Terror e suspense em uma mesma produção costumam algumas vezes mexer com as emoções e provocar os espectadores, certo? E o que dizer se forem aliados a problemas familiares, um tema tão explorado e que já rendeu boas histórias, como em Bates Motel e Psicose? ‘Curon’, série italiana da Netflix se passa em um pequeno vilarejo do país da bota, com uma maldição que aflige os moradores e um passado trágico de uma família problemática. Será que esta série funciona?
Anna Raina (Valeria Bilello) deixa sua cidade natal, Curon, após a morte trágica de sua mãe e fica 17 anos sem falar com o pai, Thomas, que administra o hotel da família. Sem muitas opções, ela volta com os filhos gêmeos Dária (Margherita Morchio) e Mauro (Federico Russo), de 17 anos, para morar com o pai. Os jovens estão aos poucos se adaptando à escola e à nova vida, mas coisas estranhas passam a acontecer no lago e na torre do sino, provocando reações adversas, com os dois tendo visões. Quando a mãe repentinamente desaparece, Dária e Mauro passam a investigar, mas eles vão ter que lidar com perigos e questões familiares mal resolvidas.
O cenário escolhido para a história e a fotografia são atraentes, ambos dão o tom necessário para a narrativa ter todo aquele clima tenso e de mistério que o espectador espera. As filmagens foram feitas no norte da Itália, em Curon Venosta, e lá existe de fato uma torre submersa em um lago, de onde vários mistérios emergem. O tom cinza nos faz lembrar de ‘Dark’, série alemã, mas as semelhanças param por aí. E quem esperava uma sinergia entre fotografia e trilha sonora se decepciona, as músicas predominantes são no ritmo tecno e algumas cenas que requerem mais impacto não contam com os devidos sons esperados.
Temos uma premissa interessante, mas a história se perde ao longo dos sete episódios desta primeira temporada, com alguns desdobramentos sem desenvolvimento e muitas lacunas. A lenda do lobo aparece no episódio piloto, mas não é devidamente explicado ao espectador, e os desfechos de cada segmento são similares, com dramas familiares rasos e conflitos adolescentes clichês, regados a romances e drogas. E de terror, a série não possui nada, está mais para drama adolescente e raros momentos de suspense.
Além da história e montagem comprometidas, o desfecho é confuso, não se sabe como todos os personagens foram parar no mesmo lugar no último episódio e quem são os humanos e as sombras. Tudo passa de forma rápida, mas com um gancho para uma possível continuação.
Quem esperava por algo similar a “Maldição na Residência Hill” acaba por se decepcionar, mas se depara com uma produção com potencial para uma segunda temporada e com chance de se redimir de seus erros, passando para uma história que possa ser agradável de se assistir. Mas a fotografia e belas paisagens de ‘Curon’ compensam os primeiros sete episódios.
Cotação: 2,5/5 poltronas.
Por: Cesar Augusto Mota
