Poltrona Cabine: A Espiã Vermelha/ Cesar Augusto Mota

Poltrona Cabine: A Espiã Vermelha/ Cesar Augusto Mota

Filmes de época que abordam espionagem aguçam a curiosidade e mobilizam o público em boa parte das vezes, ainda mais em se tratando do período da Segunda Guerra no qual se sobressaíram grandes forças, como a americana, a alemã e a russa. Mas ‘A Espiã Vermelha’ (Red Joan), dirigido por Trevor Nunn, traz a história contada sob a perspectiva do acusado, com grandes reviravoltas e surpresas, bem diferente se fosse pelos próprios investigadores e autoridades da época.

A história começa no tempo presente, em maio de 2000, quando Joan Stanley (Judi Dench) recebe na porta de sua casa dois agentes do Serviço de Inteligência Britânico (MI5) e recebe ordem de prisão sob a acusação de ter violado segredos de Estado e ter colaborado com espiões russos durante a Segunda Guerra Mundial compartilhando o segredo de desenvolvimento de uma bomba atômica feito por uma organização para a qual trabalhava. Durante seu interrogatório, primeiro durante seu confinamento e depois no hospital, após sofrer um sério desmaio e queda de pressão, ela relata tudo o que ocorreu no fim dos anos 30 e início dos anos 40, quando se apaixonou por um jovem comunista, De volta a 1938, descobrimos como Joan (Sophie Cookson), uma estudante de física de Cambridge, se apaixona Leo Galich (Tom Hughes) e, por intermédio dele, começa a ver o mundo sob outro prisma. Trabalhando em uma instalação de pesquisa nuclear ultrassecreta durante a Segunda Guerra Mundial, Joan chega à conclusão de que o mundo está à beira da destruição mutuamente garantida. Na mesma época, ela foi convocada pelo Comitê de Segurança Russo (KGB) para atuar como espiã do Governo de Stalin no Reino Unido.

O perfeito paralelo entre passado e presente, com a protagonista, confrontada pelas autoridades, vai aos poucos relatando todo o ocorrido e se defende como pode e até onde consegue prender o espectador e fazê-lo acompanhar aquela difícil e emocionante jornada de Joan Stanley, dotada de extrema inteligência, e que era apenas uma sombra num mundo dominado pelos homens e que, posteriormente, se tornou valiosa e de muito poder. O caminho que a personagem central percorre é impressionante, e, muito questionada, consegue defender seus ideais e mostrar que tudo o que fez foi pensando em seus aliados e em defesa do seu país, pregando a paz e acreditando que se duas grandes nações tivessem em mão a mesma arma, ambas não seriam capazes de usar.

O objetivo da produção não está em ilustrar ideologias e tampouco levantar bandeiras, mas exaltar o patriotismo, a lealdade, a confiança, bem como a importância dos laços de amizade e familiares, como ocorre entre Joan e Sonya  (Tereza Srbova) no passado e com o filho Nick (Be Milles) no presente, tendo esse último duvidado das intenções da mãe e do que ela de fato defendia. Ouvir da pessoa que viveu tudo o que ocorreu em um grande período sombrio da história e ser colocado contra a parede faz o público não só ficar angustiado como ansioso pelos desdobramentos dos relatos e se no fim vai ocorrer alguma punição. Judi Dench consegue fazer o espectador ir junto com ela até o fim da história, e de quebra faz todos se comoverem com suas posições e visões de mundo, a luta pela pacificação entre povos e o fim das armas nucleares.

Com ótimos laços entre ontem e hoje e baseado na história real de MelitaNorwood, adaptada para as telonas, ‘A Espiã Vermelha’ chama a atenção pela montagem precisa, a postura firme dos personagens secundários e pela sutileza e sinceridade de sua protagonista. Uma produção que vale a pena ser acompanhada e levada a sério.

Cotação: 4/5 poltronas.

Por: Cesar Augusto Mota

Com a estreia de ‘A Espiã Vermelha’ nos cinemas, editora Record lança o livro no Brasil

Com a estreia de ‘A Espiã Vermelha’ nos cinemas, editora Record lança o livro no Brasil

Longa, que estreia 16 de maio, acompanha a trajetória de uma espiã da KGB descoberta mais de meio século depois

A Editora Record acaba de lançar no Brasil o livro “A ESPIÃ VERMELHA”, de Jennie Rooney, que deu origem ao longa homônimo dirigido por Trevor Numm, que chega aos cinemas brasileiros em 16 de maio. A autora se inspirou livremente na história de Melita Norwood, a espiã britânica que serviu por mais tempo à KGB, para criar Joan Stanley, interpretada por Judi Dench nas telonas.

Joan Stanley é uma caloura em Cambridge, no ano de 1938, que ao entrar na universidade se une a uma sociedade comunista estudantil, onde conhece o jovem alemão Leo Galinch e logo se apaixona por ele. Esse relacionamento faz com que ela passe a enxergar o mundo sob outra ótica e se envolva com atividades do Partido Comunista.

Ao se apaixonar por Leo, Joan se vê no centro de uma disputa política em meio ao avanço
do fascismo. Com a eclosão da Segunda Guerra, ela é convidada a trabalhar no famoso Laboratório Cavendish. Ali, conhece o líder de um projeto ultrassecreto da Grã-Bretanha, o professor Max Davies, que se impressiona com a jovem e a coloca a par do segredo: estão desenvolvendo uma bomba atômica.

“Assim com muitos dos cientistas que trabalharam no desenvolvimento da bomba na América, no Canadá e na Grã-Bretanha, Joan sente vergonha e culpa esmagadoras quando armas de destruição em massa são desencadeadas primeiro em Hiroshima e, dias depois, em Nagasaki”, explica o diretor.

Dividida entre a lealdade a seu país e o desejo de fazer a coisa certa, Joan vai assumir
o risco de ser parte do Serviço Secreto Soviético, a KGB. Por mais de cinquenta anos seu segredo estará guardado, até que tudo vem à tona e sua lealdade novamente é colocada à prova. Quando é presa pelo MI5 e acusada de espionagem, seu filho Nick, advogado, está determinado a limpar o nome de sua mãe. Mas, será que ela realmente é inocente?

O diretor Trevor Numm comenta sobre seu objetivo com a produção: “o filme tenta contar uma história fundamentalmente verdadeira de uma forma fundamentalmente verdadeira. Será que Joan estava certa em fazer o que ela fez? O filme faz essa pergunta e espera que todos assistindo queiram discutir, ponderar e debater este assunto”.

Jennie Rooney, autora de “A ESPIÃ VERMELHA”, nasceu em Liverpool, em 1980. Estudou história na Universidade de Cambridge e deu aulas de inglês na França antes de se mudar para Londres para trabalhar como advogada. O primeiro romance da autora, Inside the Whale, foi finalista do Costa First Novel Award.

SINOPSE  
Em 1938, a britânica Joan Stanley estudava física em Cambridge quando se apaixonou por um jovem comunista. Na mesma época, ela foi convocada pelo Comitê de Segurança Russo (KGB) para atuar como espiã do Governo de Stalin no Reino Unido. Depois de mais de cinquenta anos de serviço muito bem-sucedidos, ela foi descoberta e presa pela Serviço de Inteligência Britânico (MI5).

FICHA TÉCNICA 
Direção: Trevor Nunn
Elenco: Judi Dench, Sophie Cookson, Tom Hughes
Gênero: Drama
País: Reino Unido
Ano: 2018
Duração: 101 min

TRAILER