Ganhador do prêmio Goya 2018, ‘A Livraria’ estreia em 22 de março no Brasil

Ganhador do prêmio Goya 2018, ‘A Livraria’ estreia em 22 de março no Brasil

Baseado no romance homônimo de Penelope Fitzgerald, o filme “A LIVRARIA”, de Isabel Coixet, traz a história da viúva Florence Green (Emily Mortimer), que decide reconstruir sua vida e, para isso, resolve abrir uma livraria, apesar da oposição da população do vilarejo onde vive, na Inglaterra, em 1959. Com estreia marcada para o dia 22 de março, o longa foi o grande vencedor do Goya 2018, considerado o Oscar do cinema espanhol, e foi exibido recentemente no Festival de Berlim.

– Eu li o romance de Penelope Fitzgerald há quase dez anos, durante um verão particularmente frio nas Ilhas Britânicas. Ler o livro foi uma verdadeira revelação: senti-me totalmente transportada para 1959 e realmente me projetei na inocente, doce e idealista Florence Green. Na verdade, eu sou essa mulher. Eu me sinto profundamente conectada com essa personagem de um jeito que nunca senti com alguma protagonista de outro filme meu – revela Coixet.

A personagem vivida por Emily Mortimer é uma viúva de espírito livre, que vai contra a humidade, o frio e a apatia da cidadezinha de Hardborough para realizar o desejo de abrir um estabelecimento. Apesar da resistência que enfrenta, logo ela consegue virar o jogo quando mostra aos habitantes locais o melhor da literatura da época, incluindo o escandaloso Lolita, de Nabokov, e Fahrenheit 451, de Ray Bradbury.

– Tem algo de heroico na personagem Florence Green, algo simples e corriqueiro. Ela está se expondo, e por nenhum outro desejo senão o de abrir uma livraria. Ela não se preocupa com apoios ou procura por eles ao seu redor. Ela só arregaça as mangas para alcançar seu objetivo. E assim, Florence Green chama a atenção – defende a diretora.

No entanto, nem tudo são flores para Florence. Com o sucesso do seu negócio, ela acaba incitando a hostilidade dos lojistas menos prósperos da cidade e cruza os interesses da Sra. Gamart (Patricia Clarkson), a vingativa e amargurada mulher que se julga a decana da cena artística local. A história relata as dificuldades e obstáculos que Florence encontra no processo: ignorância, inveja e a falsa moral dos cidadãos que irão tentar colocar um fim no sonho dela.

– As pessoas se arriscam todos os dias. Oportunidades grandes e pequenas, seguras ou perigosas: e muitas delas passam despercebidas. Mas o que acontece quando essas oportunidades SÃO percebidas? E como isso se reflete no mundo em que todos nós vivemos hoje? – conclui a diretora.

SINOPSE

Baseado no romance homônimo de Penelope Fitzgerald, A Livraria é situado em 1959. Florence Green (Emily Mortimer) é uma viúva de espírito livre, que deixa o luto para trás e arrisca tudo para abrir uma livraria – o primeiro estabelecimento desse tipo na sonolenta cidade litorânea de Hardborough, Inglaterra. Contra a umidade, o frio e a considerável apatia local, ele luta para se estabelecer, mas logo sua sorte muda para melhor.

FICHA TÉCNICA

Gênero: Drama
Duração: 108 minutos
Ano: 2017
País: Espanha
Classificação: a definir
Formato: Digital 4K
Locações: Irlanda do Norte e Barcelona
Produção executiva: Albert Sagalés, Paz Recolons, Fernando Riera, Manuel Monzón
Coprodução: Jamila Wenske, Sol Bondy
Coprodução executiva: Thierry Wase-Bailey, Henriette Wollmann]
Direção de fotografia: Jean Claude Larrieu (a.f.c.)
Música composta por: Alfonso de Vilallonga
Assistência de direção: Luca Vacchi
Casting: Jeremy Zimmermann
Produção em linha: Jordi Berenguer, Alex Boyd
Design de produção: Llorenç Miquel
Edição: Bernat Aragonés
Figurino: Mercè Paloma
Maquiagem: Montse Sanfeliu
Cabelos: Laura Vacas
Mixagem de som: Albert Gay
Desenho de som: Enrique G. Bermejo
Mixagem: Carlos Jiménez

Elenco (por ordem de aparição)

Florence Green – Emily Mortimer
Edmund Brundish – Bill Nighy
Mr. Keble – Hunter Tremayne
Christine – Honor Kneafsey
Mr. Raven – Michael Fitzgerald
Jessie Welford – Frances Barber
General Gamart – Reg Wilson
Milo North – James Lance
Violet Gamart – Patricia Clarkson
Convidado 1 – Lucy Beckwith
Mr. Deben – Nigel O’Neill
Mr. Thornton – Jorge Suquet
Wally – Harvey Bennett
Ivy Welford – Lana O’Kell
Mrs. Traill – Adie Allen
Mrs. Gipping – Lucy Tillett
Peter Gipping – Toby Gibson
Theodore Gill – Gary Piquer
Ladrão – Alfie Rowland
Leitor 1 – Sophie Heydel
Mrs. Keble – Mary O’Driscoll
Mrs. Deben – Karen Ardiff
Kattie – Charlotte Veja
Inspetor Sheppard – Barry Barnes
Garoto – Conor Smith
Inspetora – Rachel Gadd
Lionel Fitzhugh – James Murphy
Harold – Nick Devlin
William – Richard Felix
Christine (adulta) – Francesca McGill

 

Poltrona Cabine: Corpo e Alma/ Cesar Augusto Mota

Poltrona Cabine: Corpo e Alma/ Cesar Augusto Mota

Sem dúvida os filmes românticos estão entre as preferências dos cinéfilos, ainda mais quando os protagonistas são carismáticos. Mas o que você diria de um filme cujos personagens centrais não são tão afetivos assim, marcados pela melancolia e possuem uma forte ligação onírica? Prepare-se, pois o longa húngaro ‘Corpo e Alma’, da cineasta Ildikó Enyedi, vai inicialmente causar estranheza, mas depois apresentar sequências tranquilas e conquistar o público.

Inicialmente, nos ambientamos em um abatedouro de gado, um local um tanto perturbador e sinistro, e lá trabalha Endre (Morcsányi Géza), diretor financeiro. Ele tem poucos amigos e está com o braço esquerdo debilitado, sem movimentos, e com medo de ter novos relacionamentos após algumas decepções amorosas. Logo em seguida, chega Mária (Alexandra Borbély) para trabalhar como inspetora de qualidade, uma mulher bastante estranha, com traços pálidos, sem o desejo de se aproximar de outras pessoas e com incômodo apenas por tocar nos outros. Um ambiente um pouco pesado, composto por duas pessoas deslocadas do seio social e que não reúnem os estereótipos predominantes na sociedade moderna.

O roteiro dá um tratamento onírico à história, depois vai para o universo lúdico. Os dois protagonistas são apáticos, avessos ao convívio social e sofrem de sérios traumas, mas ambos possuem a habilidade de ter os mesmos sonhos, além de poderem se encontrar neles, mas na forma de animais. Ele é um veado, ela, uma cerva, e se deparam em uma floresta congelada e cheia de neve. Mária e Endre não estão preocupados com padrões sociais e relacionamentos quando sonham, mas quando acordam se deparam com uma tarefa árdua e perturbadora, o mundo real, cheio de amarras e desconfortável para eles. Ambos tentam se aproximar e se apaixonar, e a sequência de ações praticadas por eles deixam isso mais evidente. Tratam-se de formas de libertação que encontram em um universo tão complexo e desconfortável.

No tocante à fotografia, o espectador se depara com belos planos estéticos nos sonhos de Mára e Endre, e tons pastéis e fortes no ambiente do matadouro, um conflito feito de forma proposital para que o público se encante com o mundo fantasioso e se importe mais com os personagens centrais, o que acaba acontecendo na maior parte do tempo. Porém, o nível cai no terço final da trama, mas nada que prejudique a qualidade imagética da obra, mais forte que os propriamente os diálogos da trama.

Se não é um filme tradicional, com bonitos ambientes, jantar à luz de velas e personagens carismáticos, ‘Corpo e Alma’ se preocupa em trazer ao público uma história capaz de ligar realidade e fantasia e focar nos conflitos internos de seus personagens, bem como trazer artifícios e alternativas para esses entreveros. Sensível, alegórico e impressionante, não foi à toa que o longa de Ildikó Enyedi levou o Urso de Ouro no Festival de Berlim. Uma perfeita obra que traz temas importantes, como as relações imperfeitas entre humanos, o direito dos animais e o principal, a possibilidade de uma relação amorosa existir em um ambiente improvável, um matadouro.

Avaliação: 4,5/5 poltronas.

 

 

Por: Cesar Augusto Mota