Maratona Oscar: Belfast/Tom Leão

Maratona Oscar: Belfast/Tom Leão

‘BELFAST’: UMA IRLANDA EM CHAMAS, NAS MEMÓRIAS DO DIRETOR KENNETH BRANAGH

O final dos anos 1960 foi bem movimentado em certas partes do planeta. Aqui, lutávamos contra a ditadura. Em Paris, os estudantes saiam às ruas. Nos EUA, explodia a luta pelos direitos civis. E, na Irlanda do Norte (que já pertencia ao Reino Unido), a guerra entre católicos e protestantes começava a esquentar.

   É neste último cenário que se passa ‘Belfast’, novo filme de Kenneth Branagh. Mais precisamente, em 1969, quando explodem os conflitos de protestantes contra católicos, que iriam atingir seu auge em 1972, no massacre que ficou conhecido como ‘Domingo Sangrento’, e inspirou até aquela famosa música da banda irlandesa U2, ‘Sunday, Bloody Sunday’.

  Os fatos, são acompanhados pelos olhos de um menino de cerca de 8 anos, Buddy (Jude Hill), filho de pais da classe trabalhadora. Estes, chamados apenas de Pa e Ma, são feitos por Caitriona Balfe (da série de TV ‘Outlander’), e Jamie Dornan (o Mr. Grey dos filmes baseados nos livros ‘50 tons de cinza’). Enquanto Buddy vê os conflitos, sem entender o porquê, vive o seu primeiro amor na escola (o avô, feito por Ciáran Hinds, lhe dá conselhos amorosos) e escuta da avó (Judi Dench) fatos sobre o passado de Belfast, e de sua família, antes de tudo aquilo virar um inferno.

   Assim, entre ir à escola, ver series na TV (‘Star Trek’ e muitos faroestes) e ir ao cinema com os pais, aos domingos, após a missa, Buddy vai se tornando um homenzinho. Em meio a um conflito, que vai acabar por fazer seus pais irem embora dali, eventualmente, para tentar uma vida melhor na Inglaterra. Já que eles são protestantes. E não eram bem vindos no bairro.

   Filmado em preto e branco, digitalizado, (apenas as cenas dos filmes são coloridas, como que fazendo um contraste entre o colorido do mundo da fantasia e o duro mundo sem cor da realidade), ‘Belfast’ é tanto um filme de reminiscências do diretor, quanto político e de crescimento. Tudo emoldurado pelas belas canções de um filho de Belfast, o cantor/compositor Van Morrison.

   Mesmo sendo um bocado pessoal, muito do que o pequeno Buddy vive, não é muito diferente do que viviam aqui as crianças dos anos 1960 e 70, sob uma ditadura militar, se refugiando nos quadrinhos, filmes e nas séries de TV americanas. E com um joguinho de futebol com os amigos, na rua, nos intervalos.

   A história de amor e resistência de seus pais em manter a família unida no meio daquele turbilhão, vai interessar aos espectadores que não ligarem para a avalanche de clichês. As arrebatadoras atuações de Hinds e Dench (indicados ao Oscar), compensam. Aliás, ‘Belfast’ concorre a sete estatuetas, incluindo filme, roteiro e direção. Mas é apenas ok.  TOM LEÃO

Maratona Oscar: West Side Story/Bruna Zordan

Maratona Oscar: West Side Story/Bruna Zordan

Amor, Sublime Amor acerta na adaptação com performances incríveis e diversidade no elenco

O novo filme Amor, Sublime Amor (2021), é a nova versão do musical de 1961 que foi dirigido por Jerome Robbins (Um Dia em Nova York) e Robert Wise (A Noviça Rebelde). Dessa vez, quem comanda a nova produção é o Steven Spielberg (Jurassic Park) que trouxe a diversidade no elenco.

Quem não é fã de musicais – assim como eu – ficará encantado com performances dançantes e incríveis do remake. Inspirado na história de Romeu e Julie, mas adaptando para o atual, conta a clássica história de rivalidade e amor juvenil na cidade de Nova York em 1957, entre americanos – conhecidos como Jets – e os porto-riquenhos – conhecidos como Sharks. A relação entre os dois grupos é agravada por ódio e preconceito. O problema aumenta quando Maria e Tony se apaixonam, ambos sendo de culturas diferentes. A escolha do elenco fez a diferença nessa nova adaptação. No original de 1961, para representar os porto-riquenhos, foram utilizados atores não-latinos, o que vai contra as lições e falas do filme. Nesta releitura do clássico, atores de origem latina se apresentaram e deram mais ênfase no espanhol, o que também não era visto no antigo. Outro ponto positivo da nova produção, é a escolha da personagem Maria, a atriz Rachel Zegler, que também possui origem latina e será a Branca de Neve no futuro. E uma curiosidade nesta crítica: Este é o primeiro trabalho de Zegler nos cinemas. Além da diversidade na cultura, o novo Amor, Sublime Amor apresenta um personagem transgênero, interpretado por Ezra Menas. Esse também é o seu primeiro trabalho nos cinemas.

Amor, Sublime Amor tem um cuidado para contar a sua história, mesmo sendo inspirada em outros revivals ou sendo referência em Broadway, o filme presta atenção nos detalhes para que o público possa entender, sem precisar assistir o original. As cenas de dança são espetaculares, que ganham destaque toda vez que entram em cenas. Para quem assistiu ao antigo, a ordem das músicas e o ambiente das performances, são alterados fazendo com que sejam vistos com mais atenção do que elas merecem. Vale destacar o cenário da nova produção, já que podemos ver a magia de Nova York dentro da história. E claro, o figurino que é para ser apreciado. 

A nova releitura conta com conhecidos e novos nomes do cinema, como Ansel Elgort (A Culpa é das Estrelas), Rachel Zegler, David Alvarez (Billy Elliot – Broadway), Ariana Debose (The Prom), Mike Faist (Panic), Josh Andrés Rivera (seu primeiro trabalho nos cinemas), Rosalía, Brian D’Arcy James (13 Reasons Why), Corey Stoll (Homem-Formiga) e Ezra Menos. Do original para o novo, o elenco também conta com a presença de Rita Moreno, que foi a Anita na primeira versão. Dessa vez, a artista – que também executa o trabalho de produtora no filme – interpreta Valentina. Rita também venceu o Oscar de 1962 na categoria como “Melhor Atriz Coadjuvante” na primeira versão. Dirigido por Steven Spielberg, o novo Amor, Sublime Amor estreia no dia 9 de dezembro nos cinemas

Nota: 5/5

Maratona Oscar: Olivia Colman concorre à Melhor Atriz por A Filha Perdida/Anna Barros

Maratona Oscar: Olivia Colman concorre à Melhor Atriz por A Filha Perdida/Anna Barros

Os meandros de uma história adaptada do livro de Elena Ferrante só entende quem já conhece esse universo e Olivia Colman que vive Leda Caruso no filme da Netflix, A Filha Perdida, captou a essência muito bem. Sua Leda é simplesmente igual à do livro na essência e caracterização. Seu desempenho é espetacular numa história que questiona muito o papel da maternidade e a abertura de mão de uma vida profissional e pessoal para abraçá-la. Olivia fará, na Noite do Oscar, sombra tanto a Kristen por Spencer como a Nicole por Apresentando os Ricardos.

Olivia Coeman já tem o seu Oscar por a Favorita e a Academia parece gostar dela, afinal ela é uma atriz de várias nuances. sutilezas, que te mostra seus sentimentos com olhares e gestos. Muitas vezes essa sua performance é totalmente contida e parece às vezes até egoísta e a audiência consegue ter a perfeita percepção do enredo e de tudo que se passa no interior da personagem. É uma aula de atuação.

Também a maneira que ela mostra a solidão de uma mulher de mais de 50 anos, que viaja sozinha e é dona do seu próprio nariz e a forma que ela intriga a família numerosa que busca a boneca perdida da criança, filha de Nina, e os homens da região praiana grega

O filme, dirigido por Maggie Gyllehaal e disponível na Netflix, é to bom que teve mai duas indicações: a de Melhor Atriz Coadjuvante para Jesse Buckley que faz a Leda jovem e também está espetacular e também a Melhor Roteiro Adaptado com muitas chances de levar para casa.

O filme é fidelíssimo ao livro de Elena Ferrante, de mesmo nome, e só é diferente do local que Leda passa as férias:; no livro, a Itália, no filme, a Grécia. destaque também para Dakota Johnson que está irreconhecível no papel de Nina.

Sinope: Em A Filha Perdida, Leda (Olivia Colman) é uma mulher de meia-idade divorciada, devotada para sua área acadêmica como uma professora de inglês e para suas filhas. Quando ambas as filhas decidem ir para o Canadá e ficarem com seu pai nas férias, Leda já antecipa sua rotina sozinha. Porém, apesar de se sentir envergonhada pela sensação de solitude, ela começa a se sentir mais leve e solta e decide, portanto, ir para uma cidade costeira na Grécia. Porém, ao passar dos dias, Leda encontra uma família que por sua mera existência a faz lembrar de períodos difíceis e sacrifícios que teve de tomar como mãe.  Adaptado do livro de Elena Ferrante, autora de A Amiga Genial, o longa dirigido por Maggie Gyllenhaal traz uma reflexão tocante sobre maternidade, individualidade e culpa, com um desfecho que deixou em aberto muitas possibilidades de interpretação. Uma história comovente de uma mulher que precisa se recuperar e confrontar o seu passado. 

Maratona Oscar: Duna/Bruna Zordan

Maratona Oscar: Duna/Bruna Zordan

Aos fãs de ficção científica, Duna tem o poder de transmitir toda a beleza e história em sua primeira parte. Dirigido por Denis Villeneuve, Duna tem uma pegada Star Wars e Blade Runner, o que é ótimo para o público.

Duna se passa no futuro, ano 10.191, e conta a história de Paul Atreides (Timothée Chalament), um jovem com um destino promissor que precisa enfrentar uma guerra política da sua família e entre a família rival conhecida como Harkonnens. Porém, o planeta desértico Arrakis (conhecido pela população nativa como “Duna” e administrada pela família Atreides), é o centro da batalha e o destino da terra está em jogo. O longa realça uma beleza que é consequência de uma fotografia impecável. Isso porque estamos falando do diretor de fotografia australiano Greig Fraser, que ficou a cargo de direcionar o trabalho de fotografia. Fraser trabalhou em “Rogue One: Uma História Star Wars”, “Lion: Uma Jornada Para Casa” e em seu mais novo currículo, está o filme “Batman (2022)”. Ou seja, Duna é um filme incrivelmente lindo.

Essa é a terceira adaptação que Duna ganha destaque nas telinhas. Para quem não sabe, Duna é uma saga que contém seis livros. A primeira apresentação aconteceu em 1984, dirigido pelo músico e diretor estadunidense, David Lynch, que disse que não tem interesse em assistir ao reboot. Já a segunda adaptação, aconteceu em 2000, quando o canal SyFy apresentou uma minissérie de Duna. O primeiro filme está disponível na plataforma de streaming do Telecine.

Além de uma história intrigrante e tensa, Duna é marcado por um elenco incrível e com ótimas atuações. Fazem parte do longa o Timothée Charlamet (Paul Atreides), Zendaya (Chani), Oscar Isaac (Leto Atreides), Rebecca Ferguson (Jessica Atreides), Jason Momoa (Duncan Idaho), Josh Brolin (Gurney Halleck), Sharon Duncan-Brewster (Liet Kynes), Dave Bautista (Rabban Harkonnen), Javier Bardem (Stilgar) e Stellan Skarsgård (Vladimir Harkonnen).

O filme já está em cartaz nos cinemas brasileiros com direção de Dennis Villeneuve e roteiro de Eric Roth e Jon Spaihts.

Nota: 5/5 poltronas

Por: Bruna Zordan

Nota do Editor com atualização : Duna é o campeão de indicações ao Oscar junto com Ataque dos Cães: nove. Concorre a Melhor filme. Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Fotografia. Melhor Trilha Sonora Original, Melhores Efeitos Visuais, Melhor Direção de Arte, Melhor Figurino, Melhor Montagem e Melhor Maquiagem e Penteados.

Confira o trailer:

Vencedores dos Oscars 2021

Vencedores dos Oscars 2021

Numa noite de um Oscar mais intimista por causa da pandemia do coronavírus, houve a entrega dos prêmios da Academia numa estação de trem de Los Angeles, no último domingo, dia 25. Não houve surpresas quanto a Melhor Filme e Melhor Direção para Nomadland, mas aconteceu uma grande com Melhor Ator. Eram favas contadas que o prêmio seria póstumo para Chadwick Boseman e Antony Hopkins por Meu Pai, venceu. Ele nem estava online no momento. Encontrava-se em sua fazenda no País de Gales e agradeceu hoje pela manhã, pelo Instagram, o prêmio recebido e fez um tributo a Chadwick.

Glenn Close não ganhou o prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante mesmo tendo sido indicada oito vezes e a vencedora foi a coreana vovó de Minari, Youn Yuh-jung.

Daniel Kaluya venceu o prêmio de Melhor Ator Coadjuvante e fez um discurso emocionado por seu papel como Fred Hampton em Judas e o Messias Negro.

Estava torcendo muito por Mank e Gary Oldman. Não deu para ele, mas fiquei feliz que Mank ganhou Melhor Design de Produção e Melhor Fotografia. Não saiu de mãos abanando, levou duas estatuetas douradas.

Eu fiquei muito feliz com os dois prêmios de O Som do Silêncio, um filmaço disponível na Amazon Prime de Melhor Som e Melhor Edição. Riz Ahmed estava deslumbrante na entrega dos prêmios.

O Melhor Filme Internacional foi Druk, do cineasta dinamarquês que perdeu a filha quatro dias antes das filmagens e fez uma homenagem à ela.

O último prêmio entregue foi de Melhor Ator, talvez com a intenção de homenagear Chadwick, mas não combinaram com os votantes da Academia que deram o prêmio, mais que merecido, para Hopkins.

Foi uma bela noite que despertou inveja porque os presentes não usaram máscaras pois os americanos foram vacinados e testados exaustivamente antes da entrega dos Oscars.

Melhor filme

  • Nomadland (Em cartaz nos cinemas)

Melhor direção

  • Chloé Zhao, de Nomadland (Em cartaz nos cinemas)
Equipe de Nomadland
Legenda da foto,Nomadland ganhou alguns dos principais prêmios, como melhor diretora, melhor atriz e melhor filme

Melhor ator

  • Anthony Hopkins, de Meu pai (Now, Google Play)

Melhor atriz

  • Frances McDormand, de Nomadland (Em cartaz nos cinemas)

Melhor ator coadjuvante

  • Daniel Kaluuya, de Judas e o messias negro (Em cartaz nos cinemas)

Melhor atriz coadjuvante

  • Youn Yuh-jung, de Minari (Em cartaz nos cinemas)
Yuh-Jung Youn
Legenda da foto,Yuh-Jung Youn foi premiada como melhor atriz coadjuvante

Melhor filme internacional

  • Druk – Mais uma rodada, Dinamarca (Now, Apple TV, Google Play)

Melhor roteiro adaptado

  • Christopher Hampton e Florian Zeller, por Meu pai (Now, Google Play)

Melhor roteiro original

  • Emerald Fennell, por Bela vingança (Estreia nos cinemas prevista para maio)

Melhor figurino

  • Ann Roth, por A voz suprema do blues (Netflix)

Melhor trilha sonora

  • Trent Reznor, Atticus Ross e Jon Batiste, por Soul (Disney+)

Melhor animação

  • Soul (Disney+)

Melhor curta de animação

  • Se algo acontecer… te amo (Netflix)

Melhor curta-metragem de ficção

  • Dois estranhos (Netflix)

Melhor documentário

  • Professor polvo (Netflix)

Melhor documentário de curta-metragem

  • Collete

Melhor som

  • Nicolas Becker, Jaime Baksht, Michelle Couttolenc, Carlos Cortés e Phillip Blath , por O som do silêncio (Amazon Prime Video, Now, Google Play, Apple TV, Looke)

Melhor canção original

  • Fight for you, de Judas e o messias negro (Em cartaz nos cinemas)

Melhor cabelo e maquiagem

  • Sergio López Rivera, Mia Neal e Jamika Wilson, por A voz suprema do blues (Netflix)

Melhores efeitos visuais

  • Andrew Jackson, David Lee, Andrew Lockley e Scott Fisher, por Tenet (Now, Apple TV, Google Play, Looke)

Melhor fotografia

  • Erik Messerschmidt, por Mank (Netflix)

Melhor edição

  • Mikkel E.G. Nielsen, por O som do silêncio (Amazon Prime Video, Now, Google Play, Apple TV, Looke)

Melhor design de produção

  • Donald Graham Burt e Jan Pascale , por Mank (Netflix)
O tapete vermelho foi montado do lado de fora da Union Station de Los Angeles