Poltrona Cabine: Diário de uma Onça/Cesar Augusto Mota

Poltrona Cabine: Diário de uma Onça/Cesar Augusto Mota

Conhecida por sua abundância em água e a diversidade da fauna e da flora, o Pantanal está cada vez mais ameaçado, seja pela ação humana ou pelas constantes mudanças climáticas. Em meio a esse cenário, iremos acompanhar uma história real que envolve uma onça pintada, a terceira de sua linhagem que foi libertada e posta na natureza. O que será que a jornada de Leventina nos reserva?

A responsável por dar vida à protagonista é a atriz Alanis Guillen, a Juma do remake da novela Pantanal, da TV Globo. Ela usa o recurso do voice over durante o documentário “Diário de uma Onça”, produzido por WCP em coprodução com Ventre Studio e Globoplay. Mas antes de ouvirmos a trajetória de Leventina na voz de Alanis, que procura encontrar o tom certo conforme o momento apresentado em tela, vamos nos inteirar de momentos que envolveram Fera e Ferinha, outras duas onças pintadas que foram libertadas pela organização Onçafari e que também passaram por percalços antes de ficarem livres na natureza.

Quem acompanha o documentário se depara com um formato diferente do habitual, com uma narração em primeira pessoa e o tratamento de duas onças por “mãe” e “vó” na voz de Alanis. O voice over torna a peça mais imersiva e cria uma empatia entre público e natureza, que se aproxima do cenário retratado, bem como dos animais que lutam por sobrevivência e enfrentam ameaça de extinção. Com um sotaque característico dos nativos do Pantanal, Alanis imprime sinceridade e muita autenticidade acerca da real situação das espécies que habitam o local, além do cenário que é palco do dia a dia das três onças, antes de viverem na natureza.

 Além disso, o tratamento dado ao ser humano e à onça pintada não é apenas o de predador e presa, é possível perceber durante o documentário que é possível existir uma relação amistosa entre ambos e que a onça não é vista apenas como um animal feroz, mas sim como um símbolo de resistência e até mesmo da criação do mundo, que habita, resguarda e protege. O trabalho dos biólogos com os animais antes de serem soltos mostra que é possível mudar de olhar acerca da relação entre homem e onça, sem esquecer dos riscos e o sofrimento dos bichos, que são vistos como incômodo por peões e pecuaristas, de olho no futuro e em seus negócios.

Ela não é somente um elemento de cenário, Leventina é um autêntico personagem, que vive, tem medos, reage e se adapta ao ambiente conforme a situação. Vale a pena acompanhar sua trajetória antes de sua nova rotina, viver na natureza, tornando-a posteriormente sua mãe.

Cotação: 5/5 poltronas.

Por: Cesar Augusto Mota

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