
A comunidade LGBTQIAPN+, antes invisível aos olhos da sociedade, vem ganhando espaço e se vê cada vez mais representada, principalmente no audiovisual. Existem muitos desafios e barreiras a serem enfrentados, bem como mitos que busca desconstruir ao longo do tempo. O cineasta Ricardo Alves Jr traz “Tudo o que você podia ser”, um documentário que mescla realidade e ficção e que busca um debate importante junto ao público.
Acompanhamos a despedida de Aisha (Aisha Bruno), que irá se mudar de Belo Horizonte para estudar Ciências Sociais em São Paulo. Ela passa uma última noite nas ruas da capital paulista com os amigos Bramma, Igui e Will e procuram fortalecer a amizade e conexão existente antes que tomem caminhos diferentes.
A narrativa consegue ilustrar todos os desejos, medos e emoções dos personagens, bem como um círculo de amizade reforçado pelo acolhimento e confiança que cada um sente pelo outro, e vemos a história se desenrolar de maneira espontânea e efetiva. Há um olhar de aceitação e não de opressão, e vemos Aisha e seus amigos em uma vibe de liberdade, exercendo o direito de ir e vir e de ser quem são.
Assuntos como homofobia, transfobia, inserção da comunidade LGBTQIAPN+ no mercado de trabalho e HIV são abordados de forma séria e sem rodeios, e um grande mito é desconstruído ao longo da história, de que pessoas trans levariam uma vida regada de sexo, drogas e comportamentos reprováveis, mas ilustra que elas levan um cotidiano igual ao de pessoas cisgêneros.
Um manifesto pela liberdade, amor e pertencimento, assim podemos enxergar “Tudo o Que você Podia Ser”, que amplia discussões sobre a existência e direitos da comunidade LGBTQIAPN+, a importância da amizade e cumplicidade, bem como mostra ser possível a ampliação de novas estruturas familiares.
Cotação: 5/5 poltronas.
Por: Cesar Augusto Mota