Poltrona Cabine: Voando Alto/ Cesar Augusto Mota

Poltrona Cabine: Voando Alto/ Cesar Augusto Mota

Saber conviver com as diferenças e respeitá-las. No contexto atual, vemos que isso ainda está longe de ocorrer, lamentavelmente, no que concerne à espécie humana. Esse problema é abordado no mundo animal e em formato de animação, notamos clara rivalidade e ojeriza entre andorinhas e gaivotas em ‘Voando Alto’, produção de baixo orçamento. Parece interessante, mas será que a história é bem construída e o arco dramático bem traçado, a ponto de empolgar a plateia?

A animação aborda a história de Manou (Josh Keaton), uma andorinha que acaba por parar, ainda no ovo, no ninho de um casal de gaivotas. Ele é adotado e criado de forma diferente, mas não se sente integrante de sua própria espécie, tendo em vista que há características de andorinha que não batem com a de uma gaivota, como bater asas em vez de planar e comer insetos, ao contrário da segunda espécie. Esses claros sinais de incompatibilidade provocam o espanto de alguns e sentimento de reprovação de outros do bando, fazendo o protagonista descobrir outras andorinhas na região e, consequentemente, se sentir parte integrante de um grupo.

Quem acompanha sente que já viu algumas coisas antes, como um bicho que pensa que é outro e uma ave que tenta e não consegue voar. Na mente, já aparecem imagens de ‘A Era do Gelo 2’ e ‘Rio’, mas não se trata de plágio, são meras referências a duas produções de sucesso. Mas a história beira o previsível e não oferece muitos desafios ao protagonista, os percalços surgem, mas são de fáceis resoluções. Nota-se que a animação foi feita mais para atrair o público infantil, mas não atrai faixas etárias maiores, tendo em vista a história simples, infantilizada e o conto do patinho feio feito de forma moderna.

Mas nessa produção nem tudo é irregular, como o roteiro e as texturas dos personagens, a mensagem transmitida é bonita e edificante, as diversidades existem, mas todos são iguais. Além disso, a empatia que a animação traz também é outro elemento de valor, com a relação de Manou com Luke, seu irmão gaivota, e a amizade que constrói com o bando de andorinhas e a cumplicidade que existe entre ele e Kalifa, a líder do grupo de sua espécie.

Apesar da preocupação em entregar uma boa história e transmitir belas mensagens, ‘Voando Alto’ ficou com um gosto de quero mais, afinal, uma animação pede uma estética mas bem elaborada e uma narrativa mais envolvente e complexa, faltou ousadia e firmeza aos produtores, que preferiram enveredar por caminhos já conhecidos do grande público.

Cotação: 3/5 poltronas.

Por: Cesar Augusto Mota

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