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Visionário ou traidor? Esse é um dos questionamentos que o filme “Fome de Poder” traz ao seu espectador sobre o protagonista, o empresário Ray Kroc, vivido pelo ator Michael Keaton (Batman, Beetlejuice – Os Fantasmas Se Divertem). O filme, dirigido por John Lee Hancock, conta a história de como Kroc evoluiu de um vendedor ambulante de liquidificadores à um empresário bem sucedido e em paralelo, todo o processo necessário para transformar o Mc Donalds de uma simples loja drive-in em São Bernardino, na Califórnia, até uma marca de domínio mundial.
O filme inicia com as tentativas mal sucedidas de Kroc em vender seus produtos em variados restaurantes pelo país onde ele observava os erros e acertos no atendimento ao público. De forma resiliente, Ray não desiste e, ao receber um grande pedido de entrega, parte em direção à uma loja em São Bernardino que vinha se destacando por um inovador sistema de trabalho, desenvolvido por Richard e Maurice McDonald que logo conhecem um Ray Kroc encantado por aquele método e o mesmo propõe aos irmãos um sistema de franquias. No primeiro momento, os irmãos hesitam, mas depois de um tempo aceitam com a cláusula de que eles aprovassem toda e qualquer mudança.
O roteiro trabalha de forma coerente o arco do seu protagonista, evidenciando a sua crescente ambição à medida que o Mc Donalds se expande e ele se torna cada vez mais poderoso, tomando conta de todo o processo e excluindo aos poucos os irmãos Mc Donald dos negócios. O diretor Hancock opta por cenas objetivas, que dão dinamismo à ação, apresentando um filme relativamente rápido, com 16 anos de história sendo tratados em apenas 90 minutos. Michael Keaton interpreta a jornada desse anti-herói de forma convincente fazendo com que, ao mesmo tempo, consigamos sentir amor e ódio por Kroc refletindo a respeito de suas reais intenções. Nick Offerman e John Carroll Lynch, que interpretam os irmãos Mc Donald servem como contraponto ideal à agitação de Ray. Offerman, como Rick Mc Donald é a voz que se mantém ativa contra a sede de poder do empresário, e por meio de suas expressões e gestos, vemos com a clareza a simbologia de um criador que não quer deixar a sua criatura partir, resistindo até o último momento. Já Lynch, que dá vida a Maurice Mc Donald, é colocado em cena como a voz conciliadora, dando abertura para a execução das mudanças, mas que depois se vê apunhalado por aquele em quem confiou a sua criação. Ambos acrescentam em muito para o bom resultado do longa.

Enquanto ilustra o nascimento de uma marca tão conhecida do público, “Fome de Poder” faz com que o espectador reflita sobre ambição, lealdade e nos leva a refletir se realmente vale tudo pelo sucesso. Em Ray Kroc, vemos um homem de sucesso, que não deixou com que ninguém atravessasse seu caminho, desde os criadores da marca que ele tomou para si, até a mulher que ele julgou não caber no seu projeto de poder. Dessa forma, regado a hambúrguer e batatas, o filme nos mostra lições relevantes para a todas as idades.
Cotação: 4/5 poltronas
Por: Pedro Ribeiro


