Animações com brinquedos que ganham vida à distância dos olhos humanos sempre mexem com o imaginário do público, seja de crianças ou de jovens, ainda mais se vierem acompanhados de grandes aventuras e histórias que empolguem e prendam a atenção. Porém, não acontece nada disso com ‘Os Brinquedos Mágicos’ (Toys and Pets), de Gary Wang, uma produção chinesa que traz traços da cultura oriental e toda sua arte milenar.
Vemos de início pequenos bonecos que ganham cores diferentes quando despejam chá em seus corpos. Quanto mais profunda a cor, mais precioso é o boneco. Nathan vive em uma loja de chá com seus amigos, mas ele não consegue mudar de cor e sofre com as gozações dos colegas. Quando um robô surge e diz ser do futuro, Nathan e seus amigos decidem se unir a ele e embarcar em uma aventura, que envolve o sumiço de Mei, um dos bonecos, sequestrada por Raio, um rato que vive nos esgotos e coleciona peças raras.
Quem lê a sinopse, logo se anima, mas o que se imagina ser o objetivo do protagonista, o resgate de Mei, a única boneca do grupo, acaba por ficar em segundo plano, e retornando somente na reta final da narrativa. A preocupação inicial fica em delimitar as angústias e anseios de Nathan e Futurobô, o robô do futuro: o primeiro quer mudar de cor e ser aceito por seu grupo, o outro quer se livrar da dependência do comando de voz e ter controle sobre sua vida. A relação de amizade entre eles até é bem explorada, mas o ritmo da trama é demasiadamente apressado, e os conflitos internos não são bem abordados.
O vilão é bem caricato, não possui bons contornos e suas ambições são abordadas superficialmente, como a vontade de guardar relíquias e explorar a beleza. Falta um enredo bem amarrado, que instigue a plateia, além de personagens convincentes e cativantes. A estética é agradável, mas falta um roteiro consistente. A busca pela felicidade ou aceitação? Não faltaram palavras de efeito, mas o espectador fica confuso com a enorme quantidade de eventos que acontecem, mas grandes oportunidades não são aproveitadas, como uma melhor compreensão do universo de Nathan e Futurobô, além de uma abordagem mais incisiva sobre a revolução na China e as grandes transformações econômicas pelos quais o país passou, entrando de vez no mundo capitalista.
Mas nem tudo está perdido nessa obra. As texturas são belíssimas, o plano visual lembra muito o de Toy Story, e os recursos empregados para mostrar a visão de Futurobô ilustram com precisão a inteligência artificial e todos os seus benefícios, além dos portais e feixes de luz que o robô utiliza para escanear todo o ambiente e demonstrar que de fato vem do futuro. São elementos compensadores para uma produção que prometia e ficou devendo.
Apesar de superficial e com uma trama composta por diversas lacunas, ‘Os Brinquedos Mágicos’ é uma animação que proporciona entretenimento e nos faz viajar por um mundo repleto de magia e rico em cultura. Uma obra que diverte por pouco tempo, e nada mais, infelizmente.
Cotação: 2,5/5 poltronas.
Por: Cesar Augusto Mota
