Poltrona Cabine: Ninguém Sai Vivo Daqui/Cesar Augusto Mota

Poltrona Cabine: Ninguém Sai Vivo Daqui/Cesar Augusto Mota

Dramas psicológicos vêm ganhando espaço entre filmes e séries, e podem ser consideradas ferramentas importantes acerca do estudo sobre a mente humana, o quão ela pode ser complexa, manipulada ou até mesmo cruel e perversa. Com direção de André Ristum, “Ninguém Sai Vivo Daqui” é uma produção brasileira que relembra ao público um dos episódios mais sórdidos e macabros da História do Brasil.

Inspirado no livro Holocausto Brasileiro, de Daniela Arbex, acompanhamos Elisa (Fernanda Marques), internada no hospital psiquiátrico Colônia, de Barbacena, à força pelo pai por ter engravidado do namorado e se recusado a casar com um homem mais velho escolhido por ele. O local era conhecido por receber pessoas que se recusam a cumprir regras impostas pela sociedade ou pela própria família, sofrendo tortura e maus tratos. Elisa e os demais internos vão usar todas as forças possíveis para fugir daquele ambiente hostil e infernal.

O ambiente apresenta pouca luz e o filme é inteiramente em preto e branco, criando uma atmosférica sufocante e claustrofóbica. Esses recursos transportam o espectador para o local, fazendo-o sentir toda a dor e sofrimento pelos quais os personagens passam. O recurso do preto e branco é proposital, pois ilustra o olhar desolado e sem cor dos internos do Hospital Colônia, sem perspectivas de uma vida melhor em um ambiente torturante e opressor.

O filme proporciona importantes debates sobre a violação dos direitos humanos e saúde mental, tendo em vista as atitudes atrozes e meios cruéis utilizados pelos enfermeiros do Hospital Colônia, a privação dos direitos básicos dos internos, bem como seus transtornos psicológicos. O público se solidariza com os demais internados e se surpreende com a performance entregue por eles e principalmente por Elisa, a personagem-central. Ela conseguiu ilustrar toda a fragilidade e medo, proporcionando muita veracidade e emoção.

Apesar da falta de profundidade sobre a vida de Elisa, como seu passado e planos futuros, “Ninguém Sai Vivo Daqui” é polêmico, didático e visceral, que não só entretém, como também denuncia as barbaridades do ser humano e as complexidades da mente humana, que ainda requer estudos exaustivos da ciência.

Cotação: 4/5 poltronas.

Por: Cesar Augusto Mota

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