Maratona Oscar: Flow/Anna Barros

Maratona Oscar: Flow/Anna Barros

Flow é um longa de animação não só para crianças, mas para adultos. Um gatinho solitário escapa de uma inundação onde não existem mais humanos e encontra outros animais na mesma situação,: um cachorro Golden Retriever, uma alemora, uma capivara e uma garça. Um se aproxima do outro e juntos eles tentam se proteger dos maremotos e das altas ondas.

Com a convivência deles, aprendemos sobre solidariedade, respeito às diferenças e amizade. O desenho desbancou Divertida Mente 2 da Pixar e vem arrebatando corações mesmo com uma produção modestissima frente aos outros concorrentes e veio da Letônia.

Não é falado ao se observa os sons próprios dos animais com um colorido refrescante e profundo. E com essa simplicidade toda chega ao Oscar no dia 2 de março concorrendo a Melhor Longa de Animação e Melhor Filme Internacional. O filme é muito lindo e você tem vontade de levar o gato preto solitário para casa.

O melhor amigo do gatinho é a capivara. Uma capivara que só come e dorme mas que não abandona o gatinho nos momentos em que ele está mais em perigo.

Para assistir com ou sem crianças. Um filme sublime que além do respeito pelos animais pontua sobre a preservação do meio ambiente. Com um filme, O Brutalista, de 3h36, Flow tem duração de 1h25, que passam muito rápido. 

4/5 poltronas

Maratona Oscar: Ainda Estou Aqui/Gabriel Araujo

Maratona Oscar: Ainda Estou Aqui/Gabriel Araujo

Você muito provavelmente já ouviu falar da “cena da sorveteria.” Fernanda Torres, com um olhar tão impactante quanto difícil de se descrever, observa casais felizes em uma sorveteria. Ela interpreta Eunice Paiva em um estabelecimento que costumava frequentar com a família e o marido, Rubens Paiva (Selton Mello), morto pela ditadura militar.

Sim, é muito impactante, e possivelmente a melhor da carreira de Torres. Ela mereceria um Oscar só por isso.

Você muito provavelmente já ouviu falar da cena em que Rubens Paiva olha para Eunice e fala que já volta, ao ser levado de casa pelos agentes do regime. Os dois trocam olhares, e ele não volta mais.

Sim, é muito impactante, e um dos melhores momentos de Mello no longa. Fernanda está brilhante, mas a performance de Selton como coadjuvante, diga-se de passagem, também merece todos os elogios.

Você muito provavelmente já ouviu falar da cena em que o cachorro da família é atropelado e Eunice atravessa a rua e bate no vidro do carro dos agentes da ditadura, clamando por saber o paradeiro de seu marido. Das cenas das reuniões da família. Da participação da Fernanda Montenegro no final. Da música do Eramos Carlos. Da vida de Eunice e Rubens Paiva. Do livro de Marcelo Rubens Paiva. Dos vários prêmios.

A esta altura, você muito provavelmente já ouviu falar de praticamente tudo que envolve “Ainda Estou Aqui”, longa de Walter Salles que concorre a três estatuetas no Oscar deste ano — melhor filme, melhor filme internacional e melhor atriz (Torres). Eu não posso fingir que não. O filme é um mega hit no Brasil, e um grande sucesso internacional, alavancado pela vitória de Fernanda no Globo de Ouro.

Mas ainda que você provavelmente já tenha ouvido falar de todas elas, há coisas das quais não podemos deixar de mencionar nunca. A ditadura militar é uma delas. A memória de um país e de um povo, já tantas vezes retratada no cinema e que mais tantas será. E a partir de agora “Ainda Estou Aqui” também é uma delas, e espero que servindo para alavancar essas produções futuras.

Ele é um grande marco para o cinema brasileiro. Em minha vida como fã nascido quase junto a “Central do Brasil”, talvez a melhor referência prévia, jamais havia visto tamanha mobilização em torno de um filme nacional. E sabe o que é melhor? É muito merecido. Salles faz uma obra com pesquisa redonda e atores em um momento brilhante. A fotografia é linda e cuidadosa. A trilha sonora é genial.

Você muito provavelmente já ouviu incontáveis elogios para “Ainda Estou Aqui”. Sim, todos eles são justos e neste humilde espaço os ecoo. Você muito provavelmente já até assistiu “Ainda Estou Aqui”. E se não o fez, por favor, nem termine de ler este post com meus prognósticos e vá correndo procurar um jeito de vê-lo.

Creio que há grandes chances de vitória na categoria de melhor filme internacional, especialmente após as polêmicas de “Emilia Pérez”. Em melhor filme é mais difícil. Fernanda Torres está muito competitiva na categoria de melhor atriz. Demi Moore (“A Substância”) levou SAG e o outro Globo de Ouro. O cenário está embolado entre as duas, mas hoje vejo leve vantagem para a americana.

Você muito provavelmente já ouviu milhares de “boa sorte ao Brasil” na sua vida. Mas sim, deixo aqui o meu também. Boa sorte, “Ainda Estou Aqui”!

Nota da editora: Ainda Estou Aqui concorre a três Oscars: Melhor Filme, Melhor Atriz para Fernanda Torres e Melhor Filme Internacional.

Maratona Oscar: Dune parte 2/Diego Uzeda

Maratona Oscar: Dune parte 2/Diego Uzeda

Duna 2 não é simplesmente mais do mesmo como muitas continuações. É o tipo de filme que faz muita diferença entre assistir na tela grande e em casa. Villeneuve usou tudo que podia em imagem e som ao fazer gente que nem era tão interessada assim na saga a grudar o olho na tela e tentar entender todo aquele universo, que apesar de muitos não saberem foi escrita nos anos 60 dando base a muitas outras histórias que estiveram na imaginação das últimas gerações de fãs.

A mítica jornada de Paul Atreides continua numa estória que remete a outros contos que falam da profecia de um futuro Messias. A vida na areia e a jornada junto com os Fremen apresenta uma nova realidade para Paul e sua mãe Jessica -que recebe a liderança espiritual do povo de areia, sendo ela própria a descendente de uma longa linhagem das “feiticeiras” Bene Gesserit.

Ao começar o romance com a Fremen chamada Chani, o suposto Messias causa espanto ao dominar um grande verme de areia e demonstrar a promessa de ser o escolhido. Os efeitos e os visuais de Duna 2 fazem com que a realização do filme nem se compare a obra de David Lynch de 1984, realmente tudo muito hipnotizante e que te traz dentro da estória mostrando com realismo toda essas trama. Realmente imperdível e acho que todos estão ansiosos para a continuação. 

Indicações para o Oscar Duna 2:

  • Melhor Filme
  • Melhor Design de Produção
  • Melhor Som
  • Melhores Efeitos Visuais
  • Melhor Fotografia

Maratona Oscar/Poltrona Cabine: Um Completo Desconhecido/Anna Barros

Maratona Oscar/Poltrona Cabine: Um Completo Desconhecido/Anna Barros

Fomos convidados pela Disney pra Cabine de Imprensa de Um Completo Desconhecido filme dirigido por James Mangold e estrelando Thimotee Chamalet, Elle Fanning, Mônica Bárbaro e Edward Norton. O filme é uma cinebiografia da época inicial da carreira do lendário cantor folk Bob Dylan que revolucionou a música.

O filme é maravilhoso e Thimotee como Bob Dylan está incrível: o gestual, a voz, as canções, maneirismo: está simplesmente idêntico.

O roteiro é muito bom adaptado de um livro e o filme é redondinho. São 2h20 que você nem vê passar. Monica Bárbaro é a cantora Joana Baez e concorre a Melhor Atriz Coadjuvante mas Zoe Saldana a Rita de Emília Perez está melhor.

Eu gostei muito de Edward Norton como Pete Seeger: contido, firme, elegante na atuação e profundo. Se Kieran Culkin não fosse o faboriracp por A Verdadeira Dor, gravaria que ele levaria. Edward concorre pela quarta vez e está ótimo.

Thimotee Chamalet rouba a cena. É seu melhor papel desde Me Chame Pelo Seu Nome. Dá pra ver que ele se dedicou muito. Está simplesmente irretocável. Mas nessa categoria tem Ralph Fiennes por Conclave,eu favorito,  e Adam Brody por O Brutalista, filme que ainda não vi. Thimotee corre por fora. É o azarão da categoria.


Um Completo Desconhecido recebeu oito indicações ao Oscar 2025, incluindo: melhor filme, melhor direção (James Mangold), melhor ator (Timothée Chalamet), melhor ator coadjuvante (Edward Norton), melhor atriz coadjuvante (Monica Barbaro), melhor roteiro adaptado, melhor figurino e melhor som. Merecia ganhar pelo menos um Oscar.

É um filme denso, profundo e delicado. Um filme à altura de Bob Dylan que vou e gostou. A trilha sonora é ótima. Não entendi porque não concorre. E pode ser que leve Melhor Som mas tem um concorrente de peso: Dune parte 2.

Amei o filme e super indico.

O filme estreia em grande circuito hoje, dia 20 de fevereiro.

4/5 poltronas

Maratona Oscar: Anora/Tom Leão

Maratona Oscar: Anora/Tom Leão


‘ANORA’: PODE SER O GRANDE AZARÃO DO OSCAR ****

 O diretor Sean Baker, de filmes como o experimental ‘Tangerine’ (filmado com dois iphones) e ‘Projeto Flórida’ (aquele da menininha irritante), com ‘Anora’, nos dá uma espécie de versão mundo real do fantasioso ‘Uma linda mulher’, aos nos mostrar o romance entre um jovem rico e irresponsável e uma garota de programa interesseira. Os dois, após noites de loucuras, acabam se casando em Vegas, e a família do rapaz, oligarcas russos, tenta desfazer o engano. Embora seja, por vezes engraçado, o filme, na verdade, é um drama, que termina de forma melancólica (é um dos melhores finais que já vi, tocante).

O destaque é a maravilhosa novata Mikey Madison, como Anora, simplesmente arrebatadora, que merece ganhar todos os prêmios que vem acumulando com o papel. O filme só não é melhor porque dura um pouco além do que deveria.

 Em cartaz no Brasil, sem chamar a atenção nas bilheterias (entrou na penúltima posição do top ten da ComScore quando estreou e já saiu da lista na segunda semana), ‘Anora’, repentinamente, se transformou num dos filmes mais quentes para ganhar o Oscar principal, o de Filme do Ano, depois que ganhou, em sequência, prêmios equivalentes, tanto no Critic´s Choice Awards (para surpresa geral) quanto do Directors Guild of America. Este ultimo, sim, um termômetro forte para arrebatar o careca dourado, nada de Golden Globes.

Já que, dos últimos 15 filmes que ganharam nesta categoria no DGA, 12 ganharam o Oscar do ano. E com o derretimento do hype do superestimado ‘Emilia Pérez’, por causa dos comentarios infelizes da atriz Karla Sofia Gascón, ‘Anora’ (uma produção independente, feita quase toda na base da vaquinha), que concorre a seis estatuetas da Academia (filme, diretor, atriz, ator coadjuvante, roteiro e edição), tem tudo para ser o grande azarão da temporada. Para mim, sempre foi a aposta certa.

TOM LEÃO