Poltrona Cabine: O Melhor Amigo/Cesar Augusto Mota

Poltrona Cabine: O Melhor Amigo/Cesar Augusto Mota

Musicais possuem um público cativo, e o paralelo com o romance e o drama pode trazer experiências únicas e inesquecíveis para os espectadores. Não só a música tem que guardar conexão com a história, esta é a mais importante, pois sem um enredo consistente, a presença do musical não se sustenta. Será que a narrativa é bo o bastante que justifique esse formato de musical? Em “O Melhor Amigo”, o diretor Allan Deberton traz um romance LGBT+, com equilíbrio entre humor e drama.

Acompanhamos a história de Lucas (Vinicius Teixeira), que resolve viajar sozinho para Cana Quebrada, Ceará, após uma briga feia com o namorado. Por lá, ele reencontra Felipe (Gabriel Fuentes), um antigo colega de faculdade e que agora está trabalhando como guia de turismo. O reencontro acaba por despertar antigos desejos e sentimentos entre eles e grandes reviravoltas acontecem na vida dos dois.

O plano estético é, sem dúvida, o que mais chama a atenção nesta obra. Cores quentes e frias na tela saltam aos olhos, vários cenários culturais, além de figurinos chamativos que mais parecem fantasias de escolas de samba. O som também é um deleite, com uma mistura entre gêneros, desde o samba até o axé e o pop, um show de brasilidade. Porém, essa mescla pode causar incômodo para quem não está acostumado e prefere um filme mais tranquilo, com uma história mais enxuta.

O enredo não consegue ilustrar um equilíbrio entre humor e drama, a amizade, os sonhos e a sexualidade não são explorados com profundidade, os conflitos são resolvidos de forma fácil e não há diálogos construtivos e reflexivos, beiram o simples. Os exageros visuais acabam por prejudicar o ritmo da história, os musicais repentinamente interrompem os conflitos e os arcos dos personagens não foram completamente desenvolvidos. A impressão é a de que a narrativa poderia ser mais concisa, tendo em vista a duração longa do filme, e nem a presença de nomes conhecidos como Gretchen, Claudia Ohana e Mateus Carrieri conseguem trazer fôlego e ânimo à obra.

A proposta de “O Melhor Amigo” é satisfatória, possui elementos interessantes, mas pode ser que questões como representatividade e brasilidade não sejam suficientes, tendo em vista seus altos e baixos.

Cotação: 3/5 poltronas.

Por: Cesar Augusto Mota

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