Poltrona Séries: Geek Girl/Cesar Augusto Mota

Poltrona Séries: Geek Girl/Cesar Augusto Mota

Em um mundo cada vez mais exigente e competitivo, no qual há padrões de aparência e comportamento pré-definidos, a autoaceitação e busca por um lugar no mundo se fazem cada vez mais constantes. E não poderia ser diferente no mundo do entretenimento, com histórias que exploram todo esse universo e presentes no audiovisual, seja em filmes ou séries. Com bastante apelo popular, “Geek Girl”, da Netflix, com dez episódios curtos de trinta minutos, vem com uma proposta não só de entreter, mas de cativar o público com sua história e protagonista. Será que o resultado foi satisfatório?

Inspirado no best-seller homônimo de Holly Smale, acompanhamos Harriet Manners (Emily Carey), uma adolescente de quinze anos desajeitada e alvo de bullying na escola, vê sua vida mudar de forma drástica quando é descoberta por um agente de modelos durante uma excursão escolar e é lançada no glamouroso e desafiador mundo da moda. Harriet passa por uma dura transição e descobre que nem tudo são flores, tendo que enfrentar os percalços da adolescência, bem como as exigências de um mercado desafiador e implacável.

A narrativa possui um ritmo fluido e apresenta uma protagonista cheia de energia e muito otimista, apesar dos olhares desconfiados de seus colegas de escola, que a enxergam como uma garota esquisita. A importância da construção de amizades, a luta por espaço no mercado de trabalho, formas de se vencer as dificuldades da vida e o amor próprio são bem explorados ao longo dos episódios, e é possível evidenciar que a personagem-central é cativante e com senso de humor, apesar de sua dificuldade em interagir com as pessoas. O elenco de apoio complementa a protagonista, e vemos belas lições de companheirismo, respeito e tolerância.

A neurodivergência de Harriet é abordada de forma leve e cuidadosa, sem a pretensão de rotulá-la como uma pessoa autista. O foco da série é destacar as lutas e triunfos da protagonista, com sua individualidade e resistência devidamente evidenciadas. Além de uma boa história, com pitadas de comédia e drama, houve a preocupação em mostrar que somos únicos e com compreensão e tolerância é possível viver em harmonia. Harriet encanta a todos, nos brinda com suas habilidades na escola e nas passarelas, além de nos surpreender com suas reações quando aprende coisas novas sobre trabalho, amizade e armadilhas que a vida nos prepara.

“Geek Girl” chega para conquistar o público com um enredo divertido, personagens vibrantes e uma protagonista carismática, com uma abordagem direta, simples e importantes lições: não é necessário ser igual aos outros para se encaixar em um círculo social, e sim agir com naturalidade e simplicidade. E não é necessário fazer nada para agradar aos outros, basta ser você mesmo.

Cotação: 5/5 poltronas.

Por: Cesar Augusto Mota