Cabine: Jardim dos Desejos/Cesar Augusto Mota

“A jardinagem é uma metáfora particularmente rica, tanto positiva, quanto negativamente.” Esta afirmação do cineasta Paul Schrader ilustra que a arte de cultivo e cuidados com plantas mostram semelhanças com a vida real, seja por existirem situações agradáveis e merecedoras de curtição, ou de segredos obscuros que seriam ervas daninhas que precisam ser desfeitas e resolvidas de uma vez por todas. ‘Jardim dos Desejos` é um longa cheio de percalços, reflexões e aprendizados que Schrader oferece ao espectador.

Narvel Roth (Joel Redgerton) é um meticuloso horticultor de Gracewood Gardens, bastante dedicado em cuidar da propriedade e em agradar a senhora Norma Haverhill (Sigourney Weaver). O caos começa a se instalar quando Norma exige que Roth aceite Maya (Quintessa Swindell), sua problemática sobrinha-neta, como aprendiz. Um passado violento e sombrio é aos poucos revelado, sendo uma grande ameaça a todos eles.

O recurso de voice over utilizado por Roth não só serve para situar o espectador, como também para fazer um paralelo entre jardinagem e mundo real, com comparações entre a nomenclatura das plantas e situações do cotidiano. O ambiente de Gracewood Gardens, composto por uma estufa e um labirinto recheado de plantas e flores, é uma espécie de alívio para quem acompanha, antes que algum segredo seja revelado. A trilha sonora também é uma válvula de escape, bem como os planos abertos e com pouca luminosidade.

O sentimento de pertencimento a um grupo, a cumplicidade e o amadurecimento são outros temas abordados e ocorrem principalmente pela interação entre Roth e Maya. A relação entre eles, inicialmente entre professor e aprendiz, ganha novos contornos e vemos um crescimento vertiginoso na reta final. A química entre os personagens funciona e a resolução dos conflitos se dá de forma simples e direta, sem rodeios e longe da opção pelo fácil.

A expressão de nossos sentimentos pode se dar por meio de um ofício, e em “Jardim dos Desejos” vemos por meio da jardinagem, que despertou o que havia de melhor nos personagens-centrais, e que serviu para ajudar a desencadear conflitos. Vale a jornada.

Cotação: 5/5 poltronas.

Por: Cesar Augusto Mota