‘Suspiria’, novo filme de Luca Guadagnino, se destaca no Festival de Veneza

‘Suspiria’, novo filme de Luca Guadagnino, se destaca no Festival de Veneza

Um dos destaques deste sábado (01) no Festival de Veneza, o filme ‘Suspiria’, dirigido por Luca Guadagnino, está dando o que falar. Em entrevista concedida via streaming na conferência de imprensa do evento, o cineasta comentou sobre seu novo longa, que tem sido bem recebido pelos críticos e promete oferecer uma atmosfera ainda mais perturbadora que o original.

“É um filme sobre o terrível nas relações interpessoais, no terrível no feminino e no terrível na história”, disse o diretor após uma declaração polêmica de Dakota Johnson (Cinquenta Tons de Liberdade), que disse ter ficado traumatizada e precisado de terapia após o término das filmagens.

Protagonista da trama, Johnson fez questão de enfatizar o trabalho realizado com o italiano, com foco no mistério e na intensidade da história e das performances do elenco.

“O filme é sobre um monte de coisas que eu amo. É sobre dançarinos, bruxas, magia. Eu sou fascinada por grupos de mulheres, pela sua atmosfera mágica “, afirmou a atriz.

Outra atriz com importante participação no filme, Tilda Swinton foi só elogios a Luca Guadagnino, que o classificou como um grande amigo e profissional.

“Luca Guadagnino é um dos meus amigos mais queridos. É uma boa coisa trabalhar com ele. Estamos muito sintonizados. Você sabe que pode empurrar o outro e o outro pode empurrá-lo “, ressaltou.

Remake de 1977,  dirigido pelo também italiano Dario Argento (“Terror na Ópera”), o novo filme conta a história de Susie Bannion, uma jovem norte-americana, que viaja para Berlin para integrar a Companhia Markos Tanz, no ano de 1977. Ela chega exatamente quando um dos membros da Companhia, Patricia, desapareceu em circunstâncias misteriosas. Enquanto Susie progride sob a tutela de Madame Blanc (Tilda Swinton, “Okja”), a diretora artística revolucionária da Companhia, ela fica amiga de Sara, uma dançarina que compartilha suas suspeitas de que as diretoras e a Companhia em si podem estar guardando um ameaçador e sombrio segredo.

Além de Johnson e Swinton, o elenco ainda tem as atuações de Chloë Grace Moretz (“Criminosos de Novembro”), Mia Goth (“Evereste”), Renée Soutendijk (“Redbad“), Angela Winkler (da série “Dark”) e Jessica Harper, do “Suspiria” original. O roteiro é de David Kajganich (“Um Mergulho no Passado”) e a direção é de Guadagnino.

“Suspiria” estreia em 2 de novembro de 2018 nos cinemas norte-americanos.

Por: Cesar Augusto Mota

Poltrona Cabine: Me Chame Pelo Seu Nome/ Cesar Augusto Mota

Poltrona Cabine: Me Chame Pelo Seu Nome/ Cesar Augusto Mota

Sabe aquele filme que você acompanha e após a sessão o considera uma obra-prima, uma alegoria, um tributo à beleza e à vida? Assim defino ‘Me Chame pelo seu Nome’, filme de Luca Guadagnino, baseado no romance homônimo “Call Me By Your Name”, do egípcio André Aciman, obra que virá forte para a temporada de premiações e cotado para Oscar de melhor filme em 2018.

A história acompanha Elio Perlman, (Timothée Chalamet) único filho de uma família americana com ascendência italiana e francesa. O jovem músico vive mais um verão preguiçoso na casa dos pais em uma belíssima paisagem italiana, e tudo começa a mudar após a chegada de Oliver (Armie Hammer), estudante de Arqueologia, que vem para auxiliar na pesquisa do pai de Elio, que é professor e também especialista em arte greco-romana.  A beleza, espontaneidade e o alto grau de intelectualidade de Oliver começam a encantar a todos, principalmente a Elio.

O roteiro apresenta uma narrativa despretensiosa, mas cheia de elementos enriquecedores e fascinantes. A família é desprovida de tabus, vive em um ambiente repleto de culturas, com diálogos em inglês, francês e italiano, predomina o apoio incondicional de todos a Elio, com incentivo a ele para ser o que deseja e há estimulo à liberdade, inclusive a de identidade sexual. Temos um protagonista que não é podado e que está vivendo uma fase de transformações, não apenas físicas, mas de identidade.

A direção de arte é primorosa, com belas paisagens na Itália e perfeitas simulações dos anos 80, trazendo ar de nostalgia para os mais velhos e um certo romantismo, com um jovem descobrindo o amor e perdendo a inocência, lembrando um pouco o filme “Beleza Roubada”.

Os atores demonstram segurança e com atuações sensíveis e que se sobressaem. Chalamet apresenta um adolescente inicialmente despreocupado e sem pretensões, mas depois bastante receoso e com ânsia pelo desejo, pela necessidade de conquista e disposição de se desprender do caos e se estabelecer. Já Hammer suplanta a atuação de Chalamet, com um Oliver também em busca da afirmação, e que projeta no outro uma busca por maturidade, que incrivelmente ainda não havia atingido, mesmo nos altos de seus 24 anos.

O roteirista James Ivory construiu um roteiro que foi muito bem conduzido por Guadagnino, com equilíbrio entre sutileza e exagero, sem uso de atos explícitos e alguns momentos subentendidos, como o sentimento entre Elio e Oliver, atiçando ainda mais a curiosidade e a atenção do espectador. Não há margem para o previsível, tudo acontece de maneira harmônica, inesperada, com uma beleza estética sem precedentes, além de elementos muito bem articulados na construção da história, dos personagens e nas interações entre eles.

‘Me Chame pelo Seu Nome’ é um tributo ao amor, à arte, às pequenas coisas da vida e um culto à liberdade do ser e do pensamento. Uma obra que aborda com naturalidade os problemas do cotidiano, além de apresentar belíssimos contornos e cenários contagiantes. Não deixe de assistir!

Avaliação: 5/5 poltronas.

 

 

Por: Cesar Augusto Mota