Poltrona Cabine: Divaldo-O Mensageiro da Paz/ Cesar Augusto Mota

Poltrona Cabine: Divaldo-O Mensageiro da Paz/ Cesar Augusto Mota

Em um mundo tão cercado de ódio, intolerância e falta de amor ao próximo, algumas pessoas não conseguem encontrar uma razão para viver e acabam optando por caminhos obscuros, dentre eles o suicídio. Há quem acredite que não existam saídas e que está desamparado, mas sempre há soluções quando menos se espera. O diretor Clóvis Mello vem com uma proposta de mostrar ao público não um documentário ou cinebiografia, mas uma obra que mostra um homem cuja missão é a de propagar caridade, amor e respeito. Divaldo Pereira Franco, um dos maiores médiuns do país é ilustrado em ‘Divaldo-O Mensageiro da Paz’, que acumula 72 anos de dedicação à doutrina espírita.

Nascido em Feira de Santana, no interior da Bahia, Divaldo Franco convive com a mediunidade desde os 4 anos de idade. Perturbado com o que vê, é rejeitado por outras crianças e reprimido pelo pai. Aos 17 anos, se convence de que não pode negar seu dom. Com o apoio da mãe, entra em contato com o espiritismo e muda-se para Salvador para estudar a doutrina. Sob a orientação de sua guia espiritual, Joanna de Ângelis (Regiane Alves), o jovem supera a saudade da família e a solidão da cidade grande e abraça sua missão. Poucos anos depois, aquele menino inseguro de Feira de Santana torna-se um dos médiuns mais importantes do país e abre mão de sua vida pessoal para dedicar-se à caridade.

A história de Divaldo é retratada em três fases e com grandes atuações dos três atores, principalmente de Guilherme Lobo, pois durante a juventude Divaldo se encontra e entende a essência do espiritismo e como a mente funciona diante das tentações e provações, e Lobo consegue imprimir autenticidade em sua atuação. Já Bruno Garcia vem para complementar o jovem Divaldo e com foco na pregação do amor e a realização da caridade. A sensibilidade com a qual o espiritismo é tratado na obra merece ser destacado, e sua doutrina não é forçada, é apenas ilustrada a título de conhecimento aos espectadores e apresentada como um dos caminhos que o ser humano pode ter e que existe vida além-túmulo.

Além do espiritismo e do bonito trabalho realizado por Divaldo Franco, uma leve crítica é feita à Igreja Católica, alguns ensinamentos são aceitos, outros, não. A intenção não é a de diminuí-la e tampouco de colocar o espiritismo como a melhor religião, mas mostrar que existem diferentes visões de mundo e doutrinas, mas cada um possui livre arbítrio. E o íntimo do ser humano também é bem explorado, e todas as tentações que podem vir a influenciar alguém só dependem da mente, se a própria pessoa permitir que o mal se aproxime. E o mal é personificado no espírito obsessor vivido por Marcos Veras, que mostra muita segurança em cena e a capacidade de encarnar personagens fora do gênero humor. E sem esquecer de Regiane Alves, como Joana de Ângelis, que inicialmente se apresenta a Divaldo como espírito amigo, a encarregada de mostrar ao médium que antes de propagar qualquer ensinamento, é necessário ter humildade.

De espírito elevado, forte e engajado em causas humanitárias, ‘Divaldo-O Mensageiro da Paz’ traz importantes lições para a vida e belas mensagens, e não vem com o propósito de convencer as pessoas de alguma coisa. Sem dúvida a trajetória de Divaldo Franco possui potencial para tocar nos corações de muitas pessoas.

Cotação: 3,5/5 poltronas.

Por: Cesar Augusto Mota

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