Poltrona Cabine: Minha Mãe é uma Peça 3/ Cesar Augusto Mota

Poltrona Cabine: Minha Mãe é uma Peça 3/ Cesar Augusto Mota

Após um enorme sucesso dos dois primeiros filmes com milhões de espectadores nos cinemas, agora teremos a terceira parte de ‘Minha Mãe é Uma Peça’, inspirada na peça de Paulo Gustavo. Dona Hermínia está de volta e vai mais uma vez vai aprontar com seu jeito irreverente, invasivo e desbocado. Mas ela se verá em outro dilema, o de não conseguir enxergar que seus filhos não são mais crianças e que partiram para constituir suas próprias famílias. Com direção de Susana Garcia, ‘Minha Mãe é uma Peça 3’ promete muitas surpresas e também grandes homenagens.

Aposentada e sem ter muitas opções em seu dia a dia, Dona Hermínia (Paulo Gustavo) tenta ocupar sua mente com uma viagem aos Estados Unidos e ficar mais próxima dos filhos, mas sua vida fica de pernas para o ar quando descobre que seu ex-marido Carlos Alberto (Herson Capri)  se muda para o apartamento ao lado e se torna seu vizinho e vê seus filhos ainda mais distantes. Ela descobre que Juliano (Rodrigo Pandolfo) vai se casar com o noivo Thiago (Lucas Cordeiro) e sua filha Marcelina (Mariana Xavier) está grávida. Esta vai precisar da presença da mãe para ajudá-la a criar seu bebê e Hermínia terá de aturar a arrogante sogra do filho, que humilha bastante sua família.

Quem conhece Dona Hermínia sabe que ela não deixa por menos e dá respostas à altura quando é provocada por alguém, seja amigo ou desafeto, e consegue sair por cima em situações absurdas e bizarras. Mas o que se vê nessa terceira parte é uma protagonista de pavio curto, à beira do colapso e desesperada ao sentir que está perdendo o contato com os filhos em momentos cruciais, sem esquecer da melancolia que sente ao viajar para o exterior e nos momentos de flashback apresentados, que retratam o período de infância dos filhos, que contou com momentos alegres e de muito aprendizado. A protagonista tenta de todas as formas não perder o controle e procura meios para viver sua vida, mesmo que sem rumo.

A divisão da história em três partes, com flashbacks e retorno do ex-marido no primeiro ato, mudanças dos filhos no segundo e o casamento de Juliano no terceiro retratam muito bem a montanha russa que é a vida de Dona Hermínia, uma mãe dedicada, amorosa, mas que extrapola no apoio que tenta dar a Juliano e Marcelina. Não habilidosa com as palavras e exagerada nas atitudes, Hermínia demora a perceber seus excessos, mas consegue se encontrar no momento em que está em pé de guerra com Ana (Stella Maria Rodrigues), uma burguesa que faz questão de esbanjar e destratar as pessoas que não desfrutam dos mesmos recursos que ela. Ela passa por enormes mudanças até o momento em que sua figura materna é reconhecida e valorizada por Juliano, que ressalta que graças a ela ele é quem é, ao falar sobre sua sexualidade durante seu casamento. A lição que fica é que o amor é importante e todas as formas de manifestação desse sentimento são válidas, e isso é devidamente retratado durante as cenas e ressaltado no altar.

É inegável o talento e a maneira que Paulo Gustavo tem de conduzir a história. Com um roteiro recheado de momentos hilários, ele sabe utilizar as palavras no momento certo, construir diálogos que instiguem e prendam a atenção da plateia e sustentar momentos mais dramáticos e valorizá-los. A narrativa funciona pelas múltiplas situações e a versatilidade da protagonista e do elenco, que oferecem novidades e momentos engraçados e reflexivos. O filme diverte, mas também mostra questões como a maternidade, o casamento e a questão de aceitação de gênero em meio a uma sociedade ainda dividida e com preconceitos. A união homoafetiva é tratada com seriedade e ganha o respeito da plateia com um monólogo de Juliano e a resposta de Dona Hermínia ao discurso de agradecimento do filho.

Divertido, surpreendente e didático, ‘Minha Mãe é uma Peça 3’ surpreende por sua narrativa com ingredientes diversificados, personagens carismáticos e lindas homenagens na cena pós-crédito, com destaque para a mãe de Paulo Gustavo, que inspirou o ator na composição de Dona Hermínia. Vale a pena acompanhar.

Cotação: 4/5 poltronas.

Por: Cesar Augusto Mota

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