
Quem não se lembra da Família Addams? Após a primeira aparição em uma série de 1964, tivemos algumas versões em desenho animado, além de dois longas-metragens, de 1991 e 1993, sucessos de bilheteria. A bola da vez é o spin-off ‘Wandinha’, série da Netflix dirigida pelo icônico Tim Burton.
A filha mais velha do clã Addams (Jenna Ortega) vive o dilema da puberdade e acerca do mundo que a rodeia, e parte em uma grande jornada de investigações e descobertas em meio a escola Nervermore. Ao chegar à instituição, ela se depara com criaturas muito presentes no universo do terror, como lobisomens, vampiro e górgonas, além de alunos que se sentem excluídos do meio social, como ela. Uma narrativa cheia de suspense e com doses de uma boa comédia de terror, presente nas obras de Tim Burton.
Muitos vão se perguntar sobre a Família Addams, alguns membros até aparecem, como Morticia e Gomez, mas eles fazem apenas pequenas pontas, para decepção de muitos, mas eles têm participações importantes e decisivas no universo de Wandinha. Aquele suspense presente em novelas como o ‘quem matou?’ se faz presente, mas a conclusão deixa a desejar. As intervenções da protagonista, com representações insanas de sua imaginação e a quebra da quarta parede são os atrativos de boa parte dessa primeira temporada, além da reprodução dos trejeitos da Wandinha que lembram a versão de 1991, vivida por Christina Ricci. Jenna Ortega entrega uma ótima protagonista e consegue conquistar o público com seu carisma e espontaneidade.
Outros atrativos da série são os planos fechados e texturas escuras na fotografia, imprimindo um ar sombrio que a obra pede. O paralelo entre o estranho e o ridículo também são empregados, além de interessantes inserções literárias de Edgar Allan Poe, constantes em filmes de terror, para comparar a ficção com a realidade. Referências a alguns filmes de Burton também são perceptíveis, como A Noiva Cadáver e a Lenda do Cavaleiro sem Cabeça.
A questão da inclusão é bem abordada, com Wandinha buscando a compreensão de como ela vive e formas de se inserir em seu novo meio social, diferentemente de querer se isolar e viver apenas para si mesma. Temos comicidade e originalidade na série, com uma personagem com características preservadas dos longas-metragens, mas com elementos novos, além de personagens secundários que tentam ao máximo se descobrir e resolver os dilemas vivenciados por eles em uma fase tão desafiadora, que é a adolescência.
Quem ainda não viu não pode perder ‘Wandinha’, uma série na qual você ri, se assusta e fica ansioso para saber como serão os próximos capítulos e o que virá em possíveis próximas temporadas. Vale a pena.
Cotação: 5/5 poltronas.
Por: Cesar Augusto Mota