Festival de Cannes: Filme iraniano leva Palma de Ouro; cinema brasileiro também se destaca e conquista dois prêmios

Festival de Cannes: Filme iraniano leva Palma de Ouro; cinema brasileiro também se destaca e conquista dois prêmios

Kleber Mendonça Filho recebe prêmio por Wagner Moura — Foto: Reuters

Kleber Mendonça Filho recebe prêmio por Wagner Moura — Foto: Reuters

A 78ª edição do evento terminou neste sábado (24), com o Brasil faturando dois prêmios: Melhor Ator, para Wagner Moura, e Melhor Diretor, para Kleber Mendonça Filho, ambos por ‘O Agente Secreto’

Após mais de 10 dias de estreias de filmes, o Festival de Cannes terminou neste sábado (24) com o anúncio dos vencedores de sua 78ª edição. Como já é tradicional, o evento distribui sete prêmios entre os longas-metragens concorrendo na seleção oficial, incluindo a Palma de Ouro, a honraria mais importante do festival.

E o Brasil fez história com dois prêmios no festival: Wagner Moura se tornou o primeiro brasileiro a vencer na categoria Melhor Ator, enquanto Kleber Mendonça Filho repetiu o feito de Glauber Rocha e saiu com a estatueta de Melhor Direção – ambos por “O Agente Secreto”. Mais cedo, antes das premiações principais, o filme já havia conquistado o Prêmio da Crítica.

Confira a lista completa de ganhadores:

Palma de Ouro: “It was Just An Accident”, de Jafar Panahi (Israel)
Grande Prix: “Sentimental Value”, de Joachim Trier (Noruega)
Prêmio do Júri:
 “Sirât”, de Oliver Laxe (Espanha/França), empatado com “Sound of Falling”, de Mascha Schilinski (Alemanha)
Prêmio Especial do Júri: “Resurrection”, de Bi Gan (China)
Melhor Direção: Kleber Mendonça Filho, de “O Agente Secreto” (Brasil)
Melhor Roteiro: Jean-Pierre e Luc Dardenne, por “Jeunes Mères”
Melhor Atriz: Nadia Melliti, de “La Petite Dernière”
Melhor Ator: Wagner Moura, de “O Agente Secreto” (Brasil)

Este ano, o Festival de Cannes foi marcado pela estreia de “O Agente Secreto”. O filme brasileiro dirigido por Kleber Mendonça Filho e protagonizado por Wagner Moura foi aclamado em sua primeira exibição, com uma salva de palma de mais de 10 minutos e notas positivas entre os críticos especializados.

O festival teve ainda como destaque a volta de Jennifer Lawrence com “Die, My Love” e a ovação de 19 minutos de “Sentimental Value”, filme do norueguês Joachim Trier.

Outros prêmios

Além dos prêmios principais, o Festival de Cannes conta ainda com prêmios paralelos que fazem parte do evento. “O Agente Secreto”, inclusive, conquistou o Prêmio da Crítica, concedido pela Federação Internacional de Imprensa Cinematográfica (Fipresci), instituição centenária que reúne jornalistas de todo o mundo.

Veja a lista completa dos prêmios paralelos:

CAMÉRA D’OR (melhor filme de estreante): “The President’s Cake”, de Hasan Hadi (Iraque), com menção honrosa para “My Father Shadow”

PRIX UN CERTAIN REGARD: “A Misteriosa Mirada do Flamingo”, de Diego Céspedes

PALMA DE CURTA-METRAGEM: “I’m Glad You’re Dead Now”, de Tawfeek Barhom (Palestina), com menção especial para “Ali”

PRÊMIO DA CRÍTICA (FIPRESCI): “O Agente Secreto”

DOCUMENTÁRIO: “Imago”, de Déni Oumar Pitsaev

QUEER PALM (Láurea LGBTQIAPN+): “La Petite Dernière”, de Hafsia Herzi

PRÊMIO DO JÚRI ECUMÊNICO: “Jeunes Mères”

PRÊMIO DE JÚRI POPULAR: “The President’s Cake”

Fonte: Gshow

Festival de Cannes: ‘Anora’, de Sean Baker, conquista Palma de Ouro

Festival de Cannes: ‘Anora’, de Sean Baker, conquista Palma de Ouro

Festival de Cannes: ‘Anora’, de Sean Baker, ganha Palma de Ouro; veja lista de vencedores em 2024
Prêmio do júri e o de atuação feminina foram dados a ‘Emilia Perez’; cineasta iraniano Mohammad Rasoulof levou prêmio especial

Sean Baker, diretor que venceu a Palma de Ouro do Festival de Cannes em 2024 pelo filme 'Anora'
Sean Baker, diretor que venceu a Palma de Ouro do Festival de Cannes em 2024 pelo filme ‘Anora’ Foto: Stephane Mahe/REUTERS

O Festival de Cannes chegou ao fim neste sábado, 25, com o anúncio da lista de vencedores e o ganhador da Palma de Ouro em 2024: Anora, do estadunidense Sean Baker.

Ele destaca, porém, que busca por personagens imperfeitos, portadores de problemas mundanos: “Não posso simplesmente fazer – e perdoem minha expressão – uma história de ‘prostituta com o coração de ouro'”. para ler mais sobre a carreira de Sean Baker.

Outros destaques do Festival de Cannes em 2024Miguel Gomes levou a melhor como diretor com o Prix de la Mise en scène por Grand Tour. O Grand Prix do Festival de Cannes ficou para All We Imagine As Light, da diretora indiana Payal Kapadia. Já Mohammad Rasoulof, que foi condenado por oito anos no Irã por “crimes contra a segurança nacional” por produzir filmes sem autorização do governo, recebeu um prêmio especial neste ano.

Os destaques de atuação ficaram para Jesse Plemons, de Kinds of Kindness, e um prêmio conjunto para cinco atrizes que integraram o elenco do longa Emilia Pérez: Adriana Paz, Zoe Saldaña, Selena Gomez. e Karla Sofía Gascón. Esta última, inclusive, foi a primeira mulher transgênero a ser premiada na categoria, e dedicou a estatueta “a todas as pessoas trans, que sofrem todos os dias”.

O Brasil também esteve presente no Festival de Cannes em 2024 com a exibição do longa Motel Destino, de Karim Aïnouz. para ler mais sobre a trama e uma entrevista com o diretor.

Os vencedores do Festival de Cannes em 2024

Palma de Ouro: Anora (Sean Baker)
Grand Prix: All We Imagine As Light (Payal Kapadia)
Prix du Jury (prêmio do júri): Emilia Pérez (Jacques Audiard)
Prix de la Mise en scène (melhor diretor): Grand Tour (Miguel Gomes)
Prix Spécial: The Seed Of The Sacred Fig (Mohammad Rasoulof)
Prêmio de interpretação masculina: Jesse Plemons (Kinds of Kindness)
Prêmio de interpretação feminina: Adriana Paz, Zoe Saldaña, Karla Sofía Gascón, Selena Gomez (Emilia Pérez)
Prix du Scénario (Roteiro): The Substance (Coralie Fargeat)
Caméra d’or (melhor diretor estreante): Armand (Halfdan Ullmann Tøndel)
Caméra d’or – menção especial: Mongrel (Wei Liang Chiang e You Qiao Yin)
Palma de ouro de curta-metragem: The Man Who Could Not Remain Silent (Nebojša Slijepcevic)
Menção Especial de curta-metragem: Bad For a Moment (Daniel Soares)
Palma de Ouro honorária: George Lucas

* Com informações da agência AFP.

Fonte: Terra

Festival de Cannes: Balanço antes da entrega da Palma de Ouro

Festival de Cannes: Balanço antes da entrega da Palma de Ouro

Festival tenta manter o prestígio recuperado após mostrar as tendências do Oscar de 2024 a partir da edição do ano passado. Será que a programação tem força o bastante para repetir o feito?

CANNES – E, no último dia do Festival de Cannes, veio o iraniano Mohammad Rasoulof, que já venceu o Urso de Ouro na Berlinale com O Mal não Existe. As estatísticas mostram que a maioria dos vencedores de Palma de Ouro são exibidos nos últimos dias, e no último dia do festival. The Seed of the Sacred Fig veio confirmar a regra. Habemus Palma, mas é antecipar-se à premiação que ocorrerá neste sábado, 25, à noite, 20h na França, 15h no Brasil.

A palavra final será de Mme. La Présidente, Greta Gerwig, e de seu júri integrado por Hirokazu Kore-eda, Nadine Labaki, Omar Sy.

Nos últimos anos, Cannes vinha perdendo espaço para os festivais que se realizam no segundo semestre, especialmente Veneza, que havia virado o queridinho dos produtores de Hollywood. Com a proximidade do Oscar eles se beneficiavam da vitrine do Lido para tentar emplacar seus filmes nas indicações para os prêmios da Academia.

Mas, este ano algo se passou e o Oscar premiou importantes vencedores de Cannes no ano passado, como Anatomia de Uma Queda, Zona de Interesse. Para Cannes, e para Thierry Frémaux, que organiza a seleção oficial, virou uma questão de honra repetir o feito, ainda mais que este ano marcou o início de uma nova presidência do evento – Iris Knobloch, com certeza, quer mostrar resultados. Thiérry também. Afinal essa está sendo a sua 25ª seleção. Ninguém durou tanto no cargo como ele nesses 77 anos de Cannes.

Nove entre dez jornalistas de cinema – críticos – dirão que a seleção de 2024 foi mais pop. Outros que Frémaux aposentou seus velhos, com exceções. Apostou numa geração intermediária, autores não tão novos, mas que já integraram a seleção oficial anteriormente. E como a presidência está sendo exercida por uma mulher, Greta Gerwig, diretora de Barbie,  aumentou um pouco (bem pouco) a representatividade de gênero. Quatro diretoras num total de 23 filmes representam cerca de um sexto da concorrência à Palma.

Outro preferido da crítica jovem – o grego Yorgos Lanthimos – volta a Cannes depois de dois triunfos em Veneza, A Favorita e Pobres Criaturas, agora com um filme em episódios, contando três histórias interpretadas pelo mesmo elenco, incluindo dois atores fieis – Emma Stone e Willem Dafoe. Relatos selvagens, variados tipos de aberrações, a primeira história até que é competente, mas depois é a descida da montanha russa.

Mais horror em The Girl With the Needle, de Magnus Van Horn, uma cria da estética neoexpressionista de Lanthimos. Após a 1ª Guerra, uma mulher cujo marido está no front engravida de um aristocrata dominado pela mãe e termina envolvendo-se com outra mulher que mata bebês. O marido que voltou sem rosto – sim! – da guerra é o único dotado de empatia humana nessa história de monstros, e atrocidades.

Francis Ford Coppola empenhou sua vinícola para financiar, do próprio bolso, o filme com que sonhava há 30 anos. Apesar da beleza visual e de algumas inovações estéticas – à O Fundo do Coração -, o filme metaforiza a queda do Império Romano, transformando Nova York em Nova Roma, onde o arquiteto Adam Driver tenta construir a cidade futura, ideal, enredando-se em jogos de poder. É, rapaz, não é todo mundo que nasce Marlon Brando ou Robert De Niro para virar poderoso chefão. Um eventual prêmio para Megalopolis só se explicará em reconhecimento à carreira do grande Coppola, ou como ajuda para que ele continue produzindo seus vinhos.

Coppola dedica Megalopolis à mulher, Eleanor, que morreu em abril. David Cronenberg também perdeu a mulher e tenta expiar o luto em The Shrouds. Vincent Cassel, que não é parecido com ele, mas ficou igual graças ao corte de cabelo, à postura e uma certa perda de massa física, possui o cemitério onde está enterrada sua mulher. Por meio de um dispositivo eletrônico instalado na cova, pode acompanhar a deterioração do cadáver da falecida. Puro Cronenberg, mas a inspiração foi-se.

Vencedor do prêmio de interpretação em Berlim, em fevereiro, Sebastian Stan é uma aposta para repetir o troféu, agora por sua interpretação como o jovem Donald Trump, de Ali Abbasi. Trump virou o que é pela influência de dois pais, o biológico, e seu mentor, Roy Cohn, que surgiu no macarthismo, escondeu a vida toda a homossexualidade e termina vítima da aids, como sabe quem viu Anjos na América. Melhor, até, do que Stan é Jeremy Strong, que faz Cohn. O Trump de Abbasi é o típico homem que não sabe amar, exceto a si mesmo. Como psicanálise, é elementar. Como cinema, médio.

Ben Whishaw é outro aspirante a melhor ator como o dissidente russo de Limonov, de Kirill Serebrennikov. O cara consegue migrar nos EUA, perder-se em Nova York, mas volta ao império fraturado para fundar um partido de extrema-direita que, o filme não mostra, praticou atrocidades na Guerra do Donbass. Tem um plano sequência elaborado, e maravilhoso, só.

Jia Zhangke segue com sua investigação sobre as mudanças na China. Adapta-as para o tempo da pandemia em Caught by Tides. Apesar de belas cenas – uma certa corrida -, parece um tanto cansado, senão repetitivo. Paolo Sorrentino vale-se de uma bela mulher – a jovem Celeste Dalla Porta – para discutir o que é a etnografia em Parthenope. O filme também tem seus momentos, mas, apesar de uma certa grandiosidade, não vai muito além do básico. Uma mulher que não sabe amar.

Até a sexta, e a chegada de Rasoulof, havia uma acirrada disputa entre The Substance e o musical de Jacques Audiard, Emilia Pérez. Questões identitárias atravessam a obra do diretor, mas nunca como aqui. Um poderoso chefão do narcotráfico quer mudar radicalmente de vida. Seria necessário todo o espaço desse texto para dar conta das reviravoltas da trama, e de gêneros, cinematográficos, e não apenas. Emilia Pérez seria – seria – um bom, senão grande vencedor da Palma. Greta e seu júri ainda podem fazer história premiando a espetacular Karla Sofía Gascón, que seria a primeira mulher atriz trans a vencer o Festival de Cannes.

Senão, o troféu caberia muito bem a Mikey Madison, protagonista de Anora, de Sean Baker. É outro dos grandes filmes dessa edição. A história da stripper americana que se envolve com o herdeiro de um oligarca russo. Casam-se, e a família do rapaz vem para estragar a festa. A mais improvável das histórias de amor, não com o herdeiro. Há redenção para os dejetos humanos do capitalismo.

Um dos maiores filmes dessa edição, e talvez o maior – Grand Tour, do português Miguel Gomes -, foge a qualquer parâmetro de narração hollywoodiana. A estrutura romanesca, o ponto de vista do homem e o da mulher, a implosão da temporalidade – o filme de época passa-se em cenários contemporâneos -, tudo em Grand Tour desafia cânones. Seria uma bela surpresa, mas surpresa será se The Seed of the Sacred Fig não levar o prêmio máximo. Para quem queria horror, o filme tem o da realidade. Feminismo? Logo no começo, o casal, marido e mulher, comemora a promoção dele a investigador dos tribunais revolucionários do Irã.

O próximo passo da evolução poderá ser para juiz. Mas logo, num país em processo de convulsão, começam os problemas, e dentro da casa. As filhas estão conectadas no mundo via redes sociais. O pai invoca Deus. Todo o horror – a brutalidade da repressão – é obra dos inimigos de Deus. Rasoulof fez um filme tenso, assustador. Toda a gosma de The Substance não vale a cena na qual a mãe trata a ferida de uma amiga das filhas. Aqui não há fantástico, o horror da realidade supera o da ficção. Há uma subtrama sobre uma arma que desaparece. O pai, sentindo-se ameaçado, enlouquece. As mulheres da família, unidas, jamais serão vencidas. A Semente da Figueira Sagrada levará? A resposta, no sábado à noite.

Mas cabe um acréscimo. Depois de 30 anos de ausência, a Índia voltou à competição de Cannes, e com um filme dirigido por uma mulher. Uma enfermeira e as demais vidas cruzadas num hospital. Payal Kapadia poderá muito bem entrar nas considerações do júri, nem que sejas pelo título de seu filme. All We Imagine is Light. Tudo o que imaginamos é luz. É uma bela definição do cinema.

Fonte: Terra

‘Anatomy of a Fall’, de Justine Triet, leva a Palma de Ouro no Festival de Cannes

‘Anatomy of a Fall’, de Justine Triet, leva a Palma de Ouro no Festival de Cannes

Divulgação

O filme “Anatomy of a Fall”, da diretora francesa Justine Triet, é o grande vencedor da Palma de Ouro da 76ª edição do Festival de Cinema de Cannes. O evento começou no dia 16 de maio e terminou neste sábado (27).

Na trama, uma mulher é suspeita do assassinato de seu marido, e seu filho cego enfrenta um dilema moral como única testemunha.

Justine entrou para a lista seleta de cineastas mulheres que alcançaram tal feito, como Jane Campion, em 1993, com “O Piano” e Julia Ducournau com “Titane”, em 2021.

Em seu discurso, Triet usou o protesto contra as reformas previdenciárias na França que “foi negado e reprimido de forma chocante” e também pediu mais espaço para jovens cineastas.

O Grande Prix, o segundo maior prêmio do festival, foi para “Zone of Interest”, do diretor britânico Jonathan Glazer.

O longa acompanha o comandante de Auschwitz, Rudolf Höss, e sua esposa Hedwig, em um esforço para construir uma vida de sonho para sua família em uma casa e jardim ao lado do campo de concentração nazista.

Na categoria de atuação, Merve Dizdar e Koji Yakusho, que estrelam “Kuru Otlar Ustune” e “Perfect Days”, respectivamente, foram os vencedores.

Veja todos os preamidos no Festival de Cannes 2023

  • Palma de Ouro – “Anatomie d’Une Chute”, de Justine Triet
  • Grand Prix – “The Zone of Interest”, de Jonathan Glazer
  • Melhor Diretor – Tran Anh Hung, por “The Pot Au Feu”
  • Melhor Atriz – Merve Dizdar, por “Kuru Otlar Ustune”
  • Melhor Ator – Koji Yakusho, por “Perfect Days”
  • Melhor Roteiro – Sakamoto Yuji por “Monster”
  • Prêmio do júri – “Kuolleet Lehdet”, de Aki Kaurismaki
  • Palma de Ouro de Melhor Curta-metragem – “27”, de Flóra Anna Buda
  • Prêmio Camera D’Or da Quinzena dos Cineastas – “Bên Trong Vo Ken Vang”, de Thien An Pham

*Com informações da Reuters

Fonte: CNN Brasil

‘Triangle of Sadness’, de Ruben Ostlund, leva a Palma de Ouro no Festival de Cannes

‘Triangle of Sadness’, de Ruben Ostlund, leva a Palma de Ouro no Festival de Cannes

Realizador Ruben Östlund repete Palma de Ouro:

O Festival de Cannes chegou ao fim neste sábado (28) premiando o longa “Triangle of Sadness”, de Ruben Ostlund, com a Palma de Ouro, maior honraria do evento francês. O troféu foi entregue numa pomposa cerimônia na qual também saíram vitoriosos, em empates, “Close” e “Stars at Noon”, escolhidos para o grande prêmio, e “Le Otto Montagne” e “EO”, para o prêmio do júri.

“Triangle of Sadness” causou furor ao tecer uma crítica forte e bastante afetada aos super-ricos, fazer piadas com capitalismo e comunismo e levantar bandeiras como a do feminismo, ao acompanhar um casal de modelos e influenciadores que é convidado para um cruzeiro que acaba naufragando.

O diretor desse último, Jerzy Skolimowski, agradeceu nominalmente os seis burros que estrelam seu longa e foram a grande sensação da riviera francesa, arrancando risadas da plateia. “Obrigado, meus burros. I-ó”, disse.

Houve ainda a entrega de um prêmio especial pelos 75 anos do festival, destinado aos irmãos Jean-Pierre e Luc Dardenne, de “Tori et Lokita”. Os atores que apresentaram os melhores trabalhos desta 75ª edição, segundo o júri, foram Zar Amir Ebrahimi, do filme “Holy Spider”, e Song Kang Ho, de “Broker”.

As honrarias de direção e roteiro foram para Park Chan-Wook, de “Decision do Leave”, e Tarik Saeh, de “Boy from Heaven”, respectivamente, enquanto a Câmera de Ouro, destinada ao melhor estreante de qualquer seção do festival, ficou com Riley Keough e Gina Gammell e seu “War Pony”, com menção especial a “Plan 75”. A Palma de Ouro de curta-metragem foi arrematada por “The Water Murmurs”, enquanto “Lori” recebu uma menção especial.

Encabeçado pelo ator francês Vincent Lindon, o júri que escolheu os vencedores da competição principal foi formado pelo cineasta iraniano Asghar Farhadi, o cineasta americano Jeff Nichols, a atriz e diretora britânica Rebecca Hall, a atriz indiana Deepika Padukone, a atriz sueca Noomi Rapace, a atriz e diretora italiana Jasmine Trinca, o diretor francês Ladj Ly e o diretor norueguês Joachim Trier. ​

Apesar de ter sido bem aceito por público e crítica, “Triangle of Sadness” surpreendeu, afinal, Ostlund venceu a Palma de Ouro não há muito tempo, por “The Square: A Arte da Discórdia”, de 2017. A vitória mais inesperada, no entanto, foi a de Claire Denis, com um filme que desagradou boa parte do público na riviera francesa.

Assim que o nome da cineasta foi anunciado para o grande prêmio do júri, o auditório da premiação foi tomado por vaias vindas dos fundos da sala. O público também começou a aplaudir no meio do discurso da diretora para interrompê-la. Na sala ao lado, onde membros da imprensa e da indústria assistiam à transmissão ao vivo, as vaias foram avassaladoras.

“Stars at Noon”, um thriller sensual ambientado na Nicarágua, foi um dos mais mal recebidos dentre os longas da competição. Denis, vale dizer, já dirigiu Vincent Lindon anteriormente, o que suscitou queixas de que ela poderia ter sido favorecida a despeito da recepção de seu filme.

“É muito raro um grupo de nove pessoas, de personalidades e culturas diferentes, se reunir por 15 dias e não ter nenhum desentendimento”, se limitou a dizer Lindon em conversa com a imprensa logo após a cerimônia. Normalmente, os jornalistas podem fazer perguntas sobre os premiados ao júri, o que não aconteceu nesta edição.

​Em compensação, o belga Lukas Dhont foi ovacionado ao tomar a palavra. Seu longa, “Close”, era aposta certa para vencer a Palma de Ouro, por juntar tudo o que pesa na entrega de uma prêmio como este —ambição artística, qualidade técnica e consciência social.

Antes da cerimônia de encerramento do Festival de Cannes, alguns prêmios paralelos e de fora da mostra principal já haviam sido entregues. Na Um Certo Olhar, o grande vencedor foi “Les Pires”, de Lise Akoka e Romane Gueret. Outros contemplados foram “Joyland”, com o prêmio do júri; “Metronom”, em direção; Vicky Krieps, de “Corsage”, e Adam Bessa, de “Harka”, com as melhores atuações; “Mediterranean Fever”, em roteiro, e “Rodéo”, com o Coup de Coeur, espécie de prêmio de consolação.

A Associação Internacional de Críticos de Cinema, a Fipresci, entregou seus troféus a “Leila’s Brothers”, na competição oficial, “The Blue Caftan”, na Um Certo Olhar, e “Love According to Dalva”, na Quinzena dos Realizadores. Já a Palma Queer, destinada a filmes com temática LGBTQIA+, foi para “Joyland”, entre os longas, e “Will You Look at Me”, entre os curtas.

O Brasil, que nesta edição de Cannes teve apenas uma participação simbólica, saiu sob a promessa de, quem sabe, retornar ao evento com candidatos fortes –o país foi contemplado, na figura de “O Casamento”, de Maíra Bühler, com o fundo Hubert Bals, que ajuda projetos cinematográficos a saírem do papel.

Fonte: Folha de São Paulo