Maratona Oscar: Dor e Glória/Cesar Augusto Mota

Maratona Oscar: Dor e Glória/Cesar Augusto Mota

Os apaixonados por cinema certamente aceitariam um convite para viajar pelo íntimo do cineasta Pedro Almodóvar, não é mesmo? Para o espanhol, Dor e Glória (Dolor Y Gloria) é o seu trabalho mais pessoal, pois o protagonista, vivido por Antonio Banderas (A Pele que Habito), representa seu alter ego, que confessa suas alegrias e tristezas para o público e traz referências de seus mais icônicos trabalhos, seja por elementos estéticos ou pelo enredo propriamente dito.

A narrativa apresenta ao espectador o cineasta Salvador Mallo (Banderas), um diretor de cinema em fase decadente, com problemas físicos e psicológicos, como ansiedade e depressão. Isolado, ele relembra sua vida e carreira desde sua infância na cidade de Valência, nos anos 60. Após a restauração de um de seus filmes e de um convite para um debate com o público, Salvador procura seu ator principal, Alberto (Asier Etxeandia), para fazer as pazes, depois de ficarem brigados por 32 anos. Mas, quando Alberto volta para a vida de Salvador, acaba se viciando em drogas. de heroína. A partir daí surge um momento de reflexão para o diretor, que faz uma viagem ao passado buscando uma razão para seguir adiante.

O roteiro opta por trazer uma história não-linear e com foco no amor. O protagonista vai expressar sua paixão pelas artes, um antigo amor e por sua mãe, e certas menções a sucessos de Almodóvar serão bem visíveis, como ‘Tudo Sobre Minha Mãe’, ‘A Pele que Habito’ e Má Educação’. As recordações servem como uma catarse para o protagonista, que sente saudades dos tempos áureos e também das coisas simples da vida, como a liberdade e a contemplação ao cotidiano. Hoje, o tempo fez as lembranças ficarem para trás, provocando tristeza e melancolia.

A figura da mãe também é importante no filme, assim como foi na vida do diretor. Penelope Cruz (Todos Já Sabem) tem essa grande missão de viver a mãe de Salvador, sempre muito afetuosa e preocupada em dar o melhor suporte ao filho. As transições de montagem e a cena final são impressionantes, com uma mistura realidade e ficção, há a figura da metalinguagem, o cinema dentro do cinema, para brincar com as memórias de Almodóvar e brindar o público com o melhor que se poderia esperar de seu trabalho, tão sensível e vibrante.

E por falar e vibrante, as cores em tela retratadas fazem uma ótima oposição às reações de angústia e melancolia de Salvador. Em cada quadro, um significado, uma interpretação, o espectador faz um belo passeio pelos cenários e entende não só as referências, mas se insere no contexto e na dura realidade do protagonista, com mente bloqueada, desesperado e desmotivado para seguir, e somente a partir do reencontro com Federico (Leonardo Sbaraglia), sua antiga paixão, a criatividade e disposição se reacendem, a paixão proporcionando novas inspirações e sensações ao realizador.

E não poderia esquecer da interpretação de Banderas, que utiliza algumas características físicas e traços da personalidade de Almodóvar para compor o personagem, com cabelo bagunçado, o culto às lembranças e a busca por algo positivo que possa ser inserido no momento presente. O cenário também é a cara de Almodóvar, em um apartamento situado em uma rua de Madrid, onde o espanhol vive realmente, e as paredes com quadros do próprio Almodóvar. O personagem se confunde com o próprio diretor, é mais que uma autobiografia, um trabalho que faz um brinde ao cotidiano e a todas as alegrias e agruras de Almodóvar.

Um filme sensível, vibrante, libertador e ao mesmo tempo provocante. ‘Dor e Glória’ mostra que o mestre Almodóvar está mais ativo do que nunca e com muito ainda a oferecer.

Cotação: 4/5 poltronas.

 

Nota do Editor: Concorre a Melhor Filme Estrangeiro e a Melhor Ator para Antonio Banderas. A chance do filme depende de Parasita. Se Parasita levar, já era. Parasita, o filme sul-coreano, também concorre a Melhor Filme.

 

 

Maratona Oscar : Os Miseráveis/ André Luiz Brandão Cisi

Maratona Oscar : Os Miseráveis/ André Luiz Brandão Cisi

Os Miseráveis
Esse ano a disputa do Oscar do filme estrangeiro está com pelo menos 3 filmes sensacionais, “Parasita”, “Dor e Glória” e “Os Miseráveis”.

Vamos a análise de Os Miseráveis.

Filmaço, tocante, revoltante, um soco a na boca do estômago, a história é muito produnda, uma crítica social com muito destaque a pobreza e a corrupção policial, mostrando situações geradas por conflitos de uma sociedade desigual.

Na cena inicial pessoas de todas as classes sociais comemorando o título da seleção francesa pela Copa do Mundo de futebol de 2018, mas esse momento é único, ao decorrer da vida, a diferença criada por desigualdade sociais e econômicas é muito destacada, policiais sem preparo, onde colocam em sua mente que as coisas se resolvem a base de tratamentos radicais a base da força e intolerância, mas sempre tem os policiais honestos que pagam pelos erros dos policiais mal orientados.

Um grande feito na história foi mostrar como a ação de uma pessoa reflete na reação de outras, colocando a violência como consequência de atos impensáveis de quem acha que está resolvendo problemas de uma sociedade, mas uma coisa pequena pode tornar um caos enorme.

O final é impressionante, uma reflexão que ficara pra história.

Destaque para frase de Victor Hugo : ”Lembrai-vos sempre de que não há ervas daninhas nem homens maus: — há, sim, maus cultivadores.”

Essa obra Francesa moderna com referências a Victor Hugo é uma Obra-prima que merece ser vista para os amantes de cinema.

Atuação perfeita do ator Alexis Manenti.

 

 

Maratona Oscar: Assunto de Família/ Cesar Augusto Mota

Maratona Oscar: Assunto de Família/ Cesar Augusto Mota

Acostumado a retratar em sua filmografia histórias que envolvam laços familiares nas mais variadas vertentes,  o cineasta japonês Hirokazu Kore-eda (Pais e Filhos) mostra que um ambiente familiar vai muito além de questões biológicas. ‘Assunto de Família’ (Shoplifters), vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes, vai por esse caminho, além de abordar temas muito atuais, como a ruptura do conceito tradicional de família e o abuso infantil.

Ambientada na cidade de Tóquio, a família Shibata vive em condições de pobreza, dependendo   da pensão da matriarca da família e de pequenos furtos em mercados para a própria sobrevivência. Durante um retorno para casa, Osamu (Lily Franky) e o filho Shota (Kairi Jo) se deparam com uma menina abandonada na rua. Mesmo em dificuldades financeiras, a família acolhe a menina, que percebe claros sinais de que ela sofreu maus tratos.

Porém, não existe nenhuma relação de parentesco entre os membros da família em questão, todos se juntaram em decorrência de diversas circunstâncias. A avó foi abandonada por seus parentes, o casal não pode ter filhos e os dois adolescentes, o garoto desconhece as origens de sua família biológica, e a garota é deixada com a idosa em troca de pagamentos das despesas mensais. Após a chegada de Yuri, a garotinha abandonada, todos passam a se unir e se importar uns com os outros.

As cenas em ambiente doméstico são realizadas com muita simplicidade, em um espaço extremamente reduzido, com o uso de planos bem fechados que permitem ao espectador se sentir mais íntimo dos personagens. Os diálogos são leves e divertidos e os semblantes dos seis membros da família são de pessoas altruístas e muito afetuosas, cativando a todos, apesar de viverem em meio a condutas ilícitas e questionáveis. A graça da trama é que o público consegue se importar e ter empatia com um núcleo familiar diferente, que vai contra muitas questões morais.

Durante a história, questões pertinentes surgem, como os valores da família e a questão da moralidade. O que é necessário para um ambiente ser considerado familiar? Dinheiro? Uma casa bem estruturada? Educação? Será que além de tudo isso, é necessário mais alguma coisa para uma família ser considerada feliz? E sobre as condutas que vão contra a moral e os bons costumes, como a prostituição e os roubos praticados para obtenção recursos para o sustento, isso gera desconforto, mas compreensão ao mesmo tempo, a família Shibata vive em condições desesperadoras e está disposta a tudo para se manter em pé.

As reviravoltas que acontecem se dão de uma forma um pouco acelerada do segundo para o último ato, e o drama dá lugar ao suspense a partir do momento que as autoridades locais se envolvem, dando a impressão de que a narrativa vai se encerrar a qualquer instante. Mas o que ocorre são resoluções complexas, mas necessárias dos diversos conflitos, com uma conclusão decepcionante, porém previsível.

Com uma história didática, envolvente e realista, ‘Assunto de Família’ toca em pontos cruciais e necessários para uma vida harmoniosa e digna do ser humano. Mensagens de otimismo e esperança também se fazem presentes diante de um mundo cada vez mais caótico e de relacionamentos frágeis.

Cotação: 4,5/5 poltronas.

Por: Cesar Augusto Mota

‘Bingo-O Rei das Manhãs’ fica de fora do Oscar 2018

‘Bingo-O Rei das Manhãs’ fica de fora do Oscar 2018

Após as inscrições de 92 filmes na corrida pela indicação ao Oscar de melhor filme estrangeiro, chegamos aos 09 pré-selecionados que seguem na disputa. O anúncio foi feito pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, na última quinta-feira (14), em Los Angeles.

‘Bingo-O Rei das Manhãs’, do cineasta Daniel Rezende, era o representante brasileiro na briga por uma vaga, mas ficou de fora da disputa. O longa foi inspirado na vida de Arlindo Barreto, ex-intérprete de Bozo, famoso palhaço norte-americano e de muito sucesso no Brasil durante a década de 1980 e 90. O filme estreou em 24 de agosto e contou com Vladimir Brichta como o protagonista.

A lista final com os cinco finalistas ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro será conhecida em 24 de janeiro, e a cerimônia de premiação em 04 de março de 2018, em Los Angeles. Confira abaixo os nomes dos nove filmes que permanecem vivos na disputa por uma vaga.

“A Fantastic Woman”, de Sebastián Lelio (Chile)

“In the Fade”, de Fatih Akin, (Alemanha)

“On body and soul”, de Ildikó Enyedi (Hungria)

“Foxtrot”, de Samuel Maoz (Israel)

“The insult”, de Ziad Doueiri (Líbano)

“Loveless”, de Andrey Zvyagintsev (Rússia)

“Felicité”, de Alain Gomis (Senegal)

“The Wound”, de John Trengove (África do Sul)

“The Square”, de Ruben Óstlund (Suécia)

Por: Cesar Augusto Mota

 

Oscar 2018-Conheça os filmes que podem representar o Brasil na premiação

Oscar 2018-Conheça os filmes que podem representar o Brasil na premiação

O Ministério da Cultura (MinC) divulgou no último sábado (02) a lista dos filmes nacionais que concorrem a uma vaga para representar o país no Oscar 2018, na categoria de melhor filme estrangeiro. A relação apresentou um total de 23 nomes, sete a mais que o ano passado.

O nome escolhido será conhecido no dia 15 de setembro, que irá concorrer com filmes estrangeiros e tentará chegar a uma lista com os nove melhores em dezembro. Os cinco finalistas serão definidos em janeiro, que vão brigar pela estatueta na cerimônia a ser realizada em Los Angeles, em 4 de março de 2018.

Dentre os destaques, estão ‘Bingo-O Rei das Manhãs’, de Daniel Rezende, protagonizado por Vladimir Brichta. Além dele; estão ‘O Filme da Minha Vida’, estrelado e dirigido por Selton Mello, que faz uma belíssima homenagem ao cinema e filmado na Serra Gaúcha; bem como ‘Como Nossos Pais’, da diretora Laís Bodanzky, ganhador de seis kikitos no Festival de Gramado, dentre eles melhor filme e direção.

Confira a lista completa abaixo:

A Família Dionti – Dir. Alan Minas
A Glória e a Graça – Dir. Flávio Ramos Tambellini
Bingo – O Rei das Manhãs – Dir. Daniel Rezende
Café – Um dedo de prosa – Dir. Maurício Squarisi
Cidades Fantasmas – Dir. Tyrell Spencer
Como Nossos Pais – Dir. Laís Bodanzky
Corpo Elétrico – Dir. Marcelo Caetano
Divinas Divas – Dir. Leandra Leal
Elis – Dir. Hugo Prata
Era o Hotel Cambridge – Dir. Eliane Caffé
Fala Comigo – Dir. Felipe Sholl
Gabriel e a Montanha – Dir. Fellipe Barbosa
História antes da história – Dir. Wilson Lazaretti
Joaquim – Dir. Marcelo Gomes
João, o Maestro – Dir. Mauro Lima
La Vingança – Dir. Fernando Fraiha e Jiddu Pinheiro
Malasartes e o Duelo com a Morte – Dir. Paulo Morelli
O Filme da Minha Vida – Dir. Selton Mello
Polícia Federal – A Lei é Para Todos – Dir. Marcelo Antunez
Por Trás do Céu – Dir. Caio Sóh
Quem é Primavera das Neves – Dir. Ana Luiza Azevedo, Jorge Furtado
Real – O Plano por Trás da História – Dir. Rodrigo Bittencourt
Vazante – Dir. Fernando Fraiha e Jiddu Pinheiro

Curtiu a listagem acima? Qual o seu favorito para representar o Brasil no Oscar 2018?

Por: Cesar Augusto Mota