Poltrona Resenha: 22 Milhas/ Cesar Augusto Mota

Poltrona Resenha: 22 Milhas/ Cesar Augusto Mota

Mais uma vez é firmada uma parceria entre o diretor Peter Berg e o ator Mark Wahlberg. Antes os dois trabalharam juntos em ‘O Grande Herói’ (2013), ‘Horizonte Profundo – Desastre no Golfo’ (2016), ‘O Dia do Atentado’ (2016) e agora em 22 Milhas. Os dois filmes tiveram uma boa repercussão e resultados positivos, o penúltimo, nem tanto. Será que o novo longa, que também se baseia em uma história real, convence e vai atingir boa parte do público ou será mais uma decepção?

A narrativa apresenta um grupo paramilitar que precisa encontrar o paradeiro de uma carga de césio que pode ser utilizada por russos para produzir uma bomba atômica mais poderosa que as lançadas pelos EUA em Hiroshima e Nagasaki. Neste contexto surge o misterioso policial tailandês Li Noor, (Iko Uwais), que se entrega na embaixada americana e diz saber o segredo sobre o paradeiro do césio guardado em um HD encriptado. Caso consiga asilo nos Estados Unidos, Noor revela a senha do dispositivo. O grupo é liderado por James Silva (Wahlberg), que conta com o auxílio de Alice (Lauren Cohan), que vive um dilema, de continuar na equipe ou voltar para casa para cuidar da filha. Há no elenco também a presença de Ronda Rousey, grande estrela do MMA, que tem a oportunidade de mostrar suas habilidades mano a mano nos grandes combates.

Se a premissa é interessante, vemos também uma autêntica guerrilha, com grandes explosões e fortes rajadas de metralhadoras em avenidas movimentadas. Mas os movimentos não são devidamente mostrados, nem valorizados, a câmera está muito próxima dos atores e há uma quantidade enorme de cortes, formando uma colcha de retalhos, algo desinteressante para os olhos do público. A agilidade é um trunfo, mas a execução é falha. E o que era para ser um filme de ação se torna um grande melodrama, principalmente nas cenas de Alice, que protege crianças indefesas ou nas que ela parece estar sem saída e precisa da ajuda de seus companheiros homens para ser salva.

As atuações são díspares, boa parte das ações está concentrada no personagem de Wahlberg, que dá todas as cartas, coordenadas, dá bronca, esbraveja e com emoções pouco exploradas. Os demais personagens são pouco explorados e também não faze os espectadores se envolverem e se importarem com suas ações e consequências na trama. Um dos poucos que se sobressai é Iko Uwais, que movimenta a história e é um verdadeiro contraponto para o grupo liderado por  James Silva, destaque para a cena de Li Noor algemado a uma cama na enfermagem da sede da CIA do fictício país asiático da narrativa.

Mesmo sendo um coprodução chinesa, ’22 Milhas’ deixa a desejar, com montagem imprecisa, personagens pouco desenvolvidos e cortes abruptos, prejudicando a ação e evolução da história. Um autêntico negócio da China.

Cotação: 2/5 poltronas.