
Pequenos gestos podem não ser nada, mas significar muito para pessoas se sentirem suficientemente acolhidas e abraçadas. Com essa premissa mergulhamos no filme ‘A Matriarca’ (Juniper), obra escrita e dirigida por Matthew J. Saville, com Charlotte Rampling como protagonista. Um filme reflexivo, cômico e recheado de emoções.
Rampling vive Ruth, uma correspondente de guerra que está aposentada e possui problemas de saúde decorrentes do consumo de álcool. Após ser expulso de um internato, o neto Sam (George Ferrier) irá se surpreender ao encontrar a avó que não conhecia, na antiga casa da família. O encontro entre eles inicialmente não é nada amistoso, mas são obrigados a conviver e suas vidas dão importantes reviravoltas.
Com uma personalidade rude e difícil, a protagonista passa por um complexo arco dramático, sejam nas cenas solo ou nas em que interage com o neto Sam, com os nós aos poucos sendo desatados. Segredos do passado de Ruth são ao pouco revelados, que passam a fazer diferença na relação com Sam, e que vão impactar na relação com os demais personagens da trama. E Sam, além dos problemas que possui com o pai, oriundos de um relacionamento distante, passa a compreender que ele pode fazer a diferença não só na vida de sua avó, mas na de si próprio.
Temas importantes e que podem ser pesados, como solidão, morte e dor, são abordados com muita sutileza e bom humor, o que acaba por ser bem recebido pelo público, que passa a debater sobre as formas como enxergamos a vida e maneiras de resolver os problemas cotidianos. O uso do drama é preciso, sem exageros ou apelação para o sentimentalismo, e a simplicidade das ações e o carisma dos personagens são outros pontos altos, tornando a experiência mais agradável.
A química entre os atores é impressionante, com a impressão de que Charlotte Rampling e George Ferrier já se conhecem há um longo tempo, e a atuação de um completa a do outro, sem deixar pontas soltas na história e com uma conclusão satisfatória. Quem acompanha a história sente empatia pelos personagens e torce por eles, numa montanha russa de emoções.
‘A Matriarca’ oferece uma experiência épica e inesquecível, com lições para toda a vida. Uma jornada que merece ser conferida e compartilhada.
Cotação: 5/5 poltronas.
Por: Cesar Augusto Mota