Poltrona Cabine: Beatriz/ Cesar Augusto Mota

Poltrona Cabine: Beatriz/ Cesar Augusto Mota

“Até onde você pode ir por amor? De que você é capaz de fazer pela pessoa que ama? Iria até as últimas consequências? Essas três perguntas poderiam soar como clichê, mas fazem parte do enredo dessa produção Portugal-Espanha e com um casal brasileiro como protagonista. ‘Beatriz’, de Alberto Graça (O Dia da Caça), aborda questões como erotismo, prazer e liberdade feminina também são abordados, mas esses ingredientes serão suficientes para sustentar uma trama com premissas interessantes?

O filme traz o casal Beatriz (Marjorie Estiano) e Marcelo (Sérgio Guizé), que largam o Brasil para viverem juntos em Lisboa. Ela trabalha como advogada, ele é um escritor de contos eróticos de uma revista. A rotina do casal é movida a provocações e sexo em locais públicos. Marcelo publica publicado um livro que gerou crise no casamento, e depois tem a chance de poder lançar um segundo livro, mas ele usa a história do casal como inspiração. Ele larga seu emprego na revista e passa a se se dedicar ao novo livro., mas ele precisará que a esposa, que está grávida, vivencie novas experiências eróticas com ou sem ele para auxiliá-lo a construir uma história de sucesso.

A primeira pergunta feita até que é bem respondida durante a história, mas o que se vê é a submissão de Beatriz a tudo o que o marido quer e ele não possui tanta paixão que se esperava que pudesse ter. Marcelo é tão complexo que inicialmente se mostra firme em sua proposta, mas se perde ao longo da trama e só no fim ele se restabelece e retorna para seu objetivo principal, o de publicar um livro com histórias interessantes e apimentadas para seus leitores, mas tudo baseado no que ele experimentou ao lado de Beatriz.

Se o personagem de Guizé decepciona, Marjorie apresenta uma personagem com diversas camadas, dotada de sensualidade, elegância, fragilidade e força nos momentos mais dramáticos. Ela encara uma Beatriz difícil de ser interpretada e capaz de segurar a trama, apesar dos diálogos rasos e em profundidade. O elenco de apoio não dá suporte à trama principal, há atores portugueses desconhecidos do público brasileiro, como Beatriz Batarda, Luís Lucas, Margarida Marinho e Paulo Pinto. Há a encenação de uma peça que adapta o romance original, uma espécie de metalinguagem,  mas há problemas de encaixe com os eventos principais e a trama fica com uma lacuna, que sequer é preenchida.

A fotografia é bela e inspiradora para quem gosta de contemplar as belezas portuguesas e espanholas e queria escrever ou entoar poesias, mas as paisagens não suprem as deficiências do roteiro e as interpretações dos personagens, sem profundidade e com pouco a oferecer.

‘Beatriz’ tem uma grande produção, com filmagens em grandes cenários, mas que peca na execução. Faltou uma história mais bem explorada e um protagonista que pudesse entregar mais do que poderia, caso de Marcelo, personagem de Sérgio Guizé. Um filme com gosto amargo e que prometia muito.

Cotação: 2/5 poltronas.

Por: Cesar Augusto Mota