
Na maioria das ocasiões, temos o cinema como fonte de entretenimento e lazer, com muitos risos e resenhas após cerca de uma hora e meia ou mais na frente da tela. Porém, não devemos nos esquecer do papel filosófico e reflexivo que a sétima arte também pode exercer, principalmente no tocante à ética, moral e questões sensíveis. A diretora Eva Victor, em “Sorry, Baby”, aborda um tema delicado, doloroso, porém necessário, a violência contra a mulher.
Agnes (Eva Victor) recebe Lydie (Naomi Ackie), sua melhor amiga, em sua casa, e por meio das conversas entre elas e de seu relacionamento é possível entender sobre o local onde Agnes se encontra e o momento pelo qual está passando. Ela passou por um acontecimento traumático durante sua pós-graduação e foi uma das poucas a permanecer na cidade da faculdade após o término do curso. Agnes se sente estagnada, e isso faz sua amiga pensar que ela passa por uma depressão profunda. O fato não é citado, mas se mostra presente em toda a narrativa.
Há espaço para a comédia, apesar do filme não ter uma aura cômica, e a abordagem sobre a violência física e psicológica pelas quais Agnes passou é feita de forma precisa, sem uso de sensacionalismo, e para se ilustrar o trauma não foi necessário nenhum grito ou outra reação de escândalo, mas sim o silêncio. Um recurso proposital, para que o público sentisse e se imaginasse na situação da protagonista. A tristeza, obviamente, existe, mas não é predominante, e a dor não é espetacularizada.
A atuação de Eva transborda dramaticidade, verdade e intensidade. Ela parece que está revivendo uma situação e não interpretando, e sem dar brecha para romantização da violência ou do agressor. O espectador não se imagina no mesmo ambiente, ao lado da protagonista, mas na pele dela, como se sofresse as agressões. Uma interpretação magistral e com uma mensagem de esperança no desfecho.
Um filme importante, emotivo e envolvente, quem for assistir a “Sorry, Baby” vai ter uma grande experiência e vai guardá-la para o resto da vida.
Cotação: 5/5 poltronas.
Por: Cesar Augusto Mota




