Maratona Oscar: Democracia em Vertigem/Anna Barros

Maratona Oscar: Democracia em Vertigem/Anna Barros

O filme de Petra Costa e feito pela Netflix conta todos os fatos históricos que levaram ao impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff. Todos os bastidores, conchavos e situações que resultaram no golpe que possibilitou que Dilma saísse do poder e em seu lugar entrasse o advogado Michel Temer, seu vice na chapa por duas vezes.

O filme é ágil, com um roteiro bem construído e amarrado com fotos e gravações interessantes desse momento triste da nossa história. Petra faz um paralelo com a história de sua mãe, mineira e ativista política que também lutou na época da Ditadura Militar.

O documentário é tao bom que entrou na lista dos dez mais de 2019 do New York Times e beliscou uma indicação ao Oscar de Melhor Documentário.

Seus concorrentes são American Factory, For Sama e Honeyland. For Sama ganhou o Bafta 2020 no dia 2 de fevereiro. Democracia em Vertigem tem chances reais. Nossa torcida é muito grande.

Vale a pena ver e rever. Se você ainda não viu, aproveite o recesso de fim de ano e corra!!! É simplesmente imperdível!!!

 

Sinopse: Documentário sobre o processo de impeachment da ex-presidente do Brasil, Dilma Rousseff, que foi considerado como um dos reflexos da polarização política e da ascensão da extrema-direita para o poder. O filme conta com imagens internas e exclusivas dos bastidores do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e do Palácio da Alvorada, enquanto ocorria a votação para a queda de Dilma.

 

 

Maratona Oscar: Melhor Ator/Anna Barros

Maratona Oscar: Melhor Ator/Anna Barros

Vi todas as atuações dessa categoria e confesso que os desempenhos foram espetaculares. Joaquin Phoenix se supera em Coringa: perde peso, traça um perfil psicológico de alguém que é doente mental, vive à margem da sociedade e acaba virando psicopata. Uma performance sensacional que arrebatou todos os prêmio até aqui. Mas ainda prefiro o Coringa de Heath Ledger. Minha torcida vai para Adam Driver que é espetacular em História de um Casamento. um homem egoísta, egocêntrico, que trai a mulher e coloca seu casamento em risco acabando por se divorciar. Daí o casal trava uma batalha sem fim pela guarda do filho. Adam é demais. Traz tanta profundidade e verdade a um papel denso e difícil.

Jonathan Pryce brilha demais como o Papa Francisco no belíssimo Dois Papas, filme do nosso Fernando Meireles. Seu olhar, seu gestual, seu andar, suas expressões, todas invocam Francisco. Jonathan arrebenta.

Também gosto de Era uma Vez em Hollywood e do desempenho de Leonardo Dicapprio como o ator decadente que se apega os papéis em westerns para sobreviver com sua arte. Sua melancolia e quase depressão cativam. E também a extraordinária história de Tarantino que é uma ode ao cinema. Um filme que me tocou muito. Mesmo sabendo que Brad Pitt como coadjuvante rouba a cena de DiCapprio e deve levar a estatueta dourada no dia 9 de fevereiro.

Antonio Banderas, o ator espanhol preferido de Almodóvar vive o alter ego do cineasta e simplesmente arrasa. Sua performance é profunda, sensível e de uma tocante construção de alguém que busca se reinventar e fazer a pazes com seu passado ao relembrar a infância, sua mãe e o início de sua carreira como cineasta. Mostra também seus vícios e fragilidades físicas. É um desempenho muito bom.

A categoria está muito bem representada e todos mereciam ganhar um pedacinho do Oscar.

A posta é Joaquin Phoenix. A torcida continua com Adam Driver. Achei eu desempenho difícil, complexo mas terrivelmente humano. O desempenho de Phoenix é sensacional mas a impressão que tenho é que o filme é centrado nele, o roteiro faz com que ele se destaque com a finalidade de ganhar o prêmio. Ma realmente deve levar. Levou o Globo de Ouro. o SAG Awards, o  Bafta e o Ocar é a coração de um ano perfeito.

Felizes somos nós, cinéfilos, amantes do cinema, que podemos ver atuações tão maravilhosas sob a batuta de atore tão talentosos, dos mais diferentes estilos

A conferir!

Maratona Oscar: Klaus/Anna Barros

Maratona Oscar: Klaus/Anna Barros

O desenho Klaus da Netflix é muito lindo. Pena não ter sido indicado ao Globo de Ouro 2020 porque não deve nada às produções Disney e Pixar. A qualidade de animação é excelente e a história é comovente. Eu fiquei extremamente tocada e não tenho filhos. Recomendo aos pais que o assistam com seus pequenos.

Há um clima de rancor e hostilidade em Smeerensburg que é quebrado quando o carteiro Jesper, por imposição de seu pai para que não seja deserdado, vai até a cidade para movimentar o Correio local. O que não se esperava era que ele seria tocado por um gesto altruísta e ajudaria Klaus, um senhor amargurado pela vida por causa da morte de sua esposa e acabaria por depois se transformar em Papai Noel, o ajudaria nessa linda missão. Um gesto altruísta mobiliza outro. Então Jesper consegue convencer a professora jovem que havia se aposentado a ensinar crianças que não sabiam a ler e escrever e reabrir a escola local. Também convence Klaus a fabricar os brinquedos e distribuir para as crianças. Faz amizade com uma menininha da Finlândia e por aí vai. Espalha o bem e o amor por toda a cidade.

A galerinha do mal tenta sabotar Jesper mas acaba fadada ao fracasso com tanto gesto de amor. Até tentam trazer o pai de Jesper para levá-lo de volta para sua casa e suas antigas mordomias mas ele não sucumbe à tentação da boa vida de outrora.

Em Smeerensburg, remota ilha localizada acima do Círculo Ártico, Jesper (Jason Schwartzman) é um estudante da Academia Postal que enfrenta um sério problema: os habitantes da cidade brigam o tempo todo, sem demonstrar o menor interesse por cartas. Prestes a desistir da profissão, ele encontra apoio na professora Alva (Rashida Jones) e no misterioso carpinteiro Klaus (J.K. Simmons), que vive sozinho em sua casa repleta de brinquedos feitos a mão.

Nessa época onde todos os bons sentimentos estão aflorados, vale a pena ver um filme tão poético e tão bonito como Klaus.

Nas categorias de cinema, “Klaus”, da Netflix, foi o grande destaque do prêmio Annie, o Oscar da Animação, entregue no último dia 25 de janeiro, vencendo todas as 7 categorias em que estava indicado, incluindo a de Melhor Animação, se colocando como um forte candidato no Oscar. “Perdi Meu Corpo”, também da Netflix, e que também está indicado ao Oscar, levou três prêmios. “Frozen 2”, indicado em 8 categorias, levou apenas Melhores Efeitos e Melhor Atuação de Voz, por Josh Gad (Olaf). “Como Treinar o Seu Dragão 3”, “Link Perdido” e “Toy Story 4” não foram premiados.

Klaus é favoritaço a vencer Melhor Desenho Animado. Eu apostei em Toy Story 4 mas se Klaus vencer, ficarei muito feliz. O desenho espanhol é muito bem feito, lúdico, com uma mensagem bonita e positiva e que une as famílias. A Netflix também vem com tudo na a animação.

Grandes rivais de Klaus: Toy Story 4 e Link Perdido, vencedor dos Golden Globes.

4/5 poltronas.

Minhas Apostas Oscar 2020/Anna Barros

Minhas Apostas Oscar 2020/Anna Barros

Minhas Apostas Oscar 2020

Melhor Filme: Parasita
Melhor Diretor: Boon Yo
Melhor Ator: Joaquin Phoenix, Coringa
Melhor Atriz: Renee Zelwegger, Judy
Melhor Atriz Coadjuvante: Laura Dern, Historia de um Casamento
Melhor Ator Coadjuvante: Brad Pitt, Era uma vez em Hollywood
Melhor Filme Internacional: Dor e Gloria
Melhor Roteiro Original: Parasita
Melhor Roteiro Adaptado: Dois Papas
Melhor Montagem: Parasita
Melhor Figurino: Adoráveis Mulheres

Maratona Oscar: Jojo Rabbit/Flávia Barbieri

Maratona Oscar: Jojo Rabbit/Flávia Barbieri

 

Esse ano, os candidatos ao Oscar são de categorias bem diferenciadas. Seja na abordagem do tema, na apresentação da narrativa, nas surpresas ao longo da história, os filmes têm cativado a audiência com abundante inovação. Jojo Rabbit não é diferente.

Jojo Rabbit é surpreendentemente corajoso ao criar um cenário cômico dentro do ambiente lúgubre da Segunda Guerra Mundial; e ainda trabalha com o riso – ainda que de forma sinuosa – com uma das figuras mais monstruosas da história.

O protagonista é um menino de dez anos, Jojo Rabbit (Roman Griffin Davis), hesitante em busca de uma figura paterna, que ele encontra em seu amigo imaginário, o Führer. Tal personagem passeia ora entre os sentimentos infantis de Jojo, ora em forma de guia repleto de inspiração. Waititi, com sua performance encantadora, consegue traduzir a necessidade auto-projetada de uma criança perdida em meio à guerra e a um mundo que ele ainda não conhece verdadeiramente.

O lado sombrio do personagem vai se mostrando à medida que a percepção de Jojo pelos acontecimentos e pela imagem de seu “herói” começa a mudar.  Ele, então, se transforma num personagem desagradável, com nuances muito bem elaboradas.

O Führer se torna uma metáfora quase palpável de que as referências e o discernimento mudam no momento em que amadurecemos dentro de nós, as nossas percepções sobre o mundo.

As cenas em que Jojo descobre o grande segredo da mãe, que guarda uma garota judia nas paredes da casa são a combinação perfeita entre angústia e terror, numa sequência inteligente e bem estruturada.

A interpretação da menina Elsa (Thomasin McKenzie) é de uma força avassaladora. Elsa é a figura questionadora que desdenha dos preconceitos assumidos por Jojo. McKenzie interpreta a personagem com uma incrível integridade, trazendo para o filme a profundidade inteligente que constitui toda a narrativa. Os diálogos fumegam inquietude e raiva.

No entanto, ainda que o filme faça jus à sua indicação, em alguns momentos podemos constatar um desequilíbrio desconfortável entre a grandiosa interpretação de Waikiki e os nazistas rebeldes Rebel Wilson e Sam Rockwell, que não se enquadram nesse acervo cômico.

O centro da história se compõe pela vulnerabilidade do protagonista Jojo.  Roman Griffin Davis realmente convence como criança assustada, amadurecendo sua percepção da vida, crescendo em um mundo caótico. Existe uma polifania entre a criança ingênua e aquela que começa a descobrir as verdades da vida, o que torna o filme suave e denso ao mesmo tempo.

Com tantos concorrentes vigorosos, Jojo Rabbit não está entre as predileções para a categoria de melhor filme. Mas fica o lembrete de que uma história bem construída e criativa pode chegar muito longe.

 

O filme foi indicado as categorias de Melhor Filme, Melhor Atriz Coadjuvante para Scarlet Johansson, Melhor Roteiro Adaptado para Taika Waikiki, Melhor Figurinho para Mayes C. Rubeo, Melhor Direção de Arte para Ra Vicent e Melhor Montagem para Tom Eagles.

Sinopse: Johannes ‘Jojo’ Betzler (Roman Griffin Davis) é um garoto alemão de dez anos que cresceu na Alemanha nazista idolatrando Adolf Hitler e tem um amigo imaginário em forma de Führer (Taika Waititi).

No entanto, quando ele descobre que sua mãe (Scarlett Johansson) está abrigando uma garota judia chamada Elsa (Thomasin McKenzie) em sua casa, sua percepção sobre Hitler e sobre a guerra começa a mudar.