Poltrona Cabine: Bolero-A Melodia Eterna/Cesar Augusto Mota

Poltrona Cabine: Bolero-A Melodia Eterna/Cesar Augusto Mota

O processo de criação de uma obra, seja uma música, um poema ou um filme é sempre complexo, podendo até causar bloqueio criativo no compositor ou roteirista. Situações do cotidiano, íntimas ou envolvendo parentes e amigos servem como inspiração, e toda a jornada para se chegar ao resultado final pode ser fascinante. E é em todo esse contexto que “Bolero-A Melodia Eterna”, de Anne Fontaine, é concebido. Mas a obra chegou ao fim desejado?

No ano de 1928, época dos vibrantes anos loucos em Paris, a dançarina Ida Rubinstein encomenda a Maurice Ravel uma música para seu próximo espetáculo de ballet. Com uma crise de inspiração, Ravel passa a revisitar capítulos de sua vida, como os desafios de seus primeiros anos, as marcas da Grande Guerra e o amor impossível por sua musa o fizeram se dedicar a criar uma obra-prima universal, o Bolero.

Paris dos anos 1920 é perfeitamente recriada, com as pessoas dando asas às suas imaginações, seus espíritos renovados e cheios de esperança e o romantismo falando mais alto em meio aos problemas do dia a dia. O paradoxo entre dor e realização do protagonista fascina o público, tendo em vista que Ravel queria ser reconhecido por suas obras ao mesmo tempo que tentava renegar suas paixões e desejos. Uma narrativa não linear e com um grande plot twist.

Na medida em que os cenários vão avançando, há a retratação de novas etapas da concepção do bolero na visão de Ravel, permitindo que o espectador entre em um círculo cativante e prazeroso, com muito ritmo, arte e contemplação. O bolero pode ser comparado a uma taça de vinho, fica o sabor por muito tempo no corpo e na memória. Quem não costuma ver filmes de arte vai se apaixonar por essa obra, com uma narrativa contagiante, com figurinos e paisagens belíssimas e um show de interpretação de Raphael Personnaz, que deu vida ao protagonista.

Quem está em busca de um filme que entregue cultura, entretenimento e contemplação, “Bolero- A Melodia Eterna” é a escolha certa, com um gênero fascinante no passado e reconfortante nos dias atuais.

Cotação: 5/5 poltronas.

Por: Cesar Augusto Mota

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