Poltrona Resenha: Fome de Poder/Pedro Ribeiro

Poltrona Resenha: Fome de Poder/Pedro Ribeiro

                             Reprodução da internet

Visionário ou traidor? Esse é um dos questionamentos que o filme “Fome de Poder” traz ao seu espectador sobre o protagonista, o empresário Ray Kroc, vivido pelo ator Michael Keaton (Batman, Beetlejuice – Os Fantasmas Se Divertem). O filme, dirigido por John Lee Hancock, conta a história de como Kroc evoluiu de um vendedor ambulante de liquidificadores à um empresário bem sucedido e em paralelo, todo o processo necessário para transformar o Mc Donalds de uma simples loja drive-in em São Bernardino, na Califórnia, até uma marca de domínio mundial.

O filme inicia com as tentativas mal sucedidas de Kroc em vender seus produtos em variados restaurantes pelo país onde ele observava os erros e acertos no atendimento ao público. De forma resiliente, Ray não desiste e, ao receber um grande pedido de entrega, parte em direção à uma loja em São Bernardino que vinha se destacando por um inovador sistema de trabalho, desenvolvido por Richard e Maurice McDonald que logo conhecem um Ray Kroc encantado por aquele método e o mesmo propõe aos irmãos um sistema de franquias. No primeiro momento, os irmãos hesitam, mas depois de um tempo aceitam com a cláusula de que eles aprovassem toda e qualquer mudança.

O roteiro trabalha de forma coerente o arco do seu protagonista, evidenciando a sua crescente ambição à medida que o Mc Donalds se expande e ele se torna cada vez mais poderoso, tomando conta de todo o processo e excluindo aos poucos os irmãos Mc Donald dos negócios. O diretor Hancock opta por cenas objetivas, que dão dinamismo à ação, apresentando um filme relativamente rápido, com 16 anos de história sendo tratados em apenas 90 minutos. Michael Keaton interpreta a jornada desse anti-herói de forma convincente fazendo com que, ao mesmo tempo, consigamos sentir amor e ódio por Kroc refletindo a respeito de suas reais intenções. Nick Offerman e John Carroll Lynch, que interpretam os irmãos Mc Donald servem como contraponto ideal à agitação de Ray. Offerman, como Rick Mc Donald é a voz que se mantém ativa contra a sede de poder do empresário, e por meio de suas expressões e gestos, vemos com a clareza a simbologia de um criador que não quer deixar a sua criatura partir, resistindo até o último momento. Já Lynch, que dá vida a Maurice Mc Donald, é colocado em cena como a voz conciliadora, dando abertura para a execução das mudanças, mas que depois se vê apunhalado por aquele em quem confiou a sua criação. Ambos acrescentam em muito para o bom resultado do longa.

Reprodução da internet

Enquanto ilustra o nascimento de uma marca tão conhecida do público, “Fome de Poder” faz com que o espectador reflita sobre ambição, lealdade e nos leva a refletir se realmente vale tudo pelo sucesso. Em Ray Kroc, vemos um homem de sucesso, que não deixou com que ninguém atravessasse seu caminho, desde os criadores da marca que ele tomou para si, até a mulher que ele julgou não caber no seu projeto de poder. Dessa forma, regado a hambúrguer e batatas, o filme nos mostra lições relevantes para a todas as idades.

Cotação: 4/5 poltronas

Por: Pedro Ribeiro

Poltrona Séries: Suits/ 7ª temporada/ Cesar Augusto Mota

Poltrona Séries: Suits/ 7ª temporada/ Cesar Augusto Mota

A famosa série jurídica, cheia de embates e muitas diferenças, está de volta. ‘Suits’, série da Netflix e ambientada no escritório Pearson Specter Litt, promete ainda mais sarcasmos, dinamismo e o crescimento de alguns personagens, principalmente de Donna (Sarah Rafferty) e Mike Ross (Patrick J. Adams).

Após exercer a advocacia sem possuir licença e trabalhando arduamente ao lado de Harvey Specter (Gabriel Macht), Mike consegue a tão suada licença, mas antes passa por provas de fogo e é confrontado por outro profissional, que faz questão de lembrar seu passado conturbado. E não para por aí, os parceiros Harvey e Mike vão participar de um caso em lados opostos e depois vão se unir novamente em outro, relembrando situações de temporadas anteriores, o que pode ser bom para alguns fãs da série e ruim para outros, que anseiam por novidade.

Na atual temporada, o arco de Louis (Rick Hoffman) dá um grande salto, de antes odiado para um personagem extremamente admirável. Antes centralizador e turrão com seus associados, ele mostra um lado frágil e muita força para superar o fim de seu noivado. Além disso, Louis aos poucos passa não só a ter a confiança de todos, como também consegue se reaproximar de Harvey e administrar melhor a empresa. Uma reviravolta impressionante e que vai fazer você ficar surpreso de forma positiva.

E não se pode deixar de falar do núcleo feminino da série, que conta com personagens que demonstram coragem, empoderamento e muito mais intensidade. Donna mostra que é muito mais que uma eficiente secretária e encara com muita serenidade o desafio de ser sócia da Pearson Specter Litt, mas não conseguirá inicialmente se desvencilhar da inveja e discriminação dos colegas e terá que bater de frente com Harvey e os associados. Com pouco espaço e sem tanto brilho na temporada passada, Rachel Zane (Meghan Markle) ganha mais espaço na trama e mostra que não está para brincadeira.

Mas não é só de intrigas que é feita a série. Há muitos momentos românticos, dores ainda não cicatrizadas, como o fim do noivado de Louis e o desfecho triste do relacionamento de Harvey e Donna, além de belíssimas demonstrações de amor e cenas românticas clássicas da literatura presentes na produção. Você passeia por momentos belos e dramáticos, uma série com ingredientes diversos.

Se você curte produções com romance, drama e é fã do universo jurídico, certamente vai gostar de ‘Suits’, que demonstra ainda ter muita bala na agulha e muito o que mostrar, uma produção dinâmica e aberta a novos conflitos e situações cada vez mais complexas em um mundo cada vez mais globalizado e interativo, vale a pena.

Avaliação: 4/5 poltronas.

 

 

Por: Cesar Augusto Mota

Poltrona Séries: Atypical/ 1ª temporada

Poltrona Séries: Atypical/ 1ª temporada

A Netflix está a cada dia trazendo novidades e abordando temas de forma dinâmica e ousada. Já foi assim sobre bullying, a representação das minorias, o suicídio, e agora um tema delicado e pouco discutido, o autismo.

‘Atypical’, produção recém-lançada, possui 8 episódios em sua primeira temporada e com criação da roteirista Robia Rashid, de “How I Met Your Mother”. Já temos ideia do que vem por aí, tendo em vista que Robia aborda histórias de maneira dramática e com um pouco de veia cômica, não é verdade?

A história traz a jornada do jovem Sam (Keir Gilchrist), prestes a terminar o ensino médio, mas com traços de autismo. O protagonista começa uma saga incansável em busca de seu primeiro amor e enfrenta uma jornada de amadurecimento e novas experiências de vida.

Os personagens são retratados de maneira sutil no primeiro episódio, assim como os dramas pessoais de cada um. Além de Sam, conhecemos os pais dele, Doug (Michael Rapaport) e Elsa Garnier (Jennifer Jason Leigh), ambos superprotetores, mas com alguns segredos guardados que vão ser revelados aos poucos. A irmã de Sam, Casey (Brigette Lundy-Paine), também começa a ter sua primeira experiência amorosa e enfrenta alguns dilemas da adolescência.

O núcleo  da série também é destaque, pois traz riqueza e maior amplitude à história, o autismo não é apenas um mal que aflige crianças e adolescentes, é um problema social e que ainda não é encarado de forma adequada e é difícil de ser contornado. Você nota a dificuldade das pessoas ao redor de Sam em lidar com seu problema e em muitas ocasiões travam, sequer sabem o que fazer.

Há alguns momentos engraçados na série, mas você não ri de Sam, mas de algumas situações nas quais ele se envolve. Há diversão em diversas ocasiões, mas rapidamente o espectador volta para o contexto da história e reflete sobre o autismo, as peculiaridades e o motivo de ele ser abordado com profundidade na série.

As atuações dos atores são muito competentes, eles conseguem criar uma empatia com o público e fazem os espectadores se envolverem com a história e torcer pelos personagens, principalmente por Sam e Casey, dois irmãos unidos e que apresentam uma evolução impressionante durante a história. Michael Rapaport e Jennifer Jason Leigh também conseguem se destacar, mas seus personagens se mostram um tanto distantes, eles não parecem estar do mesmo lado e se apresentam um tanto desligados, mas conseguem imprimir uma realidade vivida por muitas famílias e o drama que muitos pais vivem com filhos em casa que apresentam traços de autismo, há sinceridade e autenticidade nas atuações do casal.

‘Atypical’ sem dúvida nos fará olhar para a vida com outros olhos, uma produção com um enfoque mais sensível e humano e que tocará seu coração. Vale a pena conferir.

 

 

Por: Cesar Augusto Mota