Poltrona Séries: Chernobyl- 1ª Temporada/ Cesar Augusto Mota

Poltrona Séries: Chernobyl- 1ª Temporada/ Cesar Augusto Mota

Criada por Craig Mazin (Se Beber Não Case! 2) e dirigida por Johan Renck (Breaking Bad), ‘Chernobyl’, a nova série da HBO, reconta os acontecimentos que envolvem o maior desastre nuclear testemunhado pela humanidade. Em 26 de abril de 1986, o reator número quatro da usina nuclear de Chernobyl, ao norte da Ucrânia, explodiu, liberando uma nuvem de radiação que se espalhou por boa parte do hemisfério Norte. Consequentemente, foi liberado na atmosfera terrestre um nível de radiação equivalente a 400 bombas atômicas de Hiroshima.  Uma produção que, sem dúvida, merece nossa atenção, principalmente em uma época de declínio da antiga União Soviética.

Logo no primeiro episódio surge uma frase que impacta o espectador muito antes dos eventos trágicos serem apresentados na tela: “Como um reator RBMK explode?” E essa indagação serve para diminuir uma possível distância existente entre pessoas que apenas ouviram falar e não acompanharam o caso na época, colocando-as no cenário devastador e de tragédia sem precedentes. Em seguida, são mostrados muitos bombeiros em meio aos escombros na esperança de resgate por vítimas com vida contaminadas por urânio e crianças brincando perto do cenário devastado pelo acidente nuclear. E sem esquecer das muitas pessoas impressionadas com o brilho no céu durante a noite.

Além da tragédia, o sentimento de culpa e a preocupação com a imagem da União Soviética perante o mundo também são bem trabalhados. Valery Legasov (Jared Harris), o Diretor do Instituto Kurchatov de Energia Atômica de Moscou, responsável por criar os reatores RBMK utilizados em Chernobyl, é um dos centros da série, em uma jornada épica e que protagoniza grandes embates com Lyudmilla Ignatenko (Jessie Buckley), representante do conjunto de cientistas que trabalharam na reparação da tragédia. Em cinco episódios, a série apresenta um arco envolvente e personagens capazes de despertar comoção e compaixão pelas vítimas, além de dar um importante sinal de alerta sobre energia nuclear, que pode vir a se tornar uma arma nas mãos do ser humano, e muitas vezes letal.

A incrível ambientação e os dramas psicológicos causados após a explosão do reator foram realizados com primor, e as discussões proporcionadas acerca dos interesses acima da preservação humana e possíveis perigos de evolução da Terra em meio à falta de cuidado do ser humano com a natureza e o mal uso de material radioativo enriquecem o trabalho da HBO e tornaram essa série muito aclamada nos Estados Unidos e diversas partes do mundo, e não foi à toa. Há realidade mesclada com ficção, uma obra com o intuito de causar impacto e ao mesmo com a intenção de trazer informações didáticas. E não se deve esquecer também do cunho filosófico da série, que reflete o caráter do ser humano em escancarar ou acobertar a verdade, com a frase de Legasov: “Quando a verdade ofende, mentimos até não nos lembrarmos mais dela”.

Se você está disposto a assistir a uma série diferente, que se preocupa não só em reconstituir uma tragédia, mas proporcionar um envolvimento maior do espectador com debates acerca da ciência, do ego humano e das consequências de nossas escolhas, seja em quaisquer situações, ‘Chernobyl’ consegue entregar tudo isso com louvor e deixar uma profunda marca. Vale a pena acompanhar, um trabalho digno de elogios e aplausos da HBO.

Cotação: 5/5 poltronas.

Por: Cesar Augusto Mota

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