Poltrona Séries: Atypical/ 1ª temporada

Poltrona Séries: Atypical/ 1ª temporada

A Netflix está a cada dia trazendo novidades e abordando temas de forma dinâmica e ousada. Já foi assim sobre bullying, a representação das minorias, o suicídio, e agora um tema delicado e pouco discutido, o autismo.

‘Atypical’, produção recém-lançada, possui 8 episódios em sua primeira temporada e com criação da roteirista Robia Rashid, de “How I Met Your Mother”. Já temos ideia do que vem por aí, tendo em vista que Robia aborda histórias de maneira dramática e com um pouco de veia cômica, não é verdade?

A história traz a jornada do jovem Sam (Keir Gilchrist), prestes a terminar o ensino médio, mas com traços de autismo. O protagonista começa uma saga incansável em busca de seu primeiro amor e enfrenta uma jornada de amadurecimento e novas experiências de vida.

Os personagens são retratados de maneira sutil no primeiro episódio, assim como os dramas pessoais de cada um. Além de Sam, conhecemos os pais dele, Doug (Michael Rapaport) e Elsa Garnier (Jennifer Jason Leigh), ambos superprotetores, mas com alguns segredos guardados que vão ser revelados aos poucos. A irmã de Sam, Casey (Brigette Lundy-Paine), também começa a ter sua primeira experiência amorosa e enfrenta alguns dilemas da adolescência.

O núcleo  da série também é destaque, pois traz riqueza e maior amplitude à história, o autismo não é apenas um mal que aflige crianças e adolescentes, é um problema social e que ainda não é encarado de forma adequada e é difícil de ser contornado. Você nota a dificuldade das pessoas ao redor de Sam em lidar com seu problema e em muitas ocasiões travam, sequer sabem o que fazer.

Há alguns momentos engraçados na série, mas você não ri de Sam, mas de algumas situações nas quais ele se envolve. Há diversão em diversas ocasiões, mas rapidamente o espectador volta para o contexto da história e reflete sobre o autismo, as peculiaridades e o motivo de ele ser abordado com profundidade na série.

As atuações dos atores são muito competentes, eles conseguem criar uma empatia com o público e fazem os espectadores se envolverem com a história e torcer pelos personagens, principalmente por Sam e Casey, dois irmãos unidos e que apresentam uma evolução impressionante durante a história. Michael Rapaport e Jennifer Jason Leigh também conseguem se destacar, mas seus personagens se mostram um tanto distantes, eles não parecem estar do mesmo lado e se apresentam um tanto desligados, mas conseguem imprimir uma realidade vivida por muitas famílias e o drama que muitos pais vivem com filhos em casa que apresentam traços de autismo, há sinceridade e autenticidade nas atuações do casal.

‘Atypical’ sem dúvida nos fará olhar para a vida com outros olhos, uma produção com um enfoque mais sensível e humano e que tocará seu coração. Vale a pena conferir.

 

 

Por: Cesar Augusto Mota