Poltrona Cabine: A Única Sobrevivente/Cesar Augusto Mota

Poltrona Cabine: A Única Sobrevivente/Cesar Augusto Mota

Filmes baseados em histórias reais muitas vezes acabam por atiçar com maior intensidade a curiosidade do espectador, seja para constatar se o que irá ser reproduzido na tela será fiel à realidade ou então ficar por dentro do ocorrido. “A Única Sobrevivente”, produção russa dirigida por Dmitriy Suvorov, se inspira em um acidente aéreo ocorrido há mais de quatro décadas. Será que a obra vai conseguir sensibilizar o público e entregar uma narrativa forte e carregada de emoções?

Em 24 de agosto de 1981, Larisa (Nadezhda Kasleganova) embarca com o marido no voo Na-24, de volta da sua lua de mel. A aeronave colide com um bombardeiro da Força Aérea Soviética cerca de trinta minutos antes do pouso. Presa à fuselagem, Larisa foi a única sobrevivente da tragédia, e ela acorda sozinha em uma floresta e tem de lutar para sobreviver.

Além do acidente em si, o filme consegue retratar bem o regime soviético da época, sob a chancela da KGB, com toda a opressão e tirania do governo russo. Uma obra que transcende ao regime da extinta União Soviética, um caso que foi declarado sigiloso pelas autoridades locais, com os desdobramentos chegando ao conhecimento da sobrevivente apenas dez anos depois.

A narrativa impressiona pela alta carga emocional enfrentada pela protagonista, e o cenário composto por bichos, árvores e o uso de cores frias traduzem o sentimento de perturbação e de medo de Larisa, que mal sabe se ela conseguirá sair dali ou se de fato irá sobreviver. A linguagem corporal da personagem-central prevalece sobre as palavras e é um dos ingredientes que faz o filme ser emocionante e instigante.

A União Soviética também é um personagem nessa história, o contexto de declínio bem apresentado antes do período da Glasnost, proposta por Gorbatchev. Uma autêntica viagem no tempo é realizada e toda a aura hostil e sufocante que a Rússia passou, antes de se tornar uma só nação e ter as quinze repúblicas soviéticas diluídas. A produção é bem chocante e o desfecho é impressionante. Quem não dava nada por esse filem acaba por se surpreender.

Quem é curioso e aficionado por filmes inspirados em situações reais deve ver essa produção, que acaba por entregar um filme de época e regado a muito medo, sofrimento e resistência.

Cotação: 5/5 poltronas.

Por: Cesar Augusto Mota

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