Poltrona Cabine: Rocketman/ Cesar Augusto Mota

Poltrona Cabine: Rocketman/ Cesar Augusto Mota

Divertido, irreverente, honesto e talentoso. Assim é Reginald Dwight, ou melhor, Elton Hercules John, grande astro do show business e que ostenta o título de sir concedido pela rainha Elizabeth II, da Inglaterra. ‘Rocketman’, a cinebiografia dirigida por Dexter Fletcher (Bohemian Rhapsody), vem para sensibilizar e empolgar o público, além de explorar diversas camadas de uma lenda da música que consegue também ser bastante controversa, e com a atuação de um talentoso Egerton (Kingsman: O Círculo Dourado), figura que vem sendo bastante aclamada por espectadores e crítica.

Logo de início nos deparamos com Elton (Egerton) em uma reunião dos AA (alcoólicos anônimos), uma cena que ilustra a fragilidade do protagonista e um gancho para que ele comece a contar sua história, boa parte dela com eventos reais e outros mesclados com fantasia. Nada é escondido, tudo está ali à mostra para o espectador, como seu vício em drogas, sexo, sua homossexualidade e suas intrigas com a imprensa e o compositor e amigo Bernie Taupin (Jamie Bell), principalmente no momento em que interpreta a canção “Goodbye Yellow Brick Road”, que destaca um possível afastamento dos dois. Elton não é apontado como um deus e um ser onipotente, mas alguém que possui virtudes e defeitos e sujeito a armadilhas da vida, e isso torna a história interessante e cada vez mais dinâmica, tendo em vista a quantidade de eventos inseridos e explorados ao longo dos 120 minutos de projeção.

O filme não poderia deixar de ter sua roupagem musical, com grandes sucessos de Elton sendo interpretados pelo próprio Taron Egerton e cada música com uma ligação entre os eventos apresentados durante a trama. Os personagens secundários também ganham destaque e são importantes na evolução do protagonista, como o empresário John Reid (Richard Madden), o pai, Stanley (Steven Mackintosh) e a mãe, Sheila (Bryce Dallas Howard). O primeiro é um aproveitador e quer usá-lo para se enriquecer, o segundo não possui afeto por ele e a terceira extremamente egoísta e bem distante do filho. Tudo isso fez Elton perceber que ele antes de amar ao próximo era incapaz de amar a si mesmo, o que desencadeou uma série de problemas internos e também discussões acaloradas ao logo da vida, mas que o fizeram refletir e melhorar como pessoa.

Se Elton tinha defeitos, sobravam qualidades para ele, com um bom timbre de voz, alta afinação e uma maneira de interpretar as músicas de se encher os olhos, com um entusiasmo fora do comum e colocando muito sentimento nas letras das canções. A direção de arte e de fotografia contribuem bastante para o espectador apreciar o talento de Elton e suas altas performances nos shows, com o brilho das luzes, um ótimo jogo de sombras, o público indo ao delírio e o intérprete flutuando literalmente no palco, levado por sua empolgação e de seus fãs. Uma espécie de rei que valoriza seus súditos e os brinda com muito carisma, belas músicas e excelentes performances com seus figurinos e adereços exóticos, coisas que só Elton conseguia fazer.

A atuação de Taron Egerton é excelente, ele consegue trazer o público para perto dele e convencer ao interpretar o artista e o ser humano Elton John, um homem que sabia se destacar na multidão por suas voz e suas roupas, mas que tinha dificuldades de criar laços com as pessoas por conta de sua fobia de ficar sozinho e por ser muito inseguro. O timbre de voz nas músicas é semelhante ao de Elton, mas Egerton consegue dar sua própria versão para as interpretações, o que torna a obra mais atrativa e não uma tentativa de um ator talentoso tentar imitar a voz de um ícone consagrado da música. A escolha de Egerton para o papel principal foi uma das mais acertadas, e dentre o elenco secundário, Jamie Bell (Quarteto Fantástico) na pele do compositor e parceiro de Elton, Bernie Taupin é o maior destaque. O personagem de Bell representa o amigo, o conselheiro, um dos grandes alicerces de Elton na falta de apoio dos pais e um dos principais responsáveis pelo sucesso inicial e retomada da carreira devido aos problemas do astro com drogas e álcool. Bernie Taupin foi uma espécie de anjo da guarda, figura crucial na vida profissional e pessoal de Elton e que também merece elogios.

Com proposta de divertir e ao mesmo tempo emocionar a plateia, retratando todas as camadas de vida do astro Elto, mas sem suavizar sua trajetória, que também foi cercada de polêmicas, ‘Rocketman’ acerta a mão e presenteia os fãs do cantor e de música de qualidade com uma trajetória de sucesso e superação e uma trilha sonora de altíssimo nível e de tirar o chapéu. Sem dúvida uma experiência que pode ser inesquecível para quem for ver.

Cotação: 5/5 poltronas.

Por: Cesar Augusto Mota

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