Poltrona Vintage: Top 5 Filmes inspirados em livros de Jorge Amado/Anna Barros

Poltrona Vintage: Top 5 Filmes inspirados em livros de Jorge Amado/Anna Barros

Os melhores filmes baseados em livros de Jorge Amado nesse top 5 do Poltrona Vintage.

 

1- Dona Flor e Seus Dois Maridos (1976)

Nada mais, nada menos, do que o segundo maior sucesso da história do cinema brasileiro, atrás apenas de “Tropa de Elite 2”, que ganhou o título no ano passado. O diretor Bruno Barreto reuniu um elenco estelar para a adaptação: Sônia Braga como a professora de culinária Dona Flor, José Wilker como o fogoso ex-marido que volta dos mortos para apimentar sua vida, e Mauro Mendonça no papel do Dr. Teodoro, o farmacêutico que se casa com a viúva. O carisma dos atores e as faladas cenas de sexo e nudez levaram 10 milhões de espectadores aos cinemas. Uma nova versão com Juliana Paes já está em cartaz.

 

2- Capitães de Areia(2011)

É o único livro de Jorge Amado que eu li e confesso que a versão cinematográfica me agrada muito. É sensível e bonita. A linda história de amor de Pedro Bala, o rei dos menores abandonadas e a corajosa Dora é simplesmente comovente.

Pedro Bala, Professor, Gato, Sem Pernas e Boa Vida são adolescentes abandonados por suas famílias, que crescem nas ruas de Salvador e vivem em comunidade no Trapiche. Eles praticam uma série de assaltos e são constantemente perseguidos pela polícia. Um dia, Professor conhece Dora e seu irmão Zé Fuinha e os leva até o Trapiche, o que desencadeia a excitação dos demais garotos, que não estão acostumados à presença de uma mulher no local. Aos poucos, nasce o afeto entre o líder do grupo e a jovem.

3=Tenda dos Milagres (1977)

É uma adaptação, mas Nelson Pereira dos Santos colocou muito de sua visão em “Tendas dos Milagres”. Amigo e fã da obra de Jorge Amado, que considerava esse seu melhor trabalho, Pereira dos Santos mais tarde filmaria também “Jubiabá” (86). Na história, um intelectual americano em passagem por Salvador resgata a figura de Pedro Arcanjo, que no início do século contestou o racismo, defendeu a miscigenação e documentou a cultura africana. Sexualidade, misticismo e até antropologia estão no caldeirão, que o cineasta encheu com doses generosas de loucura carnavalesca.

No elenco, Hugo Carvana e Anecy Rocha.

 

4- Gabriela, Cravo e Canela (1983)
Segundo filme de Bruno Barreto baseado na obra do escritor, traz também Sonia Braga, agora reprisando o papel que fez na televisão na novela de 1975 – com “Tieta do Agreste” (96), ela reafirmaria seu posto como “musa” da obra de Jorge Amado. Parte do sucesso de “Gabriela” está na relação apimentada entre a protagonista e seu marido, o turco Nassib, vivido no cinema por ninguém menos que Marcelo Mastroianni, devidamente dublado em português.

 

5- Quincas Berro D’Água (2010)
Uma das obras mais celebradas de Amado, a novela foi adaptada aos cinemas por Sérgio Machado(“Cidade Baixa”). Comédia das boas, traz Paulo José como o “morto muito louco” Quincas Berro D’Água, outrora membro da alta sociedade da Salvador, que troca tudo pela boemia. Como despedida, é tirado do leito de morte pelos fiéis companheiros de bebedeira (Luis Miranda, Irandhir Santos, Frank Menezes e Flavio Bauraqui) e levado nos braços para uma última farra. Um retorno delicioso à chanchada.

 

Poltrona Cabine: Dona Flor e Seus Dois Maridos/ Cesar Augusto Mota

Poltrona Cabine: Dona Flor e Seus Dois Maridos/ Cesar Augusto Mota

Um dos grandes clássicos da literatura e sucesso de bilheteria no cinema nacional está de volta. ‘Dona Flor e seus Dois Maridos’, escrito por Jorge Amado (1966) e lançado na tela grande (1976) sob a direção de Bruno Barreto, ‘Dona Flor’ contou inicialmente com o protagonismo de Sônia Braga, José Wilker e Mauro Mendonça. Quarenta anos depois, somos agraciados com uma nova versão, agora sob a batuta de Pedro Vasconcelos (O Concurso), mas inevitavelmente o cineasta não conseguirá escapar de comparações com o filme original e terá uma enorme responsabilidade de entregar uma produção decente e condizente com a qualidade da obra do escritor baiano. Será que o resultado foi satisfatório?

A história gira em torno de Flor (Juliana Paes), uma sedutora professora de culinária e casada com Vadinho (Marcelo Faria), um marido malandro, sedento por noitadas e jogatinas, mas um excelente amante. Ele morre de maneira precoce em um domingo de carnaval, e pouco tempo depois, Flor se casa novamente com o correto, polido e gentil farmacêutico Teodoro (Leandro Hassum). Apesar da estabilidade na nova união, Flor não está plenamente feliz, sente falta do jeito elétrico e fogoso de Vadinho, e consegue trazê-lo de volta como um fantasma que só ela pode ver, formando-se assim o triângulo amoroso que consta no título da obra.

A ambientação nos anos 1940, a retratação das paisagens e dos prédios de Salvador, bem como o cotidiano e costumes do povo baiano são apresentados com fidelidade ao que consta na obra de Jorge Amado, além de diálogos com roupagem lírica e em ritmo de prosa. Palavras mais fortes e chulas e o sotaque soteropolitano reforçam a dramaturgia, e tudo é feito de forma sistemática e para inserir o espectador nos contexto e realidade da época, o que acaba acontecendo de maneira eficiente. A narração em off se dá de forma complementar e a apresentação dos capítulos em flashback não comprometem a qualidade da produção. O ritmo em que se dão as histórias ocorrem de forma fluida e correspondente à origem literária, outro ponto positivo do filme.

As atuações de dois dos três intérpretes são acima da média, Juliana Paes mostrou ter percebido todos os cernes que envolvem Dona Flor, como suas paixões e seus ideais, além de esbanjar muita sensualidade e vitalidade, lembrando Sônia Braga na primeira versão. Marcelo Faria se mostra leve e seguro no papel de Vadinho, tendo em vista que o ator já encena o personagem há anos no teatro. Sua desenvoltura chama a atenção até mesmo nas cenas mais quentes e completamente despido desde que retorna do além até o fim da projeção. Já Leandro Hassum mais conhecido por seus trabalhos na comédia, em especial em ‘Os Caras de Pau’ e ‘Até que a Sorte nos Separe’, é o ponto fora da curva. Estava sob sua responsabilidade representar um papel mais sério, mas em momentos cruciais ele deixa escapar o riso, comprometendo o desenrolar de algumas cenas, e isso fez com que seu personagem fosse transformado em caricatura. As risadas que acontecem, não sabemos se foram por diversão ou constrangimento, algo embaraçoso, mas louvável o esforço do ator em representar um papel mais sério.

Outros pontos fracos do filme foram as apresentações de muitas ações repetitivas, como a resistência de Flor às investidas de Vadinho, e o uso constante de um mesmo recurso, como a diminuição do ritmo da música de fundo nas cenas de amor entre Flor e Teodoro, em alguns momentos eram cômicas, mas feitas repetidamente passaram a cansar o público.

O saldo da nova versão de ‘Dona Flor e seus Dois Maridos’ é positivo, você se depara com uma obra retratada com beleza, elegância e recheada de recursos ousados e cults, uma homenagem ao filme original e ao saudoso Jorge Amado. Juliana Paes carrega a trama com todos os méritos, e o núcleo de atores corresponde em boa parte da história.

Avaliação: 4/5 poltronas.

 

 

Por: Cesar Augusto Mota