Maratona Oscar: A Voz Suprema do Blues/Anna Barros

Maratona Oscar: A Voz Suprema do Blues/Anna Barros

Um filme lindo, sublime com atuações esplendidas de Chadwick Boseman, in memoriam, e Viola Davis. Ambos concorrem na categoria de Melhor Ator e Melhor Atriz. Chadwick teria como rival Gary Oldman de Mank e Viola, Frances Mcdormand de Nomadland.

Em meio aos anos 20, regado pelo som do blues e com o racismo disfarçado de boas intenções, o longa se passa no espaço de uma tarde de calor em Chicago, durante a gravação de um álbum da cantora Ma Rainey (Davis, praticamente irreconhecível no papel). A personalidade forte da artista pode ser percebida desde os primeiros momentos do filme, quando se apresenta no palco ao lado de sua banda.

Ma quer colocar o sobrinho para gravar uma música enquanto se relaciona com uma menina que acaba se apaixonando por Levee, vivido por Chadwick Boseman. Os monólogos de sofrimento e desespero de Levee são potentes porque ele está no grupo mas quer fazer carreira solo, vende suas canões para o dono da gravadora e quer parar com isso. Discute com os componentes da banda e quer sugerir a sua música para Ma Rainey, o que ela rejeita. Ela se impõe com patrocinadores e com a gravadora mas mesmo assim se vê um racismo velado com Levee.

O filme se parece muito com uma peça de teatro em seu ritmo e emociona. A história se baseia em fatos reais mas o roteiro se permite um recorte para discutir o racismo estrutural no meio artístico.

Acho barbada Chadwick levar o Oscar apesar de minha torcida ser por Gary Oldman, de Mank e creio que Viola vai disputar pau a pau com Frances por Nomadland. Viola ganhou o SAG de Melhor Atriz. Sua atuação é esplendorosa, emocional e visceral.

O filme me tocou muito. Vale muito a pena ver, ainda mais com um final surpreendente para Levee.

Disponível na Netflix.

Festival do Rio 2018: As Viúvas/ Cesar Augusto Mota

Festival do Rio 2018: As Viúvas/ Cesar Augusto Mota

Imagine um filme complexo, caracterizado como um thriller de ação, com personagens de personalidades fortes e objetivos bem definidos e uma narrativa que faz fortes críticas sociais e que diz muito sobre a cidade que é palco de todas as ações da trama. ‘As Viúvas’ (Widows), novo trabalho do diretor Steve McQueen (12 Anos de Escravidão), traz um longa-metragem sólido e um elenco dotado de grandes astros e que prometem bastante ao longo dos 129 minutos de projeção, dentre eles: Viola Davis, Michelle Rodriguez, Elizabeth Debicki, Colin Farrell, Carrie Coon, Liam Neeson, Daniel Kaluuya, Robert Duvall, Jon Bernthal, entre outros.

Inspirada na obra de Lynda La Plante, a adaptação é levada às telonas por McQueen, que conta a história de três viúvas, Verônica Rawlins (Davis), Linda (Rodriguez) e Alice (Debick) e uma cúmplice, Belle (Cyntia Erivo), que planejam realizar um grande assalto no mesmo local em que seus maridos tentavam roubar e foram mortos em um atentado. Paralelamente, há uma disputa eleitoral na cidade de Chicago ao cargo de vereador, com ambos os candidatos, Jack Mulligan (Colin Farrel) e Jamal (Brian Tyree Henry) tendo alguma ligação com Harry Rawlins (Liam Neeson), marido de Veronica. O grupo de Jamal vai cobrar de Veronica uma dívida que Harry tinha com ele, e, se vendo em um beco sem saída, Veronica terá que se desdobrar com suas companheiras para verem o plano ser bem-sucedido e se livrarem das mais terríveis perseguições que se configuram.

Escrito por Gillian Flynn (Garota Exemplar), o roteiro aborda pontos importantes, como a disputa por poder, dinheiro, avareza e vingança, e alguns desses elementos são atribuídos a Chicago, local em meio a uma onda de criminosos e corrupção, com campanhas políticas que visam mais a apontar quem vai controlar o 18º distrito, já há algum tempo nas mãos da família de Jack Mulligan. Acerca dos dramas pessoais das protagonistas, elas demonstram ter muita sagacidade, ambições diversificadas e muita cumplicidade, apesar da resistência de aderência ao plano proposto por Veronica no início. A líder do grupo, apesar de sua mente um pouco perturbada, consegue envolver todas as suas parceiras e a engajá-las a aderir a seu plano e dar o bote em seus oponentes no momento oportuno.

O ritmo da narrativa é frenético e com pouco espaço para reviravoltas. Há apenas uma, na reta final da história, mas nada que traga prejuízo ao que foi visto pelo espectador, e cada personagem ilustra perfis bem definidos e com intenções nobres por trás, mesmo que as atitudes sejam questionáveis. Os vilões da trama também são convincentes e movimentam a história, sendo todos ameaças reais à vida de Veronica e suas cúmplices, destaque para Jatemme, personagem de Daniel Kaluuya (Corra), braço-direito de Jamal.

Acerca das atuações, sem dúvida o destaque maior vai para Viola Davis, vencedora do Oscar por ‘O Limite entre Nós’ (Fences). Dona de um enorme talento, Davis mostra que está em uma ascendente e fazer papéis mais dramáticos é realmente o seu carro-chefe,  ela sabe transparecer emoção, ser séria no momento que deve ser e derramar lágrimas nas ocasiões mais fortes. No núcleo masculino, Colin Farrel (O Estranho que Nós Amamos) apresenta um personagem com sede de poder e disposto a não largar o osso, e a participação de Robert Duvall (Jack Reacher) é um excelente oponente a Jack Mulligan. Em vez de conselheiro, o pai é o único a querer peitá-lo e fazê-lo desistir de seu propósito, o de continuar a controlar o clã de sua família.

Apesar de um clímax e desfecho frustrantes, ‘As Viúvas’ funciona como thriller de ação, há muitas fortes e críticas bem pesadas à sociedade contemporânea. Quem for assistir certamente vai se surpreender.  É mais um eficiente trabalho de Steve McQueen, com filmes mais diversificados e personagens complexos.

Cotação: 4/5 poltronas.

Por: Cesar Augusto Mota

Longa ‘As Viúvas’, protagonizado por Viola Davis, abre o Festival do Rio

Longa ‘As Viúvas’, protagonizado por Viola Davis, abre o Festival do Rio

Longa da Fox Film será o filme de abertura da vigésima edição do Festival do Rio, que acontece entre os dias 1º e 11 de novembro

“As Viúvas”, longa da Fox Film com Viola Davis, será o filme de abertura do Festival do Rio, que acontece entre os dias 1º e 11 de novembro. O filme, do aclamado diretor Steve McQueen, traz a história de quatro mulheres que precisam assumir uma dívida deixada por seus maridos criminosos para salvarem os próprios destinos. A abertura do festival acontece no dia 1 de novembro, no Cine Odeon – Centro Cultural Luiz Severiano Ribeiro.  “As Viúvas” será lançado nos cinemas de todo o Brasil no dia 29 de novembro.

As protagonistas desse thriller intenso são a vencedora do Oscar®, Viola Davis, que interpreta Veronica; Elizabeth Debicki, no papel de Alice; Michelle Rodriguez, interpretando Linda; e Cynthia Erivo, como Belle. O elenco conta ainda com as interpretações do vencedor do Oscar®, Robert Duvall; do indicado ao Oscar®, Liam Neeson; e dos atores Colin Farrell, Daniel Kaluuya e Brian Tyree Henry.

Sinopse

De Steve McQueen, vencedor do Oscar® (“12 Anos de Escravidão”), e do autor do best-seller e co-roteirista Gillian Flynn (“Garota Exemplar”), vem um thriller moderno, com cenário em crime, paixão e corrupção: “As Viúvas”. É a história de quatro mulheres sem nada em comum, exceto uma dívida deixada pelas atividades criminosas de seus maridos mortos. Situada na contemporânea Chicago, em meio a um tumulto, as tensões aumentam quando Veronica (Viola Davis), Alice (Elizabeth Debicki), Linda (Michelle Rodriguez) e Belle (Cynthia Erivo) assumem seus destinos em suas próprias mãos e conspiram para forjar um futuro em seus próprios termos.

Trailer

Sobre o Festival do Rio

Ao completar 20 anos de existência, o Festival do Rio reafirma sua importância para a cultura carioca e o cinema no Brasil e na América Latina. Ao longo dessa jornada, o Festival do Rio tem sido responsável por trazer as primeiras exibições de filmes consagrados em grandes festivais internacionais e por apresentar ao público diretores estreantes e cinematografias pouco conhecidas. A Première Brasil se tornou a grande janela de lançamento para os realizadores nacionais e a estatueta do Redentor, um prêmio reconhecido por público e crítica. O Festival do Rio é realizado através da lei de incentivo do Ministério da Cultura, patrocínio da PETROBRAS e demais apoiadores e parceiros.

Sobre a Fox Film do Brasil

Presente no mercado nacional desde 1920, a Fox Film do Brasil é uma das empresas com maior contribuição à indústria do entretenimento no país, atuando com destaque e garantindo a seus filmes amplo e diferenciado apoio de divulgação. Dentre os grandes sucessos distribuídos pela Fox, encontram-se: “A Forma Da Agua”, “O Regresso”, “Birdman”, “Deadpool”, “A Culpa é das Estrelas”, a franquia “X-Men”, , “Planeta dos Macacos”, “As Aventuras de Pi”, “Cisne Negro”, as franquias “Como Treinar Seu Dragão”, ” Rio”e “A Era do Gelo”. A Fox também tem uma área voltada para investimento e aquisição de títulos em língua estrangeira.   No Brasil, coproduziu e lançou inúmeros longas-metragens nacionais entre os quais os mais recentes: “Lino”, “Em Nome da Lei”, “Linda de Morrer” e outros sucessos como “Somos Tão Jovens”, “Nosso Lar”, “Copa de Elite”, “Assalto ao Banco Central”, “Ensaio Sobre a Cegueira”, “Se Eu Fosse Você 1 e 2”, entre outros. O próximo lançamento em maio de 2018 será a comédia “Não Se Aceitam Devoluções”.

Steve McQueen discute sobre raça e gênero em filme exibido no Festival de Toronto

Steve McQueen discute sobre raça e gênero em filme exibido no Festival de Toronto

Viola Davis é a protagonista de ‘As Viúvas’, novo filme de Steve McQuenn. Crédito: Adoro Cinema

Um grupo de mulheres se reúne e luta para superar todo tipo de desconfiança para concretizar um roubo. “As Viúvas”, thriller protagonizado por Viola Davis, segue a mesma premissa de “Oito Mulheres e um Segredo”, mas subverte as regras desse gênero de filmes ao encená-lo numa Chicago segregada e entregue às gangues.

O diretor Steve McQueen, que não lançava um filme desde “12 Anos de Escravidão” (2013), faz seu filme funcionar também como crônica das tensões sociais na América de Trump.

A produção, que estreou no Festival de Toronto, abre com uma cena de um beijo lânguido entre Davis e Liam Neeson, que na tela interpretam Veronica e Harry. O que se anuncia como a utopia da miscigenação será posto abaixo na cena seguinte —uma perseguição policial que termina com a morte do marido e de seus capangas.

Veronica, agora viúva, não só percebe que mantinha uma vida luxuosa graças às atividades espúrias do esposo como descobre que herdou também uma dívida milionária. O que Harry roubara, e acabou perdido no malfadado assalto, foram milhões que pertenciam à campanha de um candidato a vereador, negro e líder de uma gangue.

Ameaçada, a protagonista se une às viúvas dos demais capangas de seu ex-marido para armar um novo assalto. A preparação para o crime envolve se intrometer numa corrupta campanha eleitoral.

Daniel Kaluuya, indicado ao Oscar por “Corra!”, interpreta o violento braço-direito do candidato a vereador (Brian Tyree-Henry). Colin Farrell faz seu rival político, corrupto à sua maneira e herdeiro de uma família branca que corre o risco de perder seu reinado de décadas naquele bairro.

“As Viúvas”, com estreia prevista para novembro no Brasil, é o primeiro thriller dirigido por McQueen.

Fonte: Folha de S. Paulo

Por: Cesar Augusto Mota