Poltrona Cabine: Os Guardiões/ Cesar Augusto Mota

Poltrona Cabine: Os Guardiões/ Cesar Augusto Mota

Você, sem dúvida, já se empolgou com um trailer que continha cenas de ação, muita adrenalina e perseguições, mas na hora de conferir o filme se decepcionou, não é? Está chegando ao circuito nacional uma produção russa que tenta bater de frente com os super-heróis da aclamada DC Comics e Marvel. Tarefa ingrata para ‘Os Guardiões’, do diretor Sarik Andreasyan.

A narrativa acompanha um grupo de quatro pessoas dotadas de superpoderes que foram submetidas à experimentos e alteradas geneticamente durante a Guerra Fria, na extinta União Soviética. São eles: Ler (Sebastien Sisak); dotado por uma força colossal e capacidade de lançar blocos de pedra contra seus inimigos, Khan; (Sanzhar Madiyev), um habilidoso em artes marciais e no manuseio de lâminas circulares  bem afiadas, Kseniya (Alina Lanina); uma poderosa acrobata e com dotável invisibilidade num simples contato com a água, além de Arsus (Anton Pampushnyy); um lutador que pode se transformar em urso e sempre com uma metralhadora giratória em mãos.

Todos eles se juntam e formam o quarteto Patriotas, numa importante e difícil tarefa: derrotar August Kuratov (Stanislav Shirin), um general que possui uma poderosa máquina de clones e está disposto a dominar Moscou e a controlar o mundo. Ao se deparar com esse primeiro ato, você  tem a impressão de já ter visto antes histórias parecidas e personagens com características semelhantes, remetendo a filmes norte-americanos que não fizeram muito sucesso, como ‘Quarteto Fantástico’ e ‘Esquadrão Suicida’, certo?

O roteiro contém uma premissa bastante clichê, não inova, além de ter um problema grave, quase não possui diálogos. O filme é movido mais pelos cenários, pancadarias e efeitos especiais, as falas são muito rasas e bastante genéricas, nada que empolgue. Tudo é muito rápido, você não tem tempo para respirar e ter um envolvimento emocional com os personagens, a produção não permitiu isso, foi mais um teste de resistência do que propriamente um entretenimento.

A duração do filme é muito curta, de apenas 90 minutos, e isso prejudica a produção em vários quesitos, além da montagem e edição. Falhas são nitidamente perceptíveis e a história ficou muito pobre, sem aprofundamento, impressão de que tudo foi feito às pressas a tempo de ser entregue. Uma produção como essa requer um certo jogo de cintura, mas que seja capaz de apresentar algo mais rico e sólido ao espectador.  Além de maiores desdobramentos na história, não há muitas alternativas aos protagonistas na luta contra Kuratov, todas as ações são previsíveis e sem muito alarde.

As atuações do elenco são competentes, não são esplendorosas, mas chamam a atenção, principalmente de Stanislav Shirin no papel do vilão, ele traz um jeito caricato com sua aparência bizarra, além de conseguir arrancar muitas risadas, algo difícil para quem é o antagonista da trama. Os quatro atores na pele dos integrantes do grupo Patriotas também se mostraram firmes, seus personagens possuem características interessantes, além de carregarem alguns segredos, e tudo isso faz os espectadores quererem acompanhar a história até seu desfecho, mesmo com tantos defeitos.

Apesar de não termos tantos filmes russos no circuito nacional, ficamos curiosos e na expectativa para ver o que a Rússia é capaz de apresentar. A intenção do diretor em querer trazer personagens que refletissem as tradições e a força dos antigos povos da União Soviética é bastante louvável, desde que houvesse um roteiro capaz de trazer uma história mais bem trabalhada, além de mais diálogos e possíveis reviravoltas. Vale a pena ver ‘Os Guardiões’ pela curiosidade, nada além disso.

Não saia da sala, há uma cena pós-crédito, com gancho para uma continuação. Que venha na próxima vez um filme longo e um roteiro que ofereça uma história mais complexa, rica em desdobramentos e efeitos especiais mais bem trabalhados. Fiquemos na torcida.

Avaliação: 3,5/5 Poltronas.

 

 

Por: Cesar Augusto Mota