Giulietta Masina, em cena de Julieta dos espíritos de Federico Fellini. Foto: Divulgação |
De 10 a 31 de dezembro, a plataforma Sesc Digital disponibiliza 3 filmes de Federico Fellini que ajudam a entender o impacto do cineasta italiano na história do cinema. Um olhar sobre as incertezas da juventude pós segunda guerra mundial, o pioneirismo em retratar Itália do final dos anos 1950 como sociedade do espetáculo e um mergulho nas angústias de sua primeira protagonista feminina, marcam algumas transições em sua carreira.
Lançado no ano de 1953, Os Boas-vidas mostra cinco jovens adultos que vivem no interior da Itália, para os quais o tempo passa, mas a maturidade parece não os acompanhar. A leveza de uma vida sem preocupações, festas, carnavais, situações cômicas, entra em contraste com o vazio e a falta de perspectiva de um futuro que promete, mas não se concretiza e a incapacidade de se decidir por um destino e embarcar verdadeiramente na vida adulta. Fellini se estabelece em seu primeiro grande filme autoral, onde recorre às suas memórias e sai do neorrealismo puro, para se concentrar menos nos temas sociais e mais no estado de espírito dos personagens.
A Doce Vida inaugura os anos 1960 com o jornalista Marcello Rubini (Marcello Mastroiani) acompanhando a visita da atriz hollywoodiana Sylvia Rank (Anita Ekberg), em um contexto de festas, glamour e hedonismo decadente. Fellini se entrega nessa sua obra prima a um protagonista passivo, que observa, registra, mas não interfere nos contextos à sua volta e a uma narrativa que não se concentra em um grande arco, mas em uma sucessão de pequenas histórias que mostram a descontinuidade da vida moderna. Nesse filme, o diretor produz no cinema um grande espetáculo para criticar a espetacularização da vida.
O rompimento com os protagonistas masculinos, muitas vezes seus alter-egos, e com o olhar para a sociedade em detrimento a um mergulho na subjetividade, chega em 1965 em Julieta dos Espíritos. Uma mulher descobre a infidelidade do marido e passa a ter contato com os espíritos. Em meio às imagens oníricas que Julieta experimenta enquanto navega em seu íntimo, passagens repletas de visões, fantasmas e símbolos, Fellini escancara as transformações culturais da época, o questionamento ao casamento tradicional, o feminismo que emerge, a psicologia popular e a espiritualidade alternativa. A linguagem desse filme, que transita entre o que é real e o simbólico, pavimentou o caminho para outros clássicos, como Satyricon e Amarcord.
Todos os filmes estão disponíveis gratuitamente no Sesc Digital até 31 de dezembro de 2025, com acesso em sesc.digital e no aplicativo Sesc Digital, nas lojas Google Play e Apple Store.
PROGRAMAÇÃO DE 10 A 31/12/2025
Gratuito em sesc.digital e no app Sesc Digital
OS BOAS-VIDAS
Dir.: Federico Fellini | Itália | 1953 | 109 min | Ficção | 14 anos
Numa pequena cidade da Itália, Moraldo, Alberto, Fausto, Leopoldo e Riccardo são cinco típicos “boas-vidas” (vitelloni): jovens desocupados de famílias abastadas, que desfrutam uma vida boêmia vazia de perspectivas.
Imagens: Os Boas-Vidas
A DOCE VIDA
Dir.: Federico Fellini | Itália | 1960 | 173 min | Ficção | 14 anos
Roma, início dos anos 1960. O jornalista Marcello (Marcello Mastroianni) vive entre as celebridades, ricos e fotógrafos que lotam a badalada Via Veneto. Nesse mundo marcado pelas aparências e por um vazio existencial, frequenta festas, conhece os tipos mais extravagantes e descobre um novo sentido para a vida.
Imagens: a doce vida
JULIETA DOS ESPÍRITOS
Dir.: Federico Fellini | Itália | 1965 | 148 min | Ficção | 14 anos
Giulietta Masina vive uma mulher que, ao descobrir a traição do marido, começa a ser acometida por visões, dando início a uma jornada de autodescoberta em que sonhos se misturam à realidade.
Imagens: julieta dos espíritos
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