Poltrona Cabine: A Grande Mentira/ Cesar Augusto Mota

Poltrona Cabine: A Grande Mentira/ Cesar Augusto Mota

A vida é composta por aprendizados, momentos únicos e também por armadilhas, e é necessário muito jogo de cintura e esperteza para não pisar em falso. Essa última premissa está contida em ‘A Grande Mentira’ (The Good Liar), novo filme de Bill Condon (A Bela e a Fera) que traz duas grandes estrelas em seu elenco, dentre elas Ian McKellen (Sr. Sherlock Holmes) e Helen Mirren (Anna-O Perigo tem Nome). Um verdadeiro jogo de gato e rato e um suspense envolvente para fisgar o público e deixá-lo ainda mais ansioso para o que está por vir.

Inspirado no best seller homônimo de Nicholas Searle, a narrativa nos mostra o golpista Roy Courtnay (McKellen), que tira a sorte grande e conhece por meio de um site de relacionamentos Betty McLeish (Mirren), uma viúva rica e de puros sentimentos. Após Betty abrir sua casa e sua vida a ele, Roy se surpreende e começa a ter uma grande afeição e passa a se importar de verdade com ela, mesmo que não de seu plano e de seu real objetivo, o de roubar toda a sua fortuna.

O primeiro atrativo do filme está na apresentação dos personagens. Roy, um vigarista ganancioso, e Betty, uma mulher solitária e de alma nobre. Ao notar toda a bondade e aparente ingenuidade da vítima, o golpista vai com tudo para cima dela e apresenta ao espectador um plano impressionante e que parece infalível. Já a viúva conta de vez em quando com a visita do neto Stephen (Russel Tovey), um grande pesquisador e especialista em História e que pode ser uma grande pedra no sapato de Roy. O primeiro ato é um convite a um grande suspense e espionagem, mostrando ao público como o ser humano é capaz de se encaixar nas mais diversas situações e o quanto sua mente pode ser manipulada, além do comportamento, que pode dizer muito sobre a pessoa.

Na medida em que o tempo passa e Roy vai percorrendo as etapas de seu próximo golpe, notamos o charme e elegância que o protagonista imprime para chamar a atenção, seduzir sua vítima e fazê-la cair em sua rede. As palavras proferidas, compostas por algumas expressões de efeito, além da combinação da roupa com o ambiente e as conversas articuladas com Vincent (Jim Carter), o cúmplice, são impressionantes, e em dados momentos nos faz acreditar em tudo aquilo que está diante dos nossos olhos. Já Betty também é uma surpresa, ela visivelmente se mostra atraída por Roy, ao mesmo tempo que demonstra ser muito observadora e não é tão boba quanto se pensa.

A montagem e edição também são pontos favoráveis, o tempo presente é perfeitamente aliado ao passado, que traz o período triste da Segunda Guerra e o ambiente da Alemanha nazista. Os acontecimentos pretéritos ajudam a solucionar o enigma e também a conhecer a verdadeira face de Roy Courtnay e se existe uma possível conexão de sua vida com a de Betty McLeish. O plot twist é o maior atrativo da história, que nos faz lembrar da abordagem de Alfred Hitchcock, com um thriller impactante e uma intensa investigação.

Se o enredo e os aspectos técnicos se destacam, o trabalho feito com os dois protagonistas se sobressai, com ambos conduzindo a história com qualidade, equilíbrio e muita intensidade do início ao fim. O espectador até compreende os comportamentos de ambos os personagens, mas sabe que são reprováveis na vida real. A sagacidade de Ian McKellen e a sutileza de Helen Mirren são excelentes ingredientes para uma história que requer não só atenção, mas também parcimônia para acompanhar e encaixar todas as peças de um quebra-cabeça complexo e cheio de caminhos a percorrer. Um enredo agradável de se acompanhar, com muitas surpresas e um desfecho para deixar qualquer um boquiaberto.

Um longa que apresenta um importante estudo sobre a natureza humana, ‘A Grande Mentira’ oferece um grande entretenimento, além de uma história atraente e regada por muito mistério e mensagens importantes. Por mais que erremos ou acertemos em nossas vidas, o preço pelas escolhas feitas é alto e o passado mais cedo ou mais tarde vai ao seu encontro, onde quer que você esteja.

Cotação: 4/5 poltronas.

Por: Cesar Augusto Mota

Top 5: Filmes para você ver no Dia da Consciência Negra

Top 5: Filmes para você ver no Dia da Consciência Negra

Hoje, dia 20 de novembro, celebramos o Dia da Consciência Negra, data que coincide com a morte de  Zumbi dos Palmares, um importante líder que simboliza a luta contra escravidão. Lamentavelmente, o racismo ainda é um problema que assola nossa sociedade e esta é uma grande oportunidade não só para refletir como também para incentivar a luta por igualdade.

Nós do Poltrona de Cinema viemos oferecer a você uma lista com cinco filmes para você acompanhar e entender a importância desta data, instituída desde 2003.

1. Histórias Cruzadas (2012)

A empregada Aibileen (Viola Davis), bem como tantas outras no Mississippi dos anos 60, dedica a vida aos cuidados de uma família branca que  sequer permite que ela utilize o banheiro da casa. Essa é, no entanto, apenas uma parte da rotina da personagem, que ainda é obrigada a ouvir os maiores desaforos dos patrões e ver todas as injustiças sofridas pela comunidade negra na região. Para ter voz nesse cenário, ela se alia a Skeeter (Emma Stone), uma jornalista contestadora, para expor os bastidores do dia a dia das empregadas, o que causa curiosidade e muito desconforto. “Histórias Cruzadas” se destaca pela construção das personagens e forma com a trama aborda a segregação naquela região norte-americana.

2. 12 anos de escravidão (2013)

12 anos de escravidão

Solomon Northup, personagem principal, e todos os negros no período de escravidão, têm as injustiças sofridas durante esse período, apresentadas nessa produção.

A vida tranquila de Solomon, homem negro nascido livre, ao lado da esposa e filhos, é transformada quando ele é sequestrado e vendido como escravo. A partir de então, 12 anos são marcados por humilhações, violência e exploração.

A luta por sobrevivência e estabilidade emocional ao ser vítima da maldade existente no coração do homem te levarão a pensar como a cor pode separar as pessoas, e não te deixarão indiferente ao sofrimento causado pela escravidão.

3. Moonlight: sob a luz do luar (2016)

Moonlight

O drama estadunidense, lançado em 2016, apresenta a vida de Chiron, personagem principal, em suas 3 fases: infância, adolescência e juventude.

O filme aborda a procura do jovem por respostas para seus questionamentos mais íntimos, na busca de entender sua origem. Durante esse percurso, os fatos da vida de Chiron são apresentados.

O racismo e a homofobia são temas abordados nessa produção, em que um jovem tenta construir sua identidade numa sociedade que o oprime. A insensibilidade e a violência com um homem negro é moldado em um mundo preconceituoso que fará você refletir sobre os conflitos vividos por Chiron.

 

4. Estrelas além do tempo (2016)

Estrelas além do tempo

O drama biográfico estadunidense, lançado em 2016, relata os acontecimentos durante a corrida espacial entre Estados Unidos e União Soviética. As protagonistas do longa-metragem são mulheres negras que se destacaram pela decisiva atuação nesse período, embora permanecessem no anonimato.

O preconceito tentou brecar três cientistas negras de subir na hierarquia da NASA, mas hoje são reconhecidas pelos seus feitos. Filmes desse calibre dão voz à luta das mulheres em uma sociedade com segregação institucionalizada.

5. Pantera Negra (2018)

pantera negra

O primeiro filme solo do super-herói Pantera Negra, da Marvel Comics, apresentou no cinema uma mistura de ficção e realidade, trazendo protagonismo à população negra africana, exaltando sua cultura e enaltecendo suas origens.

Embora a subjugação dos africanos por outras nações e a escravidão sejam citadas na trama, o longa-metragem traz uma nova abordagem sobre ricas histórias e reinados no continente.

Prestes a assumir o trono deixado por seu pai, T’Challa tem sua história narrada durante o recebimento dos poderes passados entre as gerações da sua família. É interessante notar que a figura feminina é valorizada na trama como fundamental na resolução de problemas e o elenco é quase todo composto por atores negros.

O sucesso de bilheteria desse filme dá suporte a uma reflexão sobre o processo de colonização do continente e suas consequências. É um convite ao conhecimento  e a história da África.

 

Poltrona Cabine: Um Dia de Chuva em Nova York/ Cesar Augusto Mota

Poltrona Cabine: Um Dia de Chuva em Nova York/ Cesar Augusto Mota

Consagrado por trazer ao público histórias que se passam em cenários inspiradores, personagens cativantes e histórias com muitos dilemas, críticas sociais e grandes reviravoltas, o cineasta Woody Allen (Roda Gigante) está de volta. Envolvido em diversas polêmicas nos últimos anos e após enfrentar problemas para distribuir seu mais novo filme, o diretor volta com a corda toda com ‘Um Dia de Chuva em Nova York’ (A Rainy Day in New York), uma produção que traz atores jovens em seus papéis principais. Será a volta por cima após um filme mediano ou irá oferecer mais do mesmo?

No centro da narrativa está o casal Gatsby Wells (Timotheé Chalamet) e Ashleigh Enright (Elle Fanning). Ele é um jovem bon vivant e que consegue faturar uma graninha nas partidas de pôker, já ela é uma estudante de jornalismo do Arizona e que vai passar um fim de semana com o namorado em Nova York, mas acaba por ter a chance de entrevistar um grande diretor cult, Roland Pollard (Liv Schreiber). Os planos dos dois tomam rumos diferentes e seus caminhos são traçados durante um dia chuvoso na Big Apple, ocasião na qual eles vão refletir acerca de suas escolhas, do futuro e passarão a vislumbrar o amor sob novos olhares.

Assim como ocorre em ‘Meia Noite em Paris’ (Midnight in Paris), o personagem-central se vê em meio a um quadro caótico, que beira à neurose e seus dilemas se entrelaçam a assuntos como infidelidade, fama e, principalmente, cinema. Gatsby, enquanto circula pelas ruas de Manhatan, acaba por encontrar Shannon (Selena Gomez), irmã de uma ex-namorada, e em suas conversas com ela passa a pensar melhor sobre quais caminhos deve seguir em relação à carreira e o futuro de sua relação com Ashleigh. Já esta acaba por conhecer três homens diretamente ligados à sétima arte, como o cineasta Roland Pollar (Schreiber), o roteirista Ted Davidoff  (Jude Law) e o galã Francisco Vega (Diego Luna), e num piscar de olhos acaba fisgada pelo mundo do cinema, o que afeta totalmente sua vida e tudo ao seu redor.

É inquestionável a capacidade de Allen em transformar uma cidade em personagem e mais uma vez ele consegue em sua produção. Nova York é o palco responsável por realizar grandes transformações nos personagens, dando a eles mais vida ao transitarem pelos cartões-postais da cidade, além de despertar amor e intensidade nos corações dos protagonistas. A fotografia, assinada por Vittorio Storaro, é um elemento que contribui para a beleza estética e a magia vivenciada pelos intérpretes, que ocorre com um belo contraste da chuva com os raios de sol em sequências oníricas. Os protagonistas lidam com o acaso e as escolhas que fazem são decisivas para seus destinos e para a sequência do filme.

Se o sonho e o cinema, elementos muito presentes nas obras de Allen e revisitados nessa produção, se sobressaem, o roteiro tem um desenvolvimento com sensação de déjà vu, sem trazer alguma novidade. Os personagens veteranos, vividos por Jude Law (Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald), Diego Luna (Se a Rua Beale Falasse) e Liv Schreiber (Amante a Domicílio) dão suporte ao núcleo jovem, mas não são devidamente aprofundados, dando a sensação de que algumas lacunas poderiam ter sido preenchidas. Quanto aos jovens, Timotheé Chalamet (Me Chame pelo Seu Nome) transmite com segurança todas as angústias e conflitos internos de seu personagem e consegue achar sua catarse ao longo que descobre Nova York e as pessoas que passam por essa lúdica cidade. Elle Fanning (Malévola: Dona do Mal), ao viajar pela magia do cinema e se deixar seduzir por essa atmosfera hipnotizante, ilustra uma personagem um tanto vulnerável, mas cheia de sonhos, que tenta aproveitar da melhor forma possível cada momento. Por fim, Selena Gomez (Vizinhos 2) vive uma personagem diferente das que já interpretou, uma garota despojada, irônica, sarcástica e disposta a se jogar de cabeça e enfrentar todas as armadilhas da vida. Gomez consegue se destacar e demonstra um de seus melhores trabalhos na carreira, tendo ainda muito a oferecer.

‘Um Dia de Chuva em Nova York’ representa um retorno às origens de Woody Allen, com uma Nova York bela, apaixonante e capaz de influenciar psicologicamente os personagens. As tramas se misturam e acabam por encontrar um denominador comum na medida em que o espectador junta as peças dos quebra-cabeças. Se não surpreende pela falta de originalidade, Allen ainda nos brinda com histórias sólidas, divertidas e envolventes.

Cotação: 3,5/5 poltronas.

Por: Cesar Augusto Mota

Poltrona Cabine: Medo Profundo-O Segundo Ataque/ Cesar Augusto Mota

Poltrona Cabine: Medo Profundo-O Segundo Ataque/ Cesar Augusto Mota

Apresentar ao público um thriller de sobrevivência com muita tensão e alta adrenalina já é uma tarefa complexa, e lançar uma sequência com potencial para manter o sucesso é ainda mais. Em 2017, o diretor Johannes Roberts apresentou ‘Medo Profundo’ (47 Meters Down), que garantiu uma audiência surpreendente. Agora está prestes a chegar ‘Medo Profundo: O Segundo Ataque’ (47 Meters Down:Uncaged), continuação com premissa semelhante e um novo ambiente. O título pode até causar arrepios e deixar os espectadores ansiosos, mas nem sempre o que se espera realmente acontece.

A história se passa na Península de Yucatã, no México, com quatro adolescentes explorando as ruínas de uma cidade submersa, mas acabam se perdendo em meio a uma caverna cheia de labirintos. As amigas Mia (Sophie Nélisse), Sasha (Corinne Foxx), Alexa (Brianne Tju) e Nicole (Sistine Stallone) terão que descobrir a saída do local e uma forma de escapar de perigosos tubarões brancos presentes na região, mas terão de lidar com a escassez de oxigênio e o percurso por caminhos estreitos, de difícil acesso.

O início da narrativa apresenta o relacionamento difícil entre as irmãs Mia e Sasha, além do bullying sofrido pela primeira na escola. Já a família não enfrenta problemas, tudo está na mais perfeita harmonia, e num fim de semana as amigas Alexa e Nicole resolvem arrastar Mia e Sasha para um passeio do lado oposto da cidade, num mergulho que pode ser um acontecimento épico e único na vida de todas elas. Mas são surpreendidas primeiramente por um peixe cego que emite um forte som, mesmo no fundo do mar, e o barulho acaba por atrair os tubarões brancos, fortes predadores que, mesmo com pouca visão, se guiam pelo cheiro das presas e o barulho. A primeira parte é bem construída, mas o que vem a seguir já começa a decepcionar.

Por se tratar de um longa que envolve terror, violência e sangue, o público espera membros decepados e sangue jorrando, o popular gore. Porém, não é o que acontece, os ataques são discretos e algumas sequências não são críveis, principalmente no tocante à diminuição de oxigênio, mas esses problemas são contornados pelo ritmo intenso das personagens e a iluminação embaixo d’água, sem artificialidade. Em dados momentos há espaço para as personagens e também o público ganharem novo fôlego, há superfícies que podem ser alcançadas e as cabeças serem colocadas para fora da água enquanto buscam uma saída.

O clímax se dá de forma satisfatória, mas a conclusão da história desafia a lógica, o diretor opta mas por divertir o público do que mostrar ações que façam sentido, e isso acaba por funcionar bem. A sensação de que o filme poderia ter apresentado muito mais é a que fica, mas é um bom produto para o entretenimento.

‘Medo Profundo: O Segundo Ataque’ é uma boa diversão para quem curte filmes com predadores e luta por sobrevivência, mas está longe do clássico ‘Tubarão’ e obras similares, e peca pela preguiça do roteiro e na falha de execução das ações.

Cotação: 3/5 poltronas.

Por: Cesar Augusto Mota

Maratona Oscar/Poltrona Resenha: Parasita/ Cesar Augusto Mota

Maratona Oscar/Poltrona Resenha: Parasita/ Cesar Augusto Mota

Quer um filme com boa dose sarcástica e que faça críticas sociais e mostre que o meio é capaz de influenciar no comportamento humano? Vencedor da Palma de Ouro em Cannes, ‘Parasita’ (Parasite), filme sul-coreano de Bong Joo Ho (O Hospedeiro) vem para impactar e fazer o espectador refletir sobre o capitalismo e a constante luta de classes e suas diferenças.

A história apresenta dois núcleos familiares que vivem realidades diferentes. A família Kim, composta por Ki-taek (Song Kang-ho), o pai; Choong-sook (Jang Hye-jin), a mãe e os filhos Ki-woo (Choi Woo-shik) e Ki-jung (Park So-dam) vivem na escala da pobreza e sobrevivem dobrando caixas de pizza. Do outro lado, os Park, uma família rica e que vive na ostentação, com o pai, o senhor Park (Lee Sun-kyun); a mãe, Yeon-kyo (Cho Yeo-jeong) e os filhos Da-hye (Jung Li-so) e Da song (Jung Hyun-joon). Tudo começa a mudar quando Ki-woo, da família Kim, recebe proposta para trabalhar como professor de inglês na mansão dos Park, e o primeiro núcleo começa a elaborar sucessivos planos para cada membro se inserir dentro da casa dos Park e alcançar uma rápida ascensão econômica. Todos os truques feitos de maneira meticulosa e em dados momentos com requintes de crueldade, tudo para os Kim conseguirem se dar bem, não importa o que fizessem.

O roteiro apresenta de início uma narrativa de ritmo lento, em seguida, após as artimanhas dos Kim, vemos não só diferenças de classes, mas também de personalidades, estes são mais secos e fechados, os Park são mais ingênuos e carismáticos. Do segundo para o terceiro ato, o choque no público, que mostra que os atos definem o destino das pessoas e que a vida cobra de cada um, a depender do que cada um faça e a maneira como leva a vida. O contraste é importante para mostrar o quão é absurda e também a enorme lacuna existente na Coréia do Sul. É  feita uma crítica leve, principalmente na apresentação das casas e dos becos nas periferias de Seul. Os Kim usam de piadas para lidar com os problemas do dia a dia e são mostrados como pessoas ambiciosas e sedentas por melhores condições de vida, mesmo que se utilizem da prática de crimes para alcançar seus objetivos.

Outro ponto importante no longa está no olhar para o futuro e a preocupação de cada um dos Kim ao vislumbrar a possibilidade de mudança de classe. Ki-woo chega a cogitar comprar a casa dos Park e a construir família, ele é o mais lúcido de todos, o ponto fora da curva. Do lado dos Park, impressiona a inocência de Yeon-kyo e a relação amistosa com seus empregados, os antigos e também com os Kim, sem suspeitar do que eles tramavam contra sua família. O espectador sente empatia pelos Park e por alguns membros dos Kim, méritos do diretor que conseguiu construir um perfeito contraste entre a classe burguesa e a pobre e ilustrou com precisão o quão dura a realidade pode ser, principalmente no momento em que um forte temporal tomou conta do país.

Com bom equilíbrio entre humor e drama, ‘Parasita’ oferece uma trama envolvente, impactante e que fará o público fazer importantes comparações e interpretações acerca de panoramas sociais tão distópicos, tanto na sociedade oriental como ocidental. Um estudo social importante e necessário nos dias de hoje.

Cotação: 5/5 poltronas.

Por: Cesar Augusto Mota