Poltrona Séries: Away-1ª Temporada/ Cesar Augusto Mota

Poltrona Séries: Away-1ª Temporada/ Cesar Augusto Mota

 

Quando o homem pisou pela primeira vez na Lua, o feito foi considerado até então como o maior da humanidade e se intensificava a corrida espacial entre norte-americanos e russos. Com o avanço da ciência, foi possível perceber que o ser humano poderia ir mais longe, como chegar a planetas mais longínquos do sistema solar e se descobrir se há formas de vida fora da Terra. Partindo dessa premissa, a Netflix lança “Away”, uma série com 10 episódios em sua primeira temporada, que irá envolver escolhas pessoais bem difíceis para o objetivo principal ser alcançado.

A astronauta Emma Green (Hillary Swank) é designada comandante de uma missão especial da Nasa rumo à Marte, mas para isso terá que abrir mão de algumas coisas, como o convívio com o marido Matt (Josh Charles) e a filha Alexis (Talitha Bateman) por quase três anos. Inicialmente, Matt embarcaria nessa viagem, mas por conta de sua saúde fragilizada em decorrência de um fator genético, passou a dar apoio total à esposa.

O roteiro aposta em elementos clichês e no drama para prender a atenção do espectador, e os elementos de ficção científica ficam em segundo plano. O anseio por novas descobertas, as dificuldades a serem enfrentadas na missão e os estudos feitos a cada procedimento na nave espacial são bem representados, mas também as angústias e conflitos internos que um isolamento pode fazer em cada um dos tripulantes e dramas familiares, como a dificuldade de Alex em lidar com a distância da mãe, um relacionamento amoroso e o dia a dia nos cuidados dela com o pai, que sofreu um AVC uma semana antes do início da missão, mas aceita rapidamente sua nova condição de vida.

Os estereótipos dos personagens secundários, que fazem parte da tripulação liderada por Emma Green, são os mais comuns, como um botânico britânico, uma química chinesa, o copiloto indiano e religioso e o engenheiro russo avesso a sentimentos e estatísticas. Porém, algumas dessas peculiaridades são utilizadas para desatar os nós que irão surgir ao longo do percurso. A posição de vulnerabilidade dos personagens, principalmente a protagonista, ultrapassa o conceito de tecnologia e espaço e ficamos ansiosos pelos desdobramentos. O ponto negativo está na resolução de conflitos, com resoluções bem fáceis, e algumas situações dramáticas apresentadas são rapidamente esquecidas para se retornar à expedição.

As atuações são consistentes e os arcos dramáticos bem construídos, com destaque para Hillary Swank, já acostumada a vivenciar dramas, e com enorme crescimento de sua personagem até o objetivo final, a chegada à Marte. Os efeitos especiais não são excepcionais, mas o público se convence de que a tripulação está realmente em uma nave possante e o espaço guarda muitos mistérios e há muito mais a se explorar do que imaginamos.

Com premissa interessante, mas algumas lacunas na história, “Away” é uma série com potencial para novas temporadas e novas emoções a serem proporcionadas, no tocante a sentimentos e descobertas. Vale a pena.

Cotação: 3,5/5 poltronas.

Por: Cesar Augusto Mota

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